Reforço sagrado na torcida

Buenos Aires - O azul e o vermelho do uniforme do San Lorenzo simbolizam o “ideal e a luta” do clube, fundado em 1º de abril de 1908. Mas se tem em suas origens uma trajetória aguerrida, o Ciclón, como é conhecido na Argentina, tem muito mais a lutar para conquistar sua primeira Copa Libertadores, em 108 anos de história. E a obsessão para tirar o time da fila e deixar de ser o único dos grandes argentinos sem o título continental ganhou a benção de seu torcedor mais ilustre: o papa Francisco.

Jorge Mario Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires quando, em março do ano passado, foi eleito chefe da Igreja Católica e do estado do Vaticano. Primeiro papa não europeu, ele escolheu o nome Francisco – também é o primeiro franciscano à frente da Igreja mundialmente – e, além do carisma e da humildade, revelou ao mundo seu fanatismo pelo futebol.

Tal fato colocou em evidência o San Lorenzo, clube de infância de Francisco. Com a bênção do papa, os Gauchos de Boedo (bairro da sede social que na época da fundação fazia parte de Almagro) venceram o Torneio Início de 2013, disputado no segundo semestre do ano, e garantiram a vaga na Libertadores. Como retribuição pela contribuição sagrada (pelo menos na torcida), em 18 de dezembro do ano passado os jogadores presentearam Francisco com uma réplica da taça e uma camisa personalizada, em encontro no Vaticano.

Antes de ganhar o manto do seu time do coração, no entanto, o papa foi agraciado com uma camisa do Cruzeiro. Em 24 de julho do ano passado, Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entregou a ele o uniforme da Raposa, durante celebração da Jornada Mundial da Juventude, em Aparecida, em São Paulo. Às costas estavam o número 10 e a inscrição “Papa Francisco”. Dom Raymundo recebeu a incumbência de entregar ao pontífice a camisa e uma placa enviados pelo clube celeste por ser mineiro, de Capela Nova, e cruzeirense.

ESTÁDIO CHEIO Francisco certamente estará torcendo para o seu time do coração na partida desta noite, junto com os quase 45 mil torcedores que já garantiram ingresso para acompanhar o jogo no Nuevo Gasómetro – ontem, o clube de Boedo conseguiu autorização para colocar à venda mais 4,5 mil bilhetes. A carga extra vem de parte do setor destinado inicialmente à torcida celeste.

“O importante e a prioridade é manter o zero na nossa baliza. Temos que seguir com a solidez que viemos mostrando. Se fazem um gol, naturalmente não ficará fácil, ainda que obviamente teremos que seguir em frente. Mas, na Libertadores, o mínimo erro custa caro”, alertou o zagueiro colombiano Carlos Valdés.