Cruzeiro

CRÔNICA

Azul não é só a cor mais quente. É infernal

A camisa celeste é eficaz em momentos de extrema necessidade

postado em 22/11/2014 08:00 / atualizado em 21/11/2014 21:50

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press


Braitner Moreira

Subeditor de Esportes do Correio Braziliense

O primeiro grande passo do Cruzeiro rumo ao penta da Copa do Brasil aconteceu, meio sem querer, no jogo de ida. Daqui a algumas décadas, entenderemos que perder por 2 a 0 no Independência com atuação de irritar até o torcedor mais conformado é bem o que os jogadores precisavam para erguer uma taça pela 36ª vez na Pampulha — ou 37ª, dependendo do que ocorrer amanhã.

O melhor time do Brasil na atualidade é excessivamente superior aos rivais. De tão bom, às vezes deixa de sê-lo. De tanto ganhar sem riscos nem estresse, tornou-se habitué das zonas de conforto nas quais os grandes campeões arriscam morar por um tempo – com a convicção de que a qualquer tempo pode mudar seu próprio destino.

E está certo. A camisa celeste é eficaz em momentos de extrema necessidade. No último deles, o Cruzeiro mais judiado da história aplicou 6 a 1 no Atlético para se livrar de uma queda para a Segunda Divisão. Imagine, então, o que o melhor Cruzeiro do século conseguirá fazer, completo, num Mineirão que a reforma transformou em para-raios de goleadas improváveis.

Fundamentos técnicos de base serão mais importantes do que plano de jogo e preparação mental. Ao time, cabe calibrar os passes, os desarmes, as viradas de jogo, a movimentação, as finalizações. Com 11 jogadores cumprindo o script, a torcida não terá dificuldade em fazer da Pampulha um inferno capaz de fascinar até Dante Alighieri.

As arquibancadas estarão tomadas por 50 mil vozes de Caronte, cada uma delas obrigando o atleticano infiltrado no Mineirão a abandonar toda a esperança antes de encontrar seu lugar. Éverton Ribeiro, a uma atuação de luxo de se tornar um dos gigantes da história do maior de Minas, será o responsável por expugnar o tal “eu acredito”, que transformou os estádios de Belo Horizonte em templos de adoração urgente a São Expedito. Se não é possível igualar o tamanho da alma desse time atleticano, vamos cercá-la. Do inferno ela não passa.

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