Ivan Drummond
Enviado especial a Governador Valadares
A passagem do Cruzeiro por Governador Valadares criou uma grande expectativa nos torcedores locais, mas também causou decepção. Os preços elevados dos ingressos impediram que muitos apaixonados pelo clube celeste fossem ao Estádio José Mammoud Abbas, o Mamudão, para assistir à partida contra o Democrata, de novo na elite estadual. Além disso, a população esperava ter mais contato com o time bicampeão brasileiro e isso não foi possível.
Poucos jogadores, como o goleiro Fábio, deram a atenção esperada pelos valadarenses na porta do hotel, no centro da cidade. Quem contou com autógrafos de todo o elenco, frustrou-se.
O Cruzeiro chegou a Valadares por volta das 10h. Havia poucos torcedores no aeroporto local, mas a frente do hotel estava cheia. A professora Kenya Melo, de 44 anos, foi até lá para levar o filho, Daniel, de 10 anos, na expectativa de colher muitas assinaturas dos ídolos, como fez na passagem do clube pela cidade em 2012. "Naquele ano, ele tirou fotos e pegou autógrafos de Fabio, Rafael, Montillo, do time inteiro. Achei que hoje seria da mesma forma, mas não. Simplesmente desconheceram os torcedores. Isso não se faz".
Aldemir Menezes de Oliveira, de 42 anos, e José Calixto Ramos Filho, 50, foram com os filhos pequenos, Mateus, de oito anos, e César, de seis, respectivamente. O grupo também saiu decepcionado pela falta de atenção do time com o público. "É um descaso com nós torcedores do interior", dizia Calixto, enquanto Aldemir foi mais longe: "Vim trazendo meu filho para ver os ídolos dele, mas chegamos aqui e vimos esse descaso".
Perto deles estava o advogado Rogério Fernandes, 53, que empunhava uma bandeira. "O pessoal chegou cedo para ver o time. Mas eles não dão importância a isso. Um time como o Cruzeiro não deve agir dessa maneira".
O mais revoltado era Isac Araújo, de 25 anos. "Eles nos deram as costas. Essa assessoria do Cruzeiro é péssima. Tem gente que queria apenas tirar uma foto. Não custava nada. Não dão importância à torcida de Valadares. É o primeiro jogo oficial do Cruzeiro depois de conquistar o bicampeonato".
Preços abusivos
Leandro Lopes Soares da Silva, de 31 anos, estudante, fazia um outro tipo de denúncia. Acusava a diretoria do Democrata de abuso. “Elevaram os preços dos ingressos. O pior lugar, atrás dos gols, custa R$ 50. Queria levar a minha mãe, mas nesse preço, nem eu mesmo vou ao jogo. Pior, a arquibancada maior, a que fica no meio do campo, sem proteção contra sol e chuva, estava R$ 150. A metálica, instalada só para o Mineiro, é R$ 80. Eles aproveitam quando Cruzeiro e Atlético vêm jogar aqui. Para se ter uma ideia, em qualquer outro jogo, os preços variam entre R$ 10 e R$ 30. É um absurdo".
Os preços até o meio-dia de domingo foram de R$ 200 (cadeiras), R$ 50 (arquibancadas metálicas atrás do gol) e R$ 100 (arquibancada de cimento). Depois deste horário e até a hora da partida, os bilhetes custaram R$ 300 (cadeiras), R$ 80 (arquibancadas metálicas atrás do gol) e R$ 150 (arquibancada de cimento).
