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Em nome do filho: mãe faz campanha para que criança com doença rara sinta clima do Mineirão

Cruzeirense Matheus não enxerga e só se alimenta por sonda; mãe quer que filho ouça o Mineirão gritando seu nome ao entrar com a equipe celeste em campo

postado em 08/10/2015 16:00 / atualizado em 09/10/2015 00:07

Cruzeiro/Divulgação

Algumas coisas na vida não são possíveis de serem explicadas com palavras. Em escalas diferentes, amor de mãe e paixão pelo futebol estão nessa lista de sensações que “só quem sente sabe como é”. O pequeno Matheus, de seis anos, experimentará as duas vibrações de uma só vez, no dia 18 deste mês, domingo, às 11h, no Mineirão.

O garotinho cruzeirense sofre de displasia neuronal no intestino, uma doença rara que se agravou de forma severa em seu organismo e fez com que ele vivesse em uma cama de hospital por um ano. Matheus não pode se alimentar por vias naturais, porque seu intestino não funciona. Atualmente, ele carrega consigo uma máquina com uma sonda, que o nutre e o hidrata incessantemente. Além disso, o pequeno torcedor perdeu a visão dos dois olhos.

Quando ainda ‘morava’ no hospital, Matheus recebeu a visita do mascote Raposão e o conheceu pelo tato (assista ao vídeo no fim da reportagem). Surgiu então a ideia de o garoto entrar em campo no Mineirão ao lado dos jogadores do Cruzeiro. “Quando comentei com ele sobre essa possibilidade, ele ficou agitado e empolgado, dizendo que queria muito”, conta a mãe, Gecilene Oliveira.

Arquivo Pessoal
Começou ali uma mistura de ansiedade, por fazer a felicidade do filho, e preocupação, pois a situação do garoto exige uma série de cuidados. O jogador que entrar em campo com Matheus, por exemplo, terá que carregar seu aparelho de sonda.

Foi de uma dessas preocupações que surgiu a ideia de uma campanha pelo pequeno torcedor. “Quando estou do lado dele, eu descrevo os ambientes e as situações para ele saber o que se passa. No Mineirão, sem mim, ele poderia ficar perdido e sem entender a dimensão de tudo. Pensei então no que eu poderia fazer para que ele sentisse o significado daquilo, do tamanho do estádio, da beleza da torcida e das coisas ao seu redor. Foi aí que me veio essa ideia, que a princípio parecia impossível, mas que eu resolvi tentar mesmo assim, para ele perceber a vibração, o número de pessoas no estádio”, explica a mãe, que postou uma mensagem em seu Facebook pedindo para que a torcida do Cruzeiro gritasse o nome de Matheus na entrada do time em campo, na partida contra o Fluminense, dia 18.

“A torcida do Cruzeiro acabou abraçando rapidamente a campanha, compartilhando nas redes sociais. Achei muito bacana a energia que o pessoal me transmitiu, de ajudar a realizar essa loucura. Só eu sei como seria importante para ele”, completa Gecilene. Ciente da expectativa que poderia gerar na criança, a mamãe coruja já pediu em seu Facebook para que os mais próximos não contem a Matheus sobre a campanha, para que ele não se sinta frustrado caso não tenha seu nome gritado pelas arquibancadas.

Nesta quinta, as sete principais torcidas organizadas do Cruzeiro divulgaram nas redes sociais o pedido de Gecilene e prometeram cantar o nome do garoto no Mineirão. O departamento de relações públicas do clube também já está ciente da situação e confirmou sua entrada em campo com o time.

Sem cura no Brasil


A família do pequeno Matheus vive um drama com a doença do garoto. A única possibilidade de cura para o problema consiste em um transplante de intestino, que não é realizado no Brasil. Segundo a mãe, Gecilene, os familiares já estão tentando se organizar para levá-lo a Miami, nos Estados Unidos, onde o procedimento é feito, mas os custos são muito altos.

O médico de Matheus, Marcos Vasconcelos, explica que a doença do garoto é grave e, mesmo com o transplante, a criança correrá riscos. “O prognóstico do caso dele não é muito bom. A cirurgia de transplante de intestino só é feita nos grandes centros e é um procedimento de muito risco. A nutrição parenteral, através da veia, foi um sucesso para ele, mas o paciente fica dependente disso”, ponderou.

Cruzeirense em meio a atleticanos

O curioso na história de Matheus é que tanto o médico como a mãe são atleticanos, mas o pequeno guerreiro optou por ser cruzeirense. “Ele tem uma paixão muito grande pelo Cruzeiro, por causa do pai, mas fica tentando me agradar dizendo que às vezes também torce pelo Atlético”, diverte-se Gecilene.

E quando a causa é nobre, não há rivalidade que resista. Mesmo tendo o coração alvinegro, o médico de Matheus também apoia a campanha da mãe e espera ver o nome do paciente gritado pela torcida celeste no Mineirão. “Ele é um menino que participa de tudo e o importante é que ele seja feliz e realizado. O futebol proporciona esses momentos de alegria. Tenho certeza que isso será muito importante para ele”.