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Cruzeiro cogita mudanças no estatuto e até criar conselho de administração para reunir lideranças

Embora distante, eleição no clube já é debatida internamente entre os conselheiros

postado em 02/03/2016 17:45 / atualizado em 02/03/2016 18:28

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A cerca de um ano e meio das eleições presidenciais, lideranças políticas do Cruzeiro começam a se articular pensando na sucessão do presidente Gilvan de Pinho Tavares. Embora publicamente todos ressaltem que o momento é de apoio ao atual mandatário, conselheiros debatem sobre as possibilidades para o próximo pleito. A mudança do estatuto, para promover uma renovação com possibilidade de eleição dos 'mais jovens', e a criação de um conselho de administração, para reunir lideranças, são as principais pautas nos corredores do Barro Preto.

O Superesportes ouviu, ao longo das últimas semanas, cerca de dez conselheiros do Cruzeiro. Alguns em condição de anonimato, mas outras lideranças conversaram abertamente com a reportagem. Vice-presidente do clube e braço direito de Gilvan, José Francisco Lemos Filho foi quem detalhou as principais ideias para implementação nos próximos anos.

“As duas mudanças têm possibilidade de acontecer. Tanto de criar um conselho administrativo, com vários gestores, quanto mudar o estatuto não só pelo Bruno (Vicintin, vice-presidente de futebol, que hoje não pode ser candidato), como se fala, que é um ótimo candidato, mas por outros candidatos mais jovens no conselho, também”, disse o dirigente, que ainda explicou brevemente como funcionaria a reunião de lideranças. Ele não descartou a volta dos irmãos Perrella, que estiveram nos mais altos cargos do clube entre 1995 e 2011.

“Seríamos seis pessoas de maior influência nesse conselho administrativo. Seis presidentes, e um presidente principal. Um executivo. Seria a oportunidade de juntar todos. Podemos contar com a permanência do próprio Gilvan, eu mesmo continuar, por que não? Além de Zezé e Alvimar Perrella, o próprio Sérgio (Rodrigues) e o Bruno Vicintin”, projetou, deixando claro que é adepto desse modelo de gestão.

Atual presidente do Conselho Deliberativo, João Carlos Gontijo de Amorim apresentou um pouco mais de resistência sobre a criação de um grupo gestor e, mais ainda, de muitas mudanças no estatuto do clube. “Particularmente tenho minha opinião: não defendo essa ideia. Acho que não funciona. Mas ainda está no campo da hipótese, das ideias. Por enquanto, não está sendo debatido de forma oficial”, disse Amorim à reportagem.

Para o advogado, que está à frente do Conselho desde novembro de 2014, as mudanças no estatuto precisam ser muito analisadas antes de uma eventual implementação. “É uma situação muito delicada. Temos pelo Vicintin o maior carinho, é meu amigo, parceiro, admiro o trabalho dele como vice de futebol. Admiro ele e o Sérgio Rodrigues nessa política de renovação, de colocar gente jovem. Mas a alteração do estatuto não é tão simples. Não sou contra, mas temos que pensar muito”, ressaltou João Carlos Gontijo de Amorim.

Não há uma posição oficial do Conselho, mas a informação aventada no Cruzeiro é de que Bruno Vicintin precisaria de mais um mandato como 'associado conselheiro' ou ser promovido a 'conselheiro nato' para ter a chance de disputar a presidência do clube.

Articulações por candidatos

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Caso a ideia do conselho de administração não caminhe, já que é apenas uma hipótese dentro do clube, possíveis candidatos fazem articulações nos bastidores. Em junho de 2015, o Superesportes mostrou as correntes que poderiam construir a eleição mais acirrada da história do clube. Hoje, conselheiros dizem que tudo será feito para evitar essa disputa. Apesar disso,  algumas das principais lideranças garantem aos seus pares que não vão abrir mão de conquistar o poder em 2018.

Ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella já admite o retorno ao Cruzeiro para suceder Gilvan de Pinho Tavares. Contudo, ele coloca "condições" para voltar ao comando do clube. “Se fosse hoje, não seria candidato. Admito a hipótese de voltar, desde que seja consensual. Não tenho isso definido. Se as pessoas do Cruzeiro entenderem que tenho coisa para somar, eu volto. Mas não quero tumultuar. Se for consensual, eu estudaria”, disse.

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“Caso eu faça opção por disputar a reeleição para o Senado (em 2018), não vou voltar. Não tenho definido. O torcedor na rua pede nossa volta. Estou procurando não me meter, porque acho que a diretoria está fazendo um bom trabalho. Nesse momento, não podemos adiantar o processo. Qualquer movimento é extremamente prematuro. Se eu tiver de voltar, precisa ser consensual. Preciso do apoio de Gilvan, por exemplo”, disse Zezé.

Embora considere Zezé um bom candidato, José Francisco Lemos Filho, vice de Gilvan, deu a entender que prefere o retorno de Perrella como integrante do conselho gestor. “Não acho que seria um retrocesso, mas seria mais difícil o retorno do Zezé. Penso assim. Embora ele seja um grande candidato. Seria apenas mais difícil”, opinou.

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Convidados para compor a atual direção do clube, o atual vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin, e o superintendente de futebol, Sérgio Rodrigues, despontam em todas as conversas de bastidores como potenciais candidatos na próxima eleição. Jamais, porém, em um embate. Procurados, ambos preferiram não comentar sobre sucessão e, num discurso alinhado, mostraram apoio às decisões do presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Já Zezé Perrella comentou a quantidade de bons nomes para suceder Gilvan de Pinho Tavares. “Temos pelo menos uns quatro nomes com condição de ser. Não tenho preferência. Somos um grupo político só. Ainda que não seja o meu nome o consenso, não vou entrar em nenhum tempo de disputa”, disse. Em entrevista à reportagem, há oito meses, o senador citou Vicintin e Sérgio entre as possibilidades.

Correndo por fora

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Além dos nomes que surgem com mais força, numa espécie de 'pré-candidaturas', outros não escondem internamente o sonho de ocupar o cargo máximo no organograma do Cruzeiro. Entre eles, o dono da rede Supermercados BH, Pedro Lourenço, o atual segundo vice-presidente, Márcio Rodrigues, e até o presidente do Conselho Deliberativo, João Carlos Gontijo de Amorim – esse muito leal a Gilvan de Pinho Tavares.

Márcio Rodrigues comentou sobre a hipótese, mas também ressaltou a importância de um consenso. “Se a gente tiver um apoio consistente, eu me candidato. Nunca me considerei oposição, mas éramos uma alternativa. Mas a gente só será candidato se tiver o apoio e a condição de ganhar. A gente não vai se candidatar por candidatar”, disse.

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Ele não descartou, porém, candidatar-se sem o apoio de Gilvan. “Não falo sobre apoio do presidente somente. É apoio da diretoria, de conselheiros, de lideranças do conselho. Não serei candidato por mim, serei candidato em representação a um grupo”, explicou.

Publicamente, Pedro Lourenço garante com veemência que não tem intenção de se candidatar. Os últimos passos do empresário, porém, desagradaram a vários conselheiros do clube. “Pedrinho está com muita rejeição depois desses investimentos todos no Atlético. Tinha muito prestígio, mas acho que perdeu força”, acredita uma fonte que conversou sob sigilo com a reportagem. O dono da rede Supermercados BH conta com apoio de Perrella, que também o citou quando falou dos possíveis sucessores de Gilvan.

Pedro Lourenço foi procurado nos últimos dias pela reportagem, mas não atendeu as ligações.

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Já o presidente do Conselho, João Carlos Gontijo de Amorim, é visto como uma hipótese mais remota, já que estará com Gilvan de Pinho Tavares em qualquer decisão que seja tomada. “Está muito cedo para falar. Mas temos que trabalhar como unidade. Claro que o Gilvan que vai indicar, são vários nomes com chances, mas não vou ser hipócrita com você. Claro que sonho com essa possibilidade. Todo cruzeirense sonha, eu acho”, revelou.

O mandato do presidente Gilvan de Pinho Tavares terminará no fim de 2017. O Cruzeiro ainda não marcou as próximas eleições do clube, mas o pleito deverá acontecer entre outubro e novembro do próximo ano. Como o estatuto ainda precisa ser modificado para se adequar totalmente ao Profut (Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro), há expectativa para que as possíveis alterações citadas ao longo do texto sejam feitas brevemente.

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