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Em segunda passagem pelo Cruzeiro, técnico Mano Menezes tem 'desafio hercúleo' pela frente

Mano chega de visual novo, comanda treino e avisa que não sairá por proposta milionária: 'Para os próximos sete anos estou satisfeito com os milhões que ganhei'

postado em 28/07/2016 11:00 / atualizado em 28/07/2016 20:58

A expectativa de quase 100% dos cruzeirenses é de que o técnico Mano Menezes conduza o time à reação no Campeonato Brasileiro, repetindo o que fez no ano passado. Mas o treinador deixou claro, logo na apresentação, que só com muito trabalho e empenho de todos o Cruzeiro conseguirá deixar a zona de rebaixamento do Nacional, além de avançar na Copa do Brasil, cujo título é perfeitamente possível. Afinal, há muito o que ser feito, ainda que veja muitos méritos na equipe atual. Outra questão que aflige o torcedor é se nova proposta milionária tiraria o treinador do Cruzeiro outra vez. E ele é claro na resposta: “Não. Para os próximos sete anos, estou satisfeito com os milhões que ganhei na China”.

O treinador frisou as diferenças entre o atual momento do clube e quando assumiu ano passado: “Em 2015, quando cheguei, o time estava fora da zona de rebaixamento, mas o campeonato estava na terceira rodada do returno. Agora, é penúltimo, mas com apenas 16 rodadas disputadas. Então, acredito no grupo, na qualidade dos jogadores, e vou dizer isso a eles, que são quem resolve o problema dentro do campo. O treinador é uma peça da engrenagem, alguém que chega e mostra um caminho”, disse.

Para ele, a prioridade é o resultado a curto prazo “para ganhar confiança e alavancar uma boa campanha”. E fez questão de manter os pés no chão: “Um ano não é igual ao outro. Há jogadores novos e mesmo os remanescentes pensam diferente. Então, é dar um pouco de sorte, encontrar logo a melhor formação e buscar fazer a campanha que queremos.”

Trabalho é o que não vai faltar a ele. Tanto em campo quanto fora dele, há o que consertar na Toca da Raposa II. Alguns pontos eram de responsabilidade exclusiva do português, mas jogadores e diretoria também têm parcela de culpa na campanha ruim da equipe nesta temporada.

Como passou o primeiro semestre na China, comandando o Chandong Luneng, Mano ainda está buscando se inteirar sobre o Cruzeiro e demais times do futebol brasileiro. Já estabeleceu algumas diferenças em relação ao antecessor, que gostava de variar a escalação de acordo com o adversário. “Sou adepto de colocar critérios de titularidade. Tomara que encontre a melhor formação o mais rápido possível. Lutar por uma vaga é algo maior internamente. O ganho coletivo é o mais importante”, disse Mano, que pretende analisar profundamente o material que tem em mãos, sem pedir contratações neste momento.

Como no domingo, às 16h, o Cruzeiro já tem compromisso pelo Brasileiro, contra o Santos, na Vila Belmiro, o novo treinador tratou de ir a campo logo depois de conceder entrevista coletiva. Ele comandou atividade tática, mas já adiantou que não pretende fazer grandes alterações na equipe que vinha sendo escalada, preocupando-se mais com “posicionamento, recuo de linha, de acordo com o que acredito ser a realidade do futebol brasileiro”.

Pelo que já viu, Mano quer melhorar a parte tática da equipe. “Hoje a equipe oscila bastante, com momentos bons e outros mais baixos. Temos de descobrir os motivos disso. Talvez tenhamos de diminuir um pouco do volume ofensivo para ficar mais organizados, principalmente quando o adversário tem a bola”, argumentou.

BOM HUMOR

A barba ostentada pelo gaúcho não foi a única diferença em relação ao treinador que deixou o Cruzeiro no ano passado com mais de 60% de aproveitamento e recorde de 13 vitórias seguidas no Brasileiro. Ele diz ter aprendido muito na passagem pela China, apesar de ter sido demitido apenas sete meses depois de contratado.

A temporada na China foi um período de aprendizagem: “Aprendi, por exemplo, a falar menos, até porque ninguém entende nada. E reclamar menos com o árbitro. Não sei se consegui passar alguma coisa para eles. Mas, certamente, volto uma pessoa melhor”, diz ele.

Já o presidente Gilvan de Pinho Tavares disse que compreendeu a saída do treinador no ano passado, mas agora espera que ele cumpra o contrato, que vai até o fim de 2017. “Quando ele recebeu a proposta no ano passado, falei que eu, no lugar dele, também aceitaria. O bom é que foi feito tudo com muito respeito, não houve qualquer trauma, tanto que ele aceitou imediatamente nosso convite.”

Mesmo discurso Depois do diretor de futebol Thiago Scuro, ontem foi a vez de o presidente Gilvan de Pinho Tavares explicar os motivos que levaram a diretoria celeste a substituir Paulo Bento por Mano Menezes. E o discurso se mostrou bem ensaiado. “A gente fez um projeto de longo prazo, mas quando os resultados não acontecem, não podemos mantê-lo. A rejeição da torcida era grande e a própria imprensa cobrava mudanças por conta do risco do rebaixamento”, afirmou o mandatário celeste, que lamentou ter de demitir o português, “uma pessoa competente, trabalhadora”. “ O Cruzeiro, um dos poucos clubes que nunca caíram para a Segunda Divisão, não poderia continuar desta forma. Tivemos que tomar uma medida antes que a casa caísse”, declarou.

OS 12 TRABALHOS DE MANO

1) Melhorar o aproveitamento nas finalizações
» O ataque tem perdido muitas chances claras de gol

2) Manter o poder de criação da equipe
» Uma das poucas qualidades do atual grupo é criar oportunidades

3) Criar consistência defensiva
» Falhas sucessivas de marcação no meio-campo e erros da zaga decretaram várias derrotas

4) Recuperar jogadores em má fase
» Bruno Rodrigo e Willian são bons exemplos

5) Fazer o time voltar a ser respeitado no Mineirão
» Até agora, apenas a vitória sobre o Palmeiras em casa

6) Cuidar da parte psicológica
» Em vários jogos, o time jogava bem e se descontrolou depois de tomar o primeiro gol

7) Cobrar melhoria do condicionamento físico para prevenir lesões
» Alguns jogadores têm tido repetidas contusões, como Élber e Alisson

8) Devolver alegria ao ambiente de trabalho, fora e dentro de campo
» Paulo Bento era tido como sério e frio demais

9) Fazer os recém-contratados se sentirem à vontade, integrados e entrosados
» São muitos jogadores novos no grupo e é necessário criar uma unidade em torno da equipe

10) Promover a paz entre equipe e parte da torcida
» Grupo ligado a torcida organizada chegou a invadir a Toca II semana passada

11) Reintegrar membros da comissão técnica permanente que se sentiram preteridos
» O técnico português só utilizou pessoal trazido por ele

12) Ampliar diálogo com todos os segmentos do clube
» Alguns funcionários se sentiam pouco valorizados pelo português

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