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Quase seis anos após polêmica, Sandro Meira Ricci é escalado para jogo do Cruzeiro na Série A

Em 2010, Ricci marcou pênalti polêmico de Gil, do Cruzeiro, sobre o atacante Ronaldo, do Corinthians, além de ter cometido outras falhas no Pacaembu, em SP

postado em 23/08/2016 15:04 / atualizado em 24/08/2016 14:07

NELSON ANTOINE/FOTO ARENA/AE. SP

O árbitro Sandro Meira Ricci, de 41 anos, agora filiado à Federação de Santa Catarina, voltará a apitar uma partida do Cruzeiro cinco anos e nove meses depois de sua polêmica atuação no jogo contra o Corinthians, no Pacaembu, em 11 de dezembro de 2010, quando marcou um pênalti duvidoso de Gil sobre Ronaldo e cometeu outros equívocos. O time paulista venceu por 1 a 0. Nesta terça-feira, ele foi escalado pela Comissão de Arbitragem da CBF para apitar o duelo de domingo, às 11h, no Mineirão, entre Cruzeiro e Santa Cruz, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Nas redes sociais, torcedores do Cruzeiro já se mobilizam para vaiar Ricci, que é mineiro de Poços de Caldas.

Naquela arbitragem de 2010, já na reta final do Brasileirão, Sandro Meira Ricci desconsiderou três pênaltis a favor do Cruzeiro (dois sobre Thiago Ribeiro e um sobre Wellington Paulista) e não utilizou o mesmo critério para anotar uma falta do zagueiro Gil em Ronaldo dentro da área, aos 41 do segundo tempo. Além da penalidade polêmica, os assistentes de Meira Ricci à época, Roberto Braatz (PR) e Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA), erraram em cinco lances de impedimento, prejudicando ataques do clube mineiro.

Logo depois do ocorrido, o Cruzeiro enviou um protesto ao presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Sérgio Corrêa, que ainda ocupa o cargo, e pediu o veto de Meira Ricci em jogos do clube. Apesar disso, a arbitragem dele naquele duelo com o Corinthians mereceu ‘nota 10’ de Corrêa e também do delegado do jogo Manuel Serapião Filho.

”Existem divergências nas avaliações do árbitro, porque a Comissão de Árbitros entende que o trabalho dele foi perfeito, a participação dele no jogo foi acertada, o que diverge da nossa opinião, tanto que nós trouxemos um material com várias cenas, vários lances, que mostram o motivo que nós divergimos dessa opinião”, disse Dimas Fonseca, então diretor de futebol do Cruzeiro, logo após fazer o protesto com Ricci à Comissão.

À época, a Comissão de Arbitragem reconheceu erros apenas nos lances de impedimento questionados pelo Cruzeiro. Foram dois equívocos no campo do auxiliar Roberto Braatz (PR) e três equívocos do outro assistente, Alessandro Álvaro Rocha de Matos (BA). Ambos eram do quadro da Fifa. ”Em relação aos bandeiras, o que eles pensam é a mesma coisa que pensamos. Houve erros, três de um bandeira e dois de outro, que prejudicaram consideravelmente o Cruzeiro no jogo”, acrescentou Dimas Fonseca naquele período.

Ricci, na ocasião filiado à Federação do Distrito Federal, nunca admitiu ter errado. “Nessa partida a gente tinha um delegado especial que estava avaliando a arbitragem, e a avaliação que a gente recebeu foi muita positiva em relação aos lances capitais, os lances questionados, e a gente teve uma avaliação muito positiva, o que deixou a gente muito satisfeito. Obviamente que a gente tem a nossa convicção dentro de campo, fazemos sempre na intenção de acertar todos os lances, o que às vezes não é possível, considerando que somos seres humanos. Nesse caso especificamente do jogo de sábado, a gente está com a consciência bem tranquila, principalmente quando a gente viu depois as imagens na televisão”, declarou Sandro Meira Ricci à Rádio Itatiaia, dias depois da polêmica.

A Comissão Nacional de Arbitragem jamais admitiu o veto imposto pelo Cruzeiro a Ricci, mas sim julgou desnecessária a escalação dele em jogos do clube “a curto prazo”, como explicou naquele período o então delegado da entidade, Manoel Serapião Filho. “Não se cogitou veto, não conversamos sobre nomes de árbitros, isso é absolutamente impróprio e conversamos sobre a importância de jogos. Quanto a designar ou não o Sandro (em jogos do Cruzeiro), de pronto eu digo que não é conveniente. Nós não estamos aqui para desafiar as agremiações. Ainda que ele tenha acertado em tudo, como nós julgamos que acertou – Comissão lhe deu nota 10 - , isso não nos autoriza a desafiar a equipe, porque, psicologicamente, não seria bom nem para o árbitro nem para o Cruzeiro nem para a competição”. O fato é que ele esteve ausente das partidas cruzeirenses por quase seis anos.

Os erros de Sandro Meira Ricci em 2010 tiveram influência direta no desfecho do campeonato. Com a derrota no Pacaembu, a três rodadas do fim, o Cruzeiro ficou terceiro lugar, com 60 pontos, atrás de Fluminense, com 62, e Corinthians, com 63. Embora o time celeste tenha vencido seus últimos três compromissos, chegando aos 69, o Tricolor Carioca acabou campeão, com 71. O clube paulista fechou a disputa em terceiro, com 68.

MIGUEL SCHINCARIOL / PERSPECTIVA/AE


Revolta de Cuca e xingamentos de Perrella


A atuação de Sandro Meira Ricci marcou ainda o depoimento revoltado do então técnico cruzeirense Cuca depois do jogo, com o famoso “murro” sobre a mesa na sala de imprensa, e declarações pesadas do então presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella.

Após o duelo, Perrella proferiu palavras como “filho da p…”, “picareta desonesto”, “safado” e “incompetente”. O presidente do Cruzeiro também afirmou, na época, que Sandro Meira Ricci foi “comprado” pelo Corinthians.

Em março de 2014, Perrella acabou condenado pela Justiça a pagar R$ 60 mil a Sandro Meira Ricci pelas ofensas. O juiz Sebastião Coelho explicou a decisão na sentença: “No caso em tela, houve clara extrapolação dos limites da tolerância, capaz, indubitavelmente, de violar o direito de personalidade do autor, o qual, portanto, deverá ser indenizado a título de danos morais, nos termos dos artigos 187 e 927 do CC/2002”.

O torcedor cruzeirense João Carlos Fonseca chegou a mover uma ação por danos materiais e morais contra o árbitro em novembro de 2010, mas ela acabou extinta pelo juiz Paulo Barone Rosa, do Juizado Especial Cível de Relações de Consumo, de Belo Horizonte.

Rodrigto Coca / Fotoarena / Agencia O Globo


CORINTHIANS 1 X 0 CRUZEIRO

Corinthians
Júlio César, Alessandro, Chicão, William e Roberto Carlos (Leandro Castan), Ralf, Jucilei, Elias e Bruno César (Jorge Henrique), Dentinho (Danilo) e Ronaldo
Técnico: Tite
Cruzeiro
Fábio, Jonathan, Gil, Léo e Gilberto, Fabrício (Wallyson), Marquinhos Paraná, Henrique e Montillo (Roger), Thiago Ribeiro e Wellington Paulista (Farías)
Técnico: Cuca
Cartões amarelos: Thiago Ribeiro, Fabrício, Gilberto e Roger (Cruzeiro), Bruno César e Dentinho (Corinthians)
Cartões vermelhos: Gil e Gilberto (Cruzeiro)

Motivo: 35ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: estádio Pacaembu, em São Paulo
Data: 13/11/2010 (sábado)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (DF)
Público: 35.935 pagantes
Renda: R$ 1.279.352,50
Gol: Ronaldo, aos 43 min. do 2º tempo

Relembre os lances polêmicos de Corinthans 1 x 0 Cruzeiro:



Momento do sorteio da arbitragem de Cruzeiro x Santa Cruz de 7'15'' a 8'28'':

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