Não precisa ser um grande analista tático nem manjar dos esquemas em campo. Basta prestar um pouquinho de atenção, o desequilíbrio é evidente. O Cruzeiro tem sido um time torto em campo e com poucas opções pelo lado direito de ataque.
Os mapas de calor não nos deixam mentir: a última partida em que o time de Mano teve grande concentração de jogo pelo lado direito foi contra o Coritiba, na 20ª rodada da Série A. De resto, tudo na esquerda. O que deixa, convenhamos, o Cruzeiro um time previsível.
Mas o problema é antigo e não se refere apenas ao período de Mano Menezes à frente do time. Deivid e Paulo Bento também enfrentaram dificuldades.
O jogo do Cruzeiro flui pelo lado esquerdo por causa, em especial, de alguns aspectos:
1 – O meia uruguaio De Arrascaeta, o articulador do time, prefere cair por aquele lado. Embora tenha a missão de flutuar e procurar os espaços, o armador escolhe formar parcerias pela esquerda.
2 – O Cruzeiro joga com dois atacantes de origem: Rafael Sóbis e Ramón Ábila. Enquanto o argentino fica centralizado, Sóbis joga aberto pela esquerda, aumentando o número de jogadores com funções ofensivas naquele espaço. O meia Robinho tenta fazer o lado direito, mas é mais cobrado na marcação.
3 – A saída de bola ocorre com muita frequência com Edimar, que se apresenta mais ao ataque.
Na direita, faltam opções. O lateral Lucas ainda não conseguiu desenvolver seu melhor futebol e dificilmente sai para o jogo – os outros laterais que jogaram por ali nesta temporada também tiveram rendimento abaixo do esperado; com Arrascaeta caindo pela esquerda, Robinho fica longe de formar sociedades por aquele lado do campo. Volante que costuma atuar pela direita, Henrique é essencialmente defensivo, sem grandes ambições do meio para frente.
O desequilíbrio é apenas um dos problemas que o Cruzeiro enfrenta na tentativa de encontrar um time mais competitivo na luta contra o rebaixamento. Nas mãos de Mano, a solução pode vir reposicionando melhor os jogadores ou mudando peças. O último gol importante que nasceu na direita, começou do lado oposto no clássico contra o Atlético. De Arrascaeta virou para Elber, que escorou para Robinho bater e empatar a partida. A regra, contudo, está na criação pela esquerda, flanco mais ativo do time.
CRUZEIRO
O torto jogo do Cruzeiro pela esquerda: falta de alternativa atrapalha crescimento do time
Raposa tem sido uma equipe com poucas opções pelo lado direito de ataque
Thiago Madureira /Superesportes
postado em 27/09/2016 08:00 / atualizado em 27/09/2016 08:22