COPA DO MUNDO

Amigo de astros, lateral do Porto vê Neymar acima de Rodríguez e diz que Hulk pode evoluir

Danilo atuou ao lado de jogadores que disputarão confronto entre Brasil e Colômbia

postado em 02/07/2014 08:00 / atualizado em 02/07/2014 16:41

Rafael Arruda /Superesportes

REUTERS/Pilar Olivares

Neymar, James Rodríguez, Hulk, Guarín, Quintero, Jackson Martínez... algo em comum entre esses jogadores? Sim: o confronto desta sexta-feira entre Brasil e Colômbia, no Estádio Castelão, pelas quartas de final da Copa do Mundo. Mas as coincidências não param por aí. Os seis atletas supracitados jogaram – ou ainda jogam – com o lateral-direito Danilo, revelado nas categorias de base do América e atualmente defendendo as cores do Porto, de Portugal. Desta forma, o ex-camisa 2 do Coelho vira referência quando se trata do grupo brasileiro e os rivais colombianos.

Não é só Brasil x Colômbia que está em jogo. Individualmente, o mundo olhará para Neymar x James Rodríguez. Danilo conhece bem os protagonistas. Ao lado do camisa 10 da Seleção Verde-Amarela, no Santos, brilhou nas conquistas do Campeonato Paulista e da Copa Libertadores de 2011. Depois, juntamente com “El Bandido”, iniciou trajetória de sucesso em Portugal, vencendo dois Campeonatos Portugueses consecutivos. Questionado a respeito de quem é mais decisivo, o brasileiro não titubeia ao responder em entrevista ao Superesportes.

“Com certeza o Neymar está acima. É um gênio. Se ele estiver em um dia inspirado, dificilmente alguém conseguirá pará-lo. É do nível do Messi, do Cristiano Ronaldo e outros craques. O James tem muita qualidade também, porém está abaixo do Neymar. Ainda não chegou a este patamar”, comenta.

Para Danilo, Neymar ficou bastante sobrecarregado nos primeiros jogos da Seleção Brasileira na Copa. Tanto que marcou a metade dos oito gols até aqui. Logo, existe a necessidade de alguém dividir os holofotes com o astro. “É algo até natural e esperado. Os companheiros acreditam que a qualquer momento o Neymar pegará a bola e resolverá o jogo. No Santos era assim. A gente sabia que ele poderia fazer isso a qualquer momento. Contudo, o que acontece é que nem sempre ele estará bem. Então é preciso uma participação maior de outros atletas. Sem pressão”, avalia o lateral-direito.

Hulk como alternativa

No jogo contra o Chile, Hulk tentou chamar a responsabilidade. Com muita força física e disposição, o camisa 7 construiu lances de perigo e até chegou a marcar um gol no segundo tempo – o árbitro Howard Webb anulou alegando toque de mão. Nas cobranças de pênalti, porém, o atacante bateu no meio do gol e Claudio Bravo defendeu com os pés.

Desde 2009 na Seleção Brasileira, Hulk é alvo de opiniões divergentes. Alguns elogiam, outros criticam. Ele soma nove gols em 34 partidas. Danilo acredita que o atacante do Zenit ainda não rendeu o que sabe com a amarelinha. “No Porto, nós jogávamos em função dele. Era a referência. Trabalhávamos para fazer a bola chegar em perfeitas condições. Acredito que falta isso na Seleção. O Hulk ainda não rendeu tudo o que sabe. Ele precisa mostrar o mesmo futebol do Porto e agora no Zenit. É um grande jogador, muito forte fisicamente e com boa capacidade de finalização”, analisa.

De fato, os números de Hulk por clubes impressionam. No Porto, ele foi artilheiro do Campeonato Português 2010/2011, com 23 gols. Ao todo são 169 partidas e 78 tentos pelo Dragão. Defendendo o Zenit, o atacante marcou 17 vezes na última edição do Campeonato Russo. Por que o desempenho pela Seleção Brasileira não é o mesmo? “Às vezes ele volta muito para marcar, se doa em função do grupo. Tem que sair da área, defender e dar combate nos adversários”, responde Danilo.

AFP PHOTO / MIGUEL RIOPA


Pressão na Seleção Brasileira


Danilo sabe muito bem o que é vestir a camisa da Seleção Brasileira. Ele fez parte do grupo que conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Na equipe principal, disputou seis partidas. Ciente do momento turbulento vivido pela equipe verde-amarela, o jogador recomenda muita cautela e concentração.

“É preciso avaliar de maneira positiva. Encarar os estádios cheios como motivação. Separar o bom do ruim, o positivo do negativo. Sei que existe uma pressão muito forte para a conquista do Brasil, que joga em casa. Se os jogadores mantiverem a calma, com certeza darão alegrias ao povo. Futebol eles têm de sobra”, decreta.

Se por um lado o Brasil avançou com dificuldades no primeiro mata-mata – empatou em 1 a 1 com o Chile e venceu a disputa de pênaltis por 3 a 2 -, por outro a Colômbia chega aliviada e tranquila. Está com 100% de aproveitamento – bateu Grécia (3 a 0), Costa do Marfim (2 a 1), Japão (4 a 1) e Uruguai (2 a 0). Danilo crê que os colombianos chegarão sem nenhuma responsabilidade, já que são considerados “azarões”. Ele ainda alerta para os perigos oferecidos por outros jogadores e garante. “Não é só James Rodríguez”.

“No Porto a gente ainda tem o Quintero e o Jackson Martínez como companheiros e o Guarín, hoje na Inter, como ex-colega. São jogadores de extrema importância. O Jackson é perigosíssimo no ataque. Foi artilheiro do último Campeonato Português, com 20 gols. Começou a Copa no banco e logo que entrou, mostrou serviço. Além disso, a Colômbia jogará sem responsabilidade. Eles se encontram muito confiantes. Tipo aquela equipe do Santos que conquistou a Copa Libertadores de 2011, da qual o Neymar era o craque”, salienta.

 

CBF/Divulgação


Futuro com a amarelinha


Espectador assíduo dos jogos da Seleção Brasileira, Danilo não lamenta o fato de ter ficado de fora da Copa. Pelo contrário, ele reconhece a história construída por Daniel Alves e Maicon na Seleção. Seus planos estão voltados para o Mundial da Rússia, em 2018. Lá, o jogador terá 26 anos de idade.

“Estou tranqüilo. Uma coisa é você ficar de fora sabendo que poderia dar mais do que quem está lá. Outra é concorrer com duas feras, que são casos de Maicon e Daniel Alves. Estou torcendo muito por eles”, afirma.

Ciente de que a tendência da Seleção é passar por mudanças em alguns setores – os laterais-direitos Daniel Alves e Maicon têm, respectivamente, 31 e 32 anos –, Danilo encara uma possível reconvocação futura como conseqüência de um bom trabalho. “Sei que o meu momento vai chegar. Preciso continuar fazendo um bom trabalho no Porto e procurar crescer cada vez mais. Sou novo, tenho 22 anos apenas. Ainda há muito o que evoluir na carreira”, finaliza o lateral-direito.

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