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Legado de sorrisos

Recordações e expectativas que os tetracampeões mundiais deixaram no Sul da Bahia

postado em 03/08/2014 08:55 / atualizado em 03/08/2014 09:28

 Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Paulo Galvão
Enviado Especial

Santa Cruz Cabrália (BA) – O quarto título mundial de sua história não foi a única conquista da Seleção da Alemanha na Copa do Mundo de 2014. A simpatia dos germânicos ficará na memória de quem conviveu com eles no pouco mais de um mês em que estiveram no Brasil. E também causou expectativas de melhoria de vida para a população no litoral Sul da Bahia, o que ainda não se concretizou na maior parte dos casos, seja por trâmites burocráticos ou por desencontro de informações.

Em Santo André, distrito de Santa Cruz Cabrália onde os alemães se concentraram, há quem se orgulhe de ter recebido camisas, calções, chuteiras, bolsas, mochilas e até chinelos de presente. Mas há também quem espere ansiosamente a conclusão do campo da localidade, cujas obras estão paralisadas por falta de pagamento aos operários, para finalmente poder viver seu momento de Schweinsteiger e Thomas Müller ou sonhar em se tornar um Mario Götze ou um Neuer. Além de empresários esperançosos de que a divulgação recebida se reverta em lucro com a chegada de mais turistas. Fora o suspense daqueles que empreenderam para ter os futuros campeões do mundo e ainda estudam o melhor destino para as instalações luxuosas à beira da paradisíaca praia. E existe ainda quem se mostre cético. A única certeza é de que indiferente ninguém fica quando se fala dos alemães.

Na sede do município, separado do distrito pelo Rio João de Tiba e por cerca de dois quilômetros de estrada asfaltada, os mais esperançosos com o legado da turma de Joachim Löw são os índios pataxós da Aldeia Nova Coroa. Eles receberam promessa de doação de 10 mil euros (cerca de R$ 30.055), em forma de um cheque simbólico, mas ainda esperam o dinheiro ser depositado. Ele será usado no atendimento às 182 famílias que vivem na área.

Essas e outras histórias foram apuradas pelo Estado de Minas em visita no início da semana ao litoral Sul baiano. Seguindo as pegadas dos germânicos, a reportagem ouviu muitos elogios ao comportamento deles, mesmo que algumas iniciativas ainda não tenham se tornado realidade e outras tenham sido amplificadas no tradicional esquema do “telefone sem fio”. Mostra de que o refúgio na pequena vila de não mais do que 800 habitantes foi apenas um dos muitos segredos para que eles deixassem o território brasileiro com a taça na bagagem, além de ter rendido casos que certamente irão contar para o resto da vida.

Se tudo isso vai se reverter em prol da população de Santa Cruz Cabrália e Santo André, porém, apenas o tempo dirá. Mas, se os administradores forem tão eficientes quanto os alemães se mostraram em campo, a população só terá a ganhar.

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