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Campo sem uso: cadê o dinheiro?

postado em 03/08/2014 09:15

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Paulo Galvão
Enviado especial

Como praticamente todo lugarejo no Brasil, Santo André tem seu campo de futebol. Desde o fim de maio, porém, os atletas da vila não podem usá-lo. E agora correm o risco de ver se transformar em pesadelo o sonho de ter um lugar para a bola rolar. A obra está parada há mais de 15 dias, porque os operários alegaram falta de pagamento e dizem que só voltam com a quitação da dívida.

Os valores destinados pela Federação Alemã de Futebol teriam sido repassados aos mesmos responsáveis pela construção do CT usado pelos campeões do mundo, a quatro quilômetros do resort em que se concentraram. Procurado pela reportagem do EM por telefone, o engenheiro Mário Assis, que responderia pela obra, não atendeu nem retornou as ligações durante a semana passada.

Enquanto isso, jogadores amadores do distrito de Santa Cruz Cabrália tiveram de contar com a boa vontade de um empresário, que cedeu um terreno próximo à praia para que eles pudessem continuar se divertindo. “Disseram que em um mês o campo estaria pronto, mas até agora nada. Se não fosse a boa vontade do pessoal dono deste terreno, ninguém jogava bola em Santo André”, reclama Mateus Guerra Freitas, o Nem, que treina voluntariamente um grupo de 18 garotos até 15 anos.

Como outros moradores, ele diz que todo o material para terminar o campo já foi comprado, inclusive a tela para fazer o sonhado alambrado próximo às casas que cercam três dos quatro lados do local – o outro é margeado pela BR-367. Mas ainda há uma parte a ser gramada e mesmo a plantada sofre com o abandono. Placas de grama estão soltas e/ou desniveladas. Uma mangueira usada para molhar o campo está jogada no chão.

As novas traves também teriam sido adquiridas. Quanto às antigas, foram levadas para o campo improvisado onde os jogadores, além dos adversários, têm de driblar algumas árvores, entre elas um cajueiro, obrigando-os a adaptar as regras para que o jogo flua. “É ruim para os meninos e também para nós, adultos, que enfrentamos os times de outros lugares em campos grandes, enquanto temos de treinar em um menor”, lamenta Nem.

ANIMAÇÃO

Os atletas, porém, passam por cima das adversidades. No fim da tarde de terça-feira, não foram poucos os que apareceram para o “baba”, que é como os baianos chamam a disputa. Antes deles, Nem comandou a garotada, que se mostrava ainda mais disposta a treinar, apesar da realidade bem diferente do campo em que Schürrle, Khedira e outros alemães se prepararam para os sete jogos da campanha vitoriosa no Mundial.

“O Schweinsteiger”, responde Caio Guinle, de 12 anos, cujo cabelo claro sugere ascendência germânica, indagado sobre quem foi o melhor jogador da Alemanha na Copa. “Klose também é bom”, lembra Micael Guerra Miranda, de 15, mostrando que os garotos de Santo André estão por dentro.