Mais Esportes

Londres'2012 terá o maior controle da história olímpica sobre o uso de doping

postado em 13/04/2012 09:12 / atualizado em 13/04/2012 20:26

Enviada Especial - Londres

REUTERS/LOCOG/Pool
Não basta saltar mais longe, ter a braçada perfeita, as pernas mais velozes, ser aclamado por um recorde conquistado. Também é dever de cada atleta garantir que nenhuma substância proibida lhe tire a glória de subir ao pódio. O risco não é pequeno: mais de 240 proibições estão listadas no Código Mundial de Antidoping adotado em eventos esportivos. A história dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres’2012 apenas começa a ser escrita, mas a competição de cara já está marcada como a mais rigorosa no controle do jogo sujo: metade dos atletas e todos os medalhistas passarão por exames.

Pelo menos 6.250 amostras de urina serão analisadas na Olimpíada (10.500 competidores) e Paraolimpíada (4.200). Segundo David Hasal, gerente da estação de controle de antidoping dos Jogos Olímpicos de Londres, o número de testes por edição nunca ultrapassou 4 mil. “Com o laboratório e equipe desta edição teremos condições de realizar até 400 testes por dia em uma estrutura que funciona sem parar”, adianta. Tal marca será possível por uma série de inovações que passam pelo laboratório concebido pela GSK e operado por pesquisadores do King’s College London.

A união de uma das principais indústrias farmacêuticas britânicas com um das suas mais conceituadas instituições de ensino resultou em um método inédito que inclui, entre outras novidades, a estreia do sistema de identificação de amostras totalmente baseado em números e código de barras, que garantirá anonimato ao atleta. A GSK já assinou com a agência mundial de antidoping, a World Anti-Doping Agency (Wada), um acordo de compartilhamento de informações sobre a metodologia para uso em futuras competições, caso dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro’2016.

VELOCIDADE À frente do trabalho está o diretor do Centro de Controle de Drogas do King’s College London, David Cowan, que contará com o apoio de 12 especialistas em antidoping e 150 pesquisadores de todo o mundo. Para o professor, o laboratório é o de mais avançada tecnologia de toda a história olímpica, com a capacidade de analisar um total de amostras antes jamais possível. “Desenvolvemos tecnologias extremamente rápidas e sensíveis, capazes de detectar o uso de substâncias proibidas. Nosso papel é garantir o funcionamento eficaz do laboratório para entregar resultados robustos de antidoping para os jogos.”

(*) A jornalista viajou a convite do King's College London, Wilson Center Washington e Interfarma



MEMÓRIA

De estricnina a anabolizantes
O fato de o americano Thomas Hicks, vencedor da maratona nos Jogos Olímpicos de 1904, ter usado conhaque e estricnina para reverter o desgaste físico da prova parece uma grande loucura nos dias de hoje. Mas apesar de casos de doping acompanharem a história olímpica, foi somente em 1960 que o teste tornou-se obrigatório pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), depois da morte do ciclista Knut Jensen em uma prova italiana. Entre os casos mais famosos está o do canadense Ben Johnson, recordista mundial dos 100 metros em Seul’1988, com uso de anabolizantes, e da americana Marion Jones, que conquistou cinco medalhas em Sydney e confessou ter se dopado. E se a medalhista brasileira Maureen Magi ficou de fora dos Jogos de Atenas’2004 após o doping no Pan-americano de Santo Domingo, por causa de substância presente em um creme depilatório, o cavaleiro Rodrigo Pessoa foi beneficiado. Isso porque no hipismo os cavalos também entram no teste e o animal do irlandês Cian O’Connor, ouro, foi barrado. Pessoa, prata, herdou a medalha principal.

QG BRASILEIRO
É do campus Strand, o principal endereço do King’s College London, a poucos quarteirões da Trafalgar Square e às margens do Rio Tâmisa, que os principais veículos de comunicação do Brasil enviarão notícias dos Jogos Olímpicos ao país. O QG da imprensa brasileira não foi escolhido por acaso. No mesmo prédio funciona o Brazil Institute, do King’s College London, um departamento com estudos variados sobre nosso país.

Tags: londres2012