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À sombra do país do futebol

Pesquisa aponta que ênfase na modalidade dificulta identificação dos jovens com outros esportes. A grande maioria (81%) sonha em poder desempenhar o que não faz

postado em 16/11/2012 08:27

AFP
O futebol continua a ser o esporte preferido do brasileiro. Mas, quando o assunto é prática e relevância, essa preferência é bem diferente. Que o diga o público feminino, para quem a dança (54%) e a caminhada (37%) são os exercícios físicos mais importantes. Ou os adeptos da musculação de academia, igualmente muito bem votada. Pesquisa encomendada pela marca de material esportivo Olympikus revela que, devido ao fato de o país priorizar o futebol, grande parte dos jovens entre 18 e 35 anos tem dificuldade em se identificar com os outros esportes. Com certa pontinha de frustração, a grande maioria (81%) sonha em poder desempenhar o que não pratica.

O alerta parte da conclusão de que não há o devido estímulo à diversidade esportiva no Brasil. Falta de tempo, infraestrutura, dinheiro, pouco incentivo na infância e adolescência são outros grandes vilões que limitam o número de “atletas amadores” no país. Para a gerente de comunicação da marca responsável pela pesquisa, Ana Hochscheidt, o resultado pode mudar em função da próxima Olimpíada. “A falta de incentivo a algumas modalidades é questão antiga. Mas essa realidade já vem mudando ao longo dos últimos anos, em função da Rio’2016.”

Esporte mais praticado, principalmente por homens com menor índice de escolaridade e solteiros, o futebol tem boa vantagem sobre quatro modalidades. A segunda que os jovens desejam, mas não praticam, é a natação, com 15%, seguida por musculação de academia (10%), vôlei (8%) e dança (7%). O ciclismo é o mais equilibrado entre os sexos: 18% dos homens e 19% das mulheres gostam. A menor presença dessas modalidades na mídia leva a juventude ouvida a pedir maior espaço de divulgação. “Temos um bom exemplo no vôlei, que até há pouco tempo não tinha a mesma repercussão que tem hoje. Além de ser a modalidade coletiva mais vitoriosa do país, é uma das mais vistas e serve de referência”, lembra Ana Hochscheidt.

Boa parte dos entrevistados (86%) também considera importante ter espaços públicos para o desenvolvimento físico nos municípios em que moram. A metade está insatisfeita com a infraestrutura atual. Ou seja: as limitações estão ligadas à dificuldade da população menos favorecida economicamente em se exercitar. “Investimento, patrocínios e suporte para clubes e atletas vêm transformando comunidades e criando espaços para a prática esportiva”, aponta a executiva. Há muito, entretanto, ainda a ser feito. “As empresas podem fazer mais? Com certeza. O próximo passo é discutir como fazer isso junto ao poder público, às confederações, aos clubes e aos atletas”, acrescenta.

No Sudeste o maior adversário do desenvolvimento esportivo é o relógio. Ao mesmo tempo, a região é a que menos apresenta sedentários. Os “atletas” locais costumam jogar, nadar e correr 3,5 dias por semana, pouco acima da média nacional, de 3,3. Mais da metade se exercita de alguma forma há pelo menos 10 anos. O resultado, para Ana, mostra que o público dessa região relaciona mais esporte a saúde e disciplina. “O Sudeste também lidera o acesso à informação de esportes pela internet. Ou seja, é um público com mais acesso a dados sobre benefícios de se exercitar.”

COPA E OLIMPÍADA
Quando o assunto é Copa’2014 e Olimpíada’2016, o ânimo é geral, embora 60% não acreditem que o país esteja preparado para receber esses megaeventos esportivos. O aumento na geração do número de empregos é o benefício mais esperado. “A Copa vai ser mais importante. Porque é o sonho de ver o Brasil jogando em casa. A estrutura vai melhorar em geral, porque o legal é isto: crescer como país”, diz um dos entrevistados. O aprimoramento do time do Brasil também é dado como certo. Mais de 90% concordaram que o Mundial e os Jogos no Rio vão estimular a formação de atletas e haverá mais estímulo para a prática esportiva. Uma esperança que poderá fazer a diferença na hora da torcida.