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JUDÔ

Amigas, amigas; vaga à parte

Companheiras de clube e colegas de treino, Ketleyn Quadros e Mariana Silva são rivais na luta pela classificação entre as meio-médios nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

postado em 26/06/2015 11:00 / atualizado em 26/06/2015 08:36

EULER JÚNIOR / EM DA PRESS
Os Jogos Pan-Americanos de Toronto’2015 nem começaram, mas o pensamento de alguns atletas brasileiros já está nos Jogos Olímpicos Rio’2016. Esse é o caso da judoca Ketleyn Quadros, a primeira brasileira conquistar uma medalha individual na história olímpica, que não irá ao Canadá, mas que no mesmo período estará no tatame lutando no Grand Slam de Astana, no Cazaquistão. Ela trava uma luta contra o relógio, já que precisa pontuar na nova categoria (meio-médio) e enfrenta a concorrência de uma companheira de clube e amiga pessoal, Mariana Silva, a primeira do ranking brasileiro da categoria.

O ano começou diferente para Ketleyn que, para atender a um convite da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), aceitou mudar de categoria, que significa subir uma, da leve, onde o país tem outra judoca forte, Rafaela Silva, para a meio-médio. Mariana Silva é a 14ª do ranking mundial, com 948 pontos, enquanto Ketleyn está na 58ª posição, com 182 pontos. Entre elas, outra brasileira, Mariana Barros, a 37ª, com 420.

“Eu comecei do zero, sem qualquer pontuação. Ao trocar de categoria, perdi todos os pontos que tinha, pois a gente não carrega a pontuação. Sinto como se estivesse começando tudo de novo. Tenho de remar muito, pois estou muito atrás. Quero conseguir, pois quero muito estar na Olimpíada do Rio”, diz Ketleyn.

Sobre o fato de lutar contra uma companheira de clube, ela diz que não há nenhum problema. “Somos amigas e isso não muda nada. Uma torce pela outra e isso não vai abalar a nossa amizade, tenho certeza.”

Mariana pensa da mesma maneira. “Eu tenho alguns pontos na frente e vou lutar para manter a vantagem. Sei que tenho uma forte concorrente na Ketleyn, assim como na minha xará, a Mariana Barros. Mas isso não vai mudar em nada o nosso relacionamento. Ela vai seguir o caminho dela e eu o meu.”

Mariana Silva vai aos Jogos Pan-Americanos primeiro e ontem, em Mangaratiba, onde a Seleção Brasileira está concentrada – as duas estão lá –, ficou sabendo que irá também ao Mundial, em agosto. Para ela, uma chance a mais de pontuar. “Os Jogos Pan-Americanos têm uma pontuação pequena, mas a do Mundial é a maior de todas. Espero conseguir bons resultados, estar no pódio em ambas.”

Um caminho Ketleyn, que está de fora do Mundial de Astana, diz que só tem um caminho. “Preciso pontuar, e muito, em toda competição. Por isso, só posso pensar em ganhar. E o que pretendo. Tenho uma vantagem, que é o fato de ser desconhecida das adversárias, pois sou a novidade no peso. No entanto, eu também não as conheço, o que é uma desvantagem. Mas estou preparada para dar o meu máximo, o meu melhor.”

A primeira mulher medalhista individual do país vai se concentrar, exclusivamente, no Grand Slam e nas etapas do Grand Prix Mundial, o que Mariana também deverá fazer. As duas devem se encontrar em algumas das etapas e nesse caso, um confronto entre elas será inevitável, não na primeira fase, mas ou nas quartas de final ou semifinais. Jamais dois lutadores de um mesmo país estarão numa final, por conta do chaveamento. Isso não é permitido.

Vale a posição no ranking
A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) adota, como critério de classificação para os Jogos Olímpicos, a posição no ranking mundial. Assim, para as 14 categorias – o Brasil tem direito a um atleta por peso, por sediar a Olimpíada – o convocado será o melhor de cada uma. Hoje, o time estaria composto pelos ligeiros Felipe Kitadai (10º no ranking) e Sarah Menezes (3ª), pelo meio-leves Charles Chibana (6º) e Érika Miranda (3ª), pelos leves Alex Pombo (10º) e Rafaela Silva (5ª), pelos meios-médios Victor Penalber (5º) e Mariana Silva (14ª), pelos médios Tiago Camilo (21º) e Maria Portela (18º), pelos meios-pesados Luciano Corrêa (14º) e Mayra Aguiar (3ª) e pelos pesados Rafael Silva (2º) e Maria Suelen Altheman (7ª). O Minas teria assim quatro atletas classificados: Érika, Pombo, Mariana Silva e Luciano.