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PARAPAN

De bronca pelo corte de verba

Fim de auxílio que ajudava a custear despesas pessoais nas viagens deixa insatisfeitos atletas que disputarão os Jogos a partir do dia 7

postado em 29/07/2015 11:00 / atualizado em 29/07/2015 08:12

LEANDRO MENDES / DIVULGAÇÃO
Às vésperas do embarque dos 270 atletas brasileiros para os Jogos Parapan-Americanos de Toronto, a nadadora mineira Letícia Lucas Ferreira divulgou ontem uma carta reclamando do corte do auxílio-viagem oferecido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que os atletas usavam para custear despesas pessoais. Segundo ela, a suspensão da ajuda diária de R$ 90, somada à demora do Ministério do Esporte em renovar o Bolsa-Atleta, tem gerado certo desconforto entre os atletas que vão defender o Brasil no Canadá, entre 7 e 14 de agosto.

“Muitos reclamam entre si, não têm coragem de falar. A gente estava habituado a essa diária em competições internacionais, pois saímos de nossas casas para competir longe. Muitos trabalham para se manter e terão de ficar 18 dias fora de casa”, afirmou a nadadora, de 33 anos. Letícia, que defende o Praia Clube, vai disputar seu terceiro Parapan – foi prata e bronze em Guadalajara’2011. “O comitê informou sobre o corte na sexta-feira à noite. Só os atletas não vão receber, pois médicos, técnicos e fisioterapeutas continuarão recebendo. Mesmo com esse corte, a gente não pode abrir mão de ir, pois minha carreira depende de resultados, meu clube paga a premiação. Se não fosse por isso, eu abriria mão”, afirmou a nadadora, nascida em Três Marias.

Segundo o CPB, por meio de sua assessoria de imprensa, o valor antes gasto com diárias será realocado para a fomentação dos esportes paralímpicos entre os jovens. A entidade reiterou que todos os custos – passagem aérea, alimentação, hospedagem, estrutura para treinamento e equipe técnica – são arcados, e que não faz mais sentido pagar a ajuda de custo, já que os atletas recebem incentivos, como Bolsa-Atleta e Bolsa-Pódio.

“No passado, no tempo em que os atletas não tinham as condições de trabalho de hoje, as bolsas não existiam, salários e patrocínios pessoais era raríssimos (…). Naquele tempo, para que fosse possível dar aos atletas algo mais próximo do que vocês (os atletas) têm hoje, o CPB criou um auxílio-viagem. Os tempos mudaram. Hoje, os jovens promissores já se qualificam para receber bolsas”, explicou o presidente do CPB, Andrew Persons, por meio de uma circular.

SALÁRIO Segundo Letícia, o corte do auxílio se agrava com a falta de repasses do Bolsa-Atleta. “Ainda não recebi a bolsa este ano. Recebi a do ano passado. Tenho sorte de ter salário do clube, que me apoia, mas outros não têm. Como vou me programar com essa demora? Normalmente, a gente mandava a documentação e logo era regularizada, mas este ano começou em junho...”, lamenta a atleta, que recebeu as 12 parcelas de 2014, somando R$ 11,1 mil.

Por e-mail, o Ministério do Esporte informou que quitou todos as 12 parcelas dos atletas contemplados, que não há atrasos e prepara a divulgação da lista de quem receberá o benefício em 2015. A lista será publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias.