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CRESCIMENTO

Depois de encerrados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, agora é a hora de colher os frutos

Febre da Olimpíada faz crescer em BH a procura por várias modalidades

postado em 27/08/2016 11:00 / atualizado em 27/08/2016 09:01

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
A mobilização em torno dos Jogos Olímpicos mexeu com o Brasil, que alcançou seus melhores resultados históricos, envolveu a torcida e, mais do que isso, levou alguns esportes a ganhar mais evidência. Academias de judô e centros de ginástica artística e atletismo registraram aumento considerável de procura nos últimos dias não só por jovens, como também pessoas que já estão fora do período de competição, os chamados masters. Essa demanda provocou abertura de mais horários de aulas e surpreendeu até mesmo aqueles dedicados à formação em projetos sociais.

O Judô São Geraldo, no bairro de mesmo nome, na Zona Leste de Belo Horizonte, é um dos centros em que as consultas cresceram bastante. “Credito isso ao fato de ser um fenômeno pós-Olimpíada, em que algumas modalidades, caso do judô, tiveram resultados expressivos (três medalhas, sendo uma de ouro e duas de bronze). Essa é uma situação benéfica, pois quanto maior o número de praticantes, maior a chance de encontrarmos atletas de ponta no futuro”, diz o professor Geraldo Brandão.

Ele conta que o interesse tem sido tamanho que há pais e mães tentando matricular alunos até fora da idade recomendada. “Eles chegam aqui querendo inscrever filhos de 2 e 3 anos. O ideal é depois dos 4 anos. O que faço é orientá-los, pedindo que voltem depois. Não está na hora ainda, pois estão muito novos e não compreenderão direito o que tem de ser feito.”

O professor Brandão se viu obrigado a criar turmas e horários para os novos aprendizes. Houve em torno de 40 matrículas nos últimos dias, um recorde. “Concentrei esses novatos em dois dias, terças e quintas-feiras. Fica mais fácil trabalhar esse aprendizado, em vez de misturar com aqueles que já estão há mais tempo na academia. Os que estão começando precisam de uma atenção diferenciada daqueles que já estão praticando há um, dois anos, alguns já competindo.”

Segundo o professor, há um volume ascendente de contatos telefônicos de interessados em ter aulas. Há casos de pessoas se deslocarem de longe para praticar a arte marcial em sua academia. “Estou recebendo um atleta do Bairro Jaraguá, que fica do outro lado da cidade. E para todos os que procuram a academia tenho feito aulas experimentais, para que definam se vão gostar. Pois pode ocorrer de um menino ou menina chegar aqui e depois se desinteressar. Temos de dar tempo ao tempo.”

Um dos pais que frequentam a academia São Geraldo é o também lutador master João Francisco de Carvalho Neto, de 35 anos. Ele vem preparando o filho, Pedro, de 3 anos, para também se integrar aos treinos mais à frente. “Trago ele, para que vá se acostumando.” Ele já leva para as aulas o sobrinho, João Carlos, de 9 anos. “Acho fundamental que a criança faça judô, pois é um esporte que inclui formação, hierarquia, estudo, e aprende-se um pouco de japonês, pois golpes, contagem, tudo é nessa língua, além do contato com a cultura nipônica. Não é só a parte física. Tem esse lado, de que é importante para a saúde.”

Carla Cristina de Oliveira Silva Massao, de 43, levou o filho, Nicolas, de 10, e diz estar feliz com a escolha. “É um esporte bom para ajudar na criação, pois aqui ele aprende a respeitar os outros e a ter disciplina. Além disso, tem o lado de aprender defesa pessoal.”

Entre os garotos, são muitos os motivos que os levaram a escolher o judô. João Carlos Carvalho Bispo, de 9, conta que a motivação vem de família. “Meu tio é faixa preta e eu sempre gostei. Por isso pedia para meus pais me matricularem no judô. Quero ser um lutador e chegar à Olimpíada.” Já Pedro Teles, de 7, diz que foi sua irmã a responsável por ele chegar à academia. “Ela lutava e sempre vinha com ela desde pequeno. Aí, um dia, pedi minha mãe para começar.”

Trinta vagas, 700 inscritos

Cerca de 700 inscrições em apenas três dias para a prática de ginástica artística. A procura foi gerada a partir de anúncio feito numa página de facebook pelo Centro de Treinamento Amigos do Esporte, um projeto social que abrirá no próximo fim de semana um núcleo no Câmpus Buritis da Universidade Uni-BH.

Segundo o coordenador do programa, Thiago Gusmão, já existem núcleos montados junto à escola de Educação Física da UFMG e em Uberlândia, no Ginásio Poliesportivo Lucas Rodrigues. “Nosso projeto é dentro da lei que permite a renúncia fiscal por parte de empresas. Daí virão os recursos. Já estamos em fase final da conclusão dos contratos de patrocínio”, detalha. Ele diz que, em princípio, seriam apenas 30 vagas, mas diante da grande procura existe a possibilidade da ampliação do número de alunos.

Gusmão cobra uma promessa feita pelos organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio. “Havia uma informação, vinda do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), de que o equipamento usado na Olimpíada seria doado para escolas, academias e agremiações no Brasil. No entanto, tão logo foram encerrados os Jogos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que o equipamento da ginástica está sendo repassado à Ucrânia. Tudo deveria ficar aqui. Poderíamos ter sido contemplados com isso.” Nas modalidades de ginástica artística, o Brasil ganhou três medalhas: duas de prata e uma de bronze.

No atletismo, em que o país conquistou uma medalha de ouro (salto com vara), a procura por vagas na equipe da UFMG também tem sido grande, segundo o diretor do Centro de Treinamento Olímpico, Luciano Prado. “O telefone toca o tempo todo e são pessoas querendo trazer principalmente os filhos. Muitas delas são carentes, o que é um dos objetivos de atendimento do nosso projeto.”

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Avenida Itaité, 491, Bairro São Geraldo
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GINÁSTICA
» Pelo facebook: Centro de Treinamento Amigos do Esporte

ATLETISMO
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Avenida Alfredo Camarate, 617, Bairro São Luiz, Pampulha, BH
Fone: 3049-3340

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