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Participação ruim do judô brasileiro no Rio'2016 levanta discussão sobre desempenho em Tóquio

Técnicos acredita que modalidade precisa passar por renovação para 2020

postado em 30/08/2016 11:00 / atualizado em 30/08/2016 12:07

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O judô virou motivo de discussão depois dos Jogos Olímpicos Rio’2016, muito em função de a modalidade não ter cumprido uma suposta meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que estimava em seis o número de pódios – foram apenas três, um a menos que em Londres’2012. O que se questiona é se o esporte, o que mais conquistou medalhas olímpicas para o Brasil (22), estaria em crise no país ou se a equipe nacional ainda está entre as cinco melhores do mundo. Na opinião de técnicos e atletas de Minas Gerais, o judô continua sendo o carro-chefe brasileiro em termos de Olimpíada, mas era necessário ter iniciado o processo de renovação para Tóquio’2020 antes mesmo da Rio’2016.

Floriano Almeida, treinador do Minas Tênis Clube, que teve três atletas nos Jogos – a meio-leve Érika Miranda e os meios-médios Alex Pombo e Mariana Silva –, admite a grande expectativa em torno da modalidade no Rio, mas não considera que houve decepção. “Esperava-se mais pela equipe que o Brasil tem, pela posição dos atletas no ranking, ainda mais no feminino. Mas os Jogos Olímpicos são uma competição atípica. Vários fatores influenciam, entre eles, o sorteio de chaves. O Rafael Silva caiu na chave do bicampeão olímpico Teddy Rinner. Enfrentar um adversário desses numa quarta de final é uma coisa, na disputa do ouro, outra. Numa final, você sabe que precisa de um golpe. Nas quartas, pensa em não levar o golpe. A circunstância muda.”

O treinador lembra que em muitas categorias os favoritos não chegaram, citando o grego Ilias Iliadis, o cubano Asley González e o búlgaro Boris Borisov, na categoria médio. “O resultado das mulheres poderia ser melhor, pois além da Rafaela, tínhamos a Mayra, que medalhou, mas foi bronze; a Sarah Menezes, a Érika Miranda e a Maria Suellen.” Ele destaca a necessidade de acelerar a renovação: “Apenas dois lutadores, o Buzacarini e o Victor Penalber eram estreantes em Olimpíada. Poderíamos ter equipe já para o próximo ciclo. Só agora vão dar chance aos integrantes das seleções Sub-21 e Sub-23, que serão os atletas dos Grand Prix de Talin, na Estônia, e de Glasgow, na Escócia”.

BASE Geraldo Brandão, da Academia de Judô São Geraldo, entende que, apesar de o investimento feito para a Rio’2016 ter sido o maior até hoje, foi pouco. “Existe a necessidade de uma mudança de métodos. É muito fácil pegar um atleta pronto, num clube. É preciso investir na base, fazer judô nas escolas”, comenta, reclamando do abandono do projeto de massificação do esporte. “Ainda pensamos pequeno.”

Para ele, não adianta esperar resultados da noite para o dia: “Não é uma solução para curto prazo. O maior exemplo é o Japão, que chegou para a Rio’2016 com a equipe renovada e foi quem mais ganhou medalhas. Além disso, no Brasil, não há judocas de ponta em quantidade por categoria. O ideal é que fossem cinco, no mínimo, brigando para ser o número um. Nos falta quantidade com qualidade”.

De fora da Olimpíada por apenas três pontos em relação ao seu concorrente, Rafael Buzacarini, Luciano Corrêa vislumbra evolução. “Os técnicos estão conversando entre si e essa troca de informações é crucial. A experiência é fundamental para orientar os mais novos. Os atletas mais tarimbados não podem se afastar. Neste momento, são fundamentais no papel de orientadores.”

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