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Meninas de escola de BH podem representar Brasil em Mundial de Handebol, no Catar

Handebol feminino do Colégio Nossa Senhora das Dores, de BH, disputa o Brasileiro em setembro e pode representar o Brasil no Mundial Escolar'2018

postado em 23/07/2017 09:59

Beto Novaes/EM/D. A Press


Um grupo de meninas entre 15 e 17 anos, estudantes do ensino fundamental e médio do Colégio Nossa Senhora das Dores, no Bairro Floresta, em Belo Horizonte, está perto de realizar um feito: tornar-se a primeira equipe feminina mineira a disputar um Mundial de Handebol Sub-17. Para chegar lá, elas precisam conquistar o Brasileiro Especial, que será disputado de 2 a 9 de setembro, em Guarapari, no Espírito Santo. O campeão desse torneio garantirá vaga no Mundial Escolar, em Doha, no Catar, em março do ano que vem.

A história da escola com o esporte começou ainda nos anos 2000, quando foi formada a primeira equipe de handebol masculino. Esse projeto foi até 2012, quando se decidiu pela criação do time feminino. Desde então, as meninas conseguiram uma série de conquistas em nível regional e nacional. A possibilidade do Mundial veio em consequência de um desses títulos, o de campeã metropolitana de 2016, o que valeu a indicação pela Federação de Esportes Estudantis de Minas Gerais (FEEMG) para a competição nacional.

O handebol se tornou uma paixão na escola, tanto que duas de suas equipes, a Sub-14 e a Sub-17, estão classificadas para o Campeonato Mineiro Escolar, coordenado pela Federação dos Esportes Estudantis de Minas Gerais, em parceria com o Governo do Estado, que será disputado de 1º a 5 de agosto, em Uberaba. Caso conquiste os títulos, os times do Nossa Senhora das Dores estarão classificados para o Brasileiro Escolar, promovido pela Confederação Brasileira do Desporto Escolar.

Segundo o técnico Lucas Savassi – que é ex-jogador dos colégios Maximus e Roma e comanda as equipes do Nossa Senhora das Dores há cinco anos –, as meninas conheceram o esporte na escola e o praticam com muita alegria

Maíra Alice Neri, de 15 anos, conta que começou a jogar em 2012. “Eu tinha de esperar meu irmão, que jogava futsal, para ir embora. Ficava à toa. Mas percebi que no mesmo horário tinha treino do handebol. Resolvi tentar e me apaixonei.” Ela é a mais alta do time, com quase 1,90m, e joga como armadora e pivô. No último Brasileiro, em João Pessoa, foi escolhida o “Destaque da competição”.

Outra pivô, que também chama a atenção pelo tamanho, é Gabriela Godói, de 15, que foi para no handebol por escolha própria. “Eu ia bem no handebol nas aulas de educação física. Resolvi treinar e agora estou no time.” Ela gosta tanto de jogar que diz nem ligar para os contratempos. “Olha aqui no meu queixo. Tem um corte. Foi num jogo, quando uma marcadora me acertou com a unha. Saiu sangue, mas não tem importância.”

Beto Novaes/EM/D. A Press


Maria Clara Ribeiro, de 15, é ala-direita e uma das mais habilidosas do time. “Vim parar no handebol por acaso. Eu sempre quis fazer esporte. Um dia, uma colega, a Marina, que também é do time, me chamou e me apresentou ao treinador. Isso foi há quatro anos e não saí mais da quadra.”

Os motivos para chegar ao time são muitos, mas chama a atenção o da goleira Marissa Maria, de 16. “Era obesa. Queria emagrecer. Sempre ouvi dizer que o esporte emagrece as pessoas. Resolvi tentar. E acabei juntando o handebol com a vontade de emagrecer. Deu certo e, quer saber, sou louca com esse esporte.”

No time mais jovem, o Sub-14, Laura Barbosa Lima, de 14 anos, foi levada pela irmã, Beatriz, de 16, que está no time de cima. São sobrinhas do ex-jogador de futebol Reinaldo, do Atlético, hoje técnico do Tricordiano. “Minha irmã jogava. Via sempre os treinos e jogos. Queria jogar como ela. Quando fiz 10 anos, não tive dúvida. Entrei para a equipe”, conta Laura.

DIFICULDADES

Quem vê os times do Nossa Senhora das Dores em quadra não imagina as dificuldades que as meninas enfrentam, a começar pela quadra. O técnico Savassi conta que o time treina numa quadra que mede 22mx11m, no entanto, os jogos ocorrem numa de 40mx20m.

E para que as jogadoras possam ter uma dimensão exata do que é quadra de jogo, ele teve de improvisar. “Temos um gol desmontável. Então, no comprimento da quadra, fizemos uma área para o goleiro, que ocupa quase toda a dimensão dos 20m. Chega à metade dos 11m. Ali, treinamos situações de ataque e de defesa. Isso tem funcionado, tanto que os resultados estão nas conquistas.”

O custo de manutenção da equipe é baixo, segundo o coordenador de educação física e esportes do Nossa Senhora das Dores, Marcelo Salgado. “Para a viagem a Uberaba, para o Campeonato Mineiro, o colégio gasta com o aluguel do ônibus. Lá, as jogadoras ficarão hospedadas em escolas. Para o gasto pessoal que as meninas terão, contamos com a ajuda dos pais, que estão sempre juntos. No caso de um Brasileiro, o custo é todo da FEEMG. E se nos classificarmos para o Mundial, quem bancará as despesas será o Ministério dos Esportes.”

ALERTA Mas existe um problema muito maior, segundo Savassi. “E o futuro dessas atletas? Qual será? A escola faz todo um trabalho, forma atletas, todas com ótimo desempenho escolar. Mas, e quando se formarem? Hoje não há uma continuidade para o que é feito aqui na escola. Não há uma continuidade. Assim, o país perde atletas de potencial por falta de um projeto, de uma lei, de uma continuidade, ou seja, oportunidade para o futuro no esporte.”

Principais títulos do Nossa Senhora das Dores

Bicampeão dos Jogos Escolares de BH  Sub-15 e Sub-17
Campeão dos Jogos Católicos Sub-15 e Sub-17
Campeão Metropolitano juvenil
Bicampeão Metropolitano infantil
Tricampeão Metropolitano mirim
Campeão da Copa Minas 
Sub-11, Sub-12, Sub-13, Sub-14 e Sub-17

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