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Parceria desde a infância

Principais brasileiros no cenário mundial, Marcelo Melo e Bruno Soares começaram juntos nas quadras belo-horizontinas há mais de 20 anos, quando teve início também a amizade

postado em 20/10/2013 09:03 / atualizado em 20/10/2013 09:07

(PAULO WHITAKER/REUTERS %u2013 7/4/12)

Uma longa história de amizade de mais de duas décadas tem ajudado o Brasil a fazer bonito no circuito profissional de tênis e credenciado o país a chance real de medalha nos Jogos Olímpicos do Rio’2016. Amigos desde a infância, quando se conheceram nas quadras de saibro do Minas, Bruno Soares (nº 3 do mundo no ranking de duplas), de 31 anos, e Marcelo Melo (nº 8), de 30, nascidos em Belo Horizonte, vivem o melhor momento de suas carreiras e, no mês que vem, disputarão pela primeira vez o ATP Finals, torneio de gala que reúne os melhores do mundo, em Londres – Soares já está garantido e Melo espera apenas a confirmação matemática, pois tem ampla vantagem sobre os adversários. Desde Gustavo Kuerten, campeão em 2000, o Brasil não tinha representantes no torneio.

Curiosamente, os amigos tiveram grande evolução depois do fim da sua parceria nas quadras. Eles jogaram juntos do início de 2010 ao fim de 2011, mas os resultados nos torneios mais importantes decepcionaram. Em acordo, decidiram se separar para evoluir ao lado de outros parceiros. Bruno foi jogar com o norte-americano Eric Butorac, antes de fechar com o atual companheiro, o austríaco Alexander Peya. Já Melo atuou com diversos tenistas até se fixar com o croata Ivan Dodig, com quem conquistou o título mais importante da carreira no último domingo, o Masters 1.000 de Xangai.

“Sem dúvida, vivemos o melhor momento da nossa carreira. Nos últimos dois anos, amadurecemos, não só o tênis, mas a vivência no circuito, no dia a dia. E tem que dar crédito aos parceiros, o Alex e o Ivan. O jogo encaixou bem”, explica Bruno Soares, que se tornou o melhor duplista brasileiro da história, atingindo o inédito terceiro lugar no ranking da ATP. Ele e Peya – já conquistaram sete títulos juntos, além do vice do US Open – formam a segunda melhor dupla do mundo, atrás apenas dos irmãos Bob e Mike Bryan, que ocupam o primeiro posto há incríveis 344 semanas.

“Tivemos um crescimento muito bom nos últimos dois anos. Estamos evoluindo a cada dia, isso é muito importante. Foi uma decisão certa”, comemora Marcelo Melo, que além do título em solo chinês foi vice-campeão do Aberto de Wimbledon, mais antigo e tradicional torneio do mundo. Com a subida para a oitava colocação no ranking, ele se tornou o quinto brasileiro a ocupar o top 10 do tênis mundial, depois de Gustavo Kuerten, Carlos Kirmayr, Cássio Mota e do próprio Bruno. No ranking de duplas, Marcelo e Dodig são os terceiros melhores de 2013.

(Arquivo Pessoal)

AMIGOS E ADVERSÁRIOS


Quando se conheceram, Bruno tinha 7 anos e Marcelo, 6. Interessados por esportes, ambos cruzeirenses de carteirinha, logo estabeleceram forte amizade, que não foi abalada nem com a mudança de Soares para o Rio de Janeiro por alguns anos. Foram parceiros e rivais em torneios juvenis, trajetória que rende incontáveis histórias.

“A gente é bem amigo desde pequeno, nem me lembro do dia em que o conheci. Éramos bem novos e nos demos bem desde o início”, lembra Bruno. “Conheço o Bruno praticamente desde os 6 anos. Sempre tivemos uma grande amizade, mesmo quando ele foi morar no Rio. Viajamos para vários torneios juntos desde a época juvenil, depois começando o profissional, até hoje”, relembra Marcelo, que desde a adolescência atende pelo apelido de Girafa, por causa de seus 2,01m. Ele vem de família de tenistas: os pais jogaram e o irmão mais velho, Daniel, atual treinador, também atuou no circuito profissional.

Depois de tantos títulos, Bruno e Melo perseguem dois sonhos: vencer um Grand Slam (nome dado aos quatro principais torneios do mundo – Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open), depois de baterem na trave nos dois últimos; e defender o Brasil na Olimpíada do Rio’2016.

Os dois, que jogam juntos pelo Brasil na Copa Davis, já antecipam o desejo de defender a pátria em casa, e devem retomar a parceria antes dos Jogos para se prepararem melhor. Em Londres’2012, eles caíram nas quartas de final. “A gente quer demais jogar juntos, pois acreditamos que estaremos no auge. Ainda estamos em uma crescente e o ápice será em 2016”, acredita Bruno.

TRÊS PERGUNTAS PARA...
Bruno Soares e Marcelo Melo, tenistas belo-horizontinos

Vocês estão vivendo o melhor momento da carreira quase dois anos depois de encerrar a dupla. Como vocês avaliam esse crescimento?
Bruno Soares – Acontece não é a toa. Sempre trabalhamos muito duro e uma hora as coisas aparecem. Isso faz a diferença. A gente está no mesmo circuito desde pequeno. Muita história, vários torneios. Vivemos isso juntos. Isso torna o momento bem mais especial.

Marcelo Melo – Podemos ver que melhoramos quando voltamos a jogar na Copa Davis e na Olimpíada. Mesmo separados, quando voltamos a atuar nessas ocasiões estamos jogando melhor.

Como tem sido se enfrentar, depois de tantas histórias?

B. S. – É sempre difícil, o jogo dá uma esfriada, tem respeito mútuo. É uma situação diferente, pois um tem que perder, mas quando a gente se enfrenta na semi de um Slam é muita felicidade, pois sabemos que um estará na final.

M. M – Sabemos que dentro de quadra cada um tem que lutar por si. Dentro de quadra é uma coisa, fora é outra. Mesmo não jogando juntos, cada um procura ajudar o outro da melhor maneira, sendo treinando, dando opiniões, etc.

Nos Jogos do Rio’2016, o Bruno estará com 34 anos e o Marcelo, com 33. Estarão na briga por medalha?

B. S. – Vamos jogar juntos e vamos para a medalha. A cada dia a gente prova que estamos entre os melhores e na Olimpíada não vai ser diferente.

M. M. – Esse é o nosso planejamento. Com certeza vamos jogar juntos. Antes da Olimpíada, inclusive, devemos disputar alguns torneios para chegarmos bem entrosados.

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