ESPORTE PARALÍMPICO

Dos tropeços ao pódio

Jerusa Santos é uma das esperanças do Brasil no atletismo de pista

postado em 23/05/2015 08:00 / atualizado em 22/05/2015 20:48

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press.
Dona de três medalhas paralímpicas, sendo duas de prata em Londres'2012, Jerusa Santos cansou de tropeçar na pista quando, aos 19 anos, decidiu ser atleta, em Rio Branco, capital do Acre. A velocista nasceu cega total por causa de catarata congênica e passou a enxergar um pouco depois de três cirurgias até os 9 anos. Foi quando foi diagnosticada também com glaucoma, o que acarretou na perda gradativa do pouco de visão que lhe restava. Aos 18 anos, depois de tantas tentativas, voltou ao estágio inicial: completamente sem visão.

“Foi a partir do momento em que perdi a visão que conheci o esporte adaptado. Nunca tive visão normal. Eu não tinha nem noção de como era pista, cheguei a cair várias vezes no treino”, conta Jerusa, hoje com 32 anos. “A principal dificuldade, quando comecei, foi não ter guia. Lá em Rio Branco, não era muito favorável, não tinha ninguém para ajudar. A gente saía de muto longe, viagens cansativas. Não tinha guia fixo, as marcas não eram as melhores”, lembra a atleta, que na última quinta-feira participou do Experimentando Diferenças, auxiliando pessoas sem deficiências a experimentar os esportes adaptados.

Jerusa – que corre acompanhada pelo marido e guia Luiz Henrique – é uma das esperanças do Brasil em um dos esportes que mais rendem medalhas ao país: o atletismo de pista, especialmente as provas de velocidade, que têm fortes representantes como a mineira Terezinha Guilhermina, a mulher mais rápida do mundo, e Alan Fonteles, que em 2012 superou o sul-africano Oscar Pistorius, maior estrela da história dos esportes paralímpicos, antes de ser preso acusado de ter matado a tiros a namorada, em fevereiro de 2013.

Medalha

A primeira medalha de Jerusa veio em Pequim'2008, apenas seis anos depois de começar os treinamentos. “Eu não fui bem na primeira prova e estava desanimada. Aí, a gente ficou sabendo que quem fosse medalhista iria para Brasília, seria recebido pelo presidente e tudo mais. Tudo muito grandioso pra gente. Fizemos a segunda prova e conseguimos a medalha”, lembra. “Foi um sonho, quem diria que eu sairia de Rio Branco e parar em Pequim, ainda mais com medalha.”

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