Vôlei

COPA DO MUNDO

Terceira era ou vez do tetra?

Mundial da Polônia começa com novas forças dispostas a se impor e mudar a realidade do esporte, enquanto o Brasil, que tem sido soberano, joga para conseguir façanha inédita

postado em 30/08/2014 08:00 / atualizado em 29/08/2014 20:53

Ivan Drummond /Estado de Minas

FIVB/divulgação


Começa hoje, com um fato inusitado, uma partida num estádio de futebol, o Nacional de Varsóvia, na Polônia, o Campeonato Mundial Masculino de Vôlei. O jogo de abertura terá um público recorde no evento, já que são esperados 58 mil torcedores. Já o Brasil, que estreará na segunda-feira, contra a Alemanha, em Katowice, busca um feito inédito, tornar-se a primeira seleção a conquistar quatro títulos consecutivos.

Existe uma grande ansiedade em torno da competição, pois ela é considerada um divisor de águas do esporte. Para muitos, pode ser o início de uma terceira era. Desde que foi disputado pela primeira vez, em 1949, tendo a extinta Tchecoslováquia como sede, o vôlei masculino mundial pode ser dividido em duas etapas.
CBV/divulgação


A primeira vai de 1949 a 1982, quando o esporte foi dominado pelas seleções da chamada Cortina de Ferro. Nessa época, a extinta União Soviética, mais campeã de todas, conquistou os seis títulos mundiais que possui. Além dela, a Tchecoslováquia levantou o troféu duas vezes, Polônia e Alemanha Oriental, uma cada. Os países do bloco comunista utilizavam o espore como sinal de força.

Mas a derrocada dos regimes comunistas acabou por transformar radicalmente o esporte. O vôlei foi um dos que mais mostram isso. A partir do Mundial de 1986, em Paris, começa o domínio ocidental do esporte. Os EUA conquistaram o primeiro troféu, vindo a seguir o tricampeonato da Itália, e o do Brasil.

No entanto, a reformulação por que passa o esporte, o crescimento de algumas seleções asiáticas, como o Irã, que terminou a competição no quarto lugar na última edição da Liga Mundial, encerrada há um mês, pode indicar uma mudança e, que um novo momento pode estar começando, pois a evolução dos iranianos existe a olhos vistos.

Reformulação

Para a competição desse ano, uma grande expectativa pois as seleções, na maioria estão em fase de reformulação para a próxima Olimpíada, no Rio’2016. Isso acontece com EUA, Rússia e Itália, os principais concorrentes do Brasil, que tem uma seleção mais rodada, como se diz na gíria de quadra, já estando numa estágio mais avançado, casos do ponteiro Murilo, do oposto Vissotto, o líbero Mário Júnior, todos com idade acima dos 30 anos. E pode-se considerar que a Polônia, uma das seleções que mais tem crescido nos últimos anos, também entra neste rol. Além disso, existem seleções que podem surgir como surpresas. No caso desse Mundial, precisamente duas: Sérvia, um dos times de maior estatura da competição, e a França, pelo nível técnico do time, um dos mais entrosados.

O jornalista Ivan Drummond comenta as chances do tricampeonato do Brasil



A competição

Grupo A
Argentina
Polônia
Sérvia
Venezuela
Camarões
Austrália

Grupo B
Brasil
Alemanha
Cuba
Finlândia
Coreia do Sul
Tunísia

Grupo C
Rússia
Canadá
Bulgária
México
Egito
China

Grupo D
Itália
Irã
EUA
Bélgica
Porto Rico
França

1ª rodada

Sábado

Grupo Cidade Jogo Horário (*)

A Varsóvia Polônia x Sérvia 15h15

Domingo

D Cracóvia Itália x Irã 8h
A Wroclaw Venezuela x Argentina 11h30
D Cracóvia Bélgica x EUA 11h30
A Wroclaw Camarões x Austrália 15h15
D Cracóvia Porto Rico x França 15h15

2ª rodada

Segunda-feira

B Katowice Brasil x Alemanha 8h
C Gdansk Rússia x Canadá 8h
B Katowice Finlândia x Cuba 11h30
C Gdansk México x Bulgária 11h30
B Katowice Coreia do Sul x Tunísia 15h15
C Gdansk China x Egito 15h15

(*) de Brasília

Fórmula de disputa

As 24 seleções estão divididas em quatro grupos. As quatro primeiras colocadas de cada um avançam à fase seguinte. Cada equipe carregará para a segunda fase o resultado dos jogos da primeira contra os rivais que também tiverem se classificado. Na segunda, as classificadas dos grupos A e D comporão o Grupo E, bem como as classificadas dos Grupos B e C formarão o F, sem repetições de confrontos (os times de A jogarão apenas contra os de D, e assim por diante). Os três primeiros colocados avançam à terceira fase, com as equipes distribuídas em duas chaves de três, definidos por sorteio – os primeiros colocados dos grupos da fase anterior serão os cabeças de chave. As duas primeiras farão as semifinais, em cruzamento olímpico (1º x 2º e 2º x 1º).

Memória

Pioneirismo brasileiro

Esta não será a primeira vez que um jogo de vôlei acontecerá num estádio de futebol. O ineditismo pertence ao Maracanã e ao Rio de Janeiro. O estádio sediou o confronto entre Brasil e União Soviética, em 26 de julho de 1983, quando uma quadra foi montada no centro do gramado. Chegou a chover e, por vezes, a partida foi paralisada para que o piso fosse enxugado. O público ainda hoje é recorde mundial: 95.887 torcedores. Ao final, a vitória da Seleção Brasileira sobre a soviética, por 3 a 1 (14/16, 16/14, 15/7 e15/10) – o jogo foi disputado no sistema antigo, de setes de 15 pontos. O time brasileiro, que tinha Bebeto de Freitas como técnico, era composto por estrelas como Bernard, Bernardinho, Badalhoca, Xandó, Montanaro, Rui Campos, Renan, William, Amauri, Marcus Vinícius, Domingos Maracanã, Cacau e Fernandão. Do outro lado da quadra, verdadeiras lendas como Zaytsev, Savin, Shkurikhin, Panchenko, Selivanov e Moliboga.

Os primeiros rivais

Alemanha
Tem como base jogadores que disputaram os Jogos Olímpicos de Londres’2012, quando terminou com a quinta posição. É uma seleção considerada alta, que tem no bloqueio seu ponto forte. O destaque do time é o oposto Grozie, que joga no Belogorie, da Rússia.

Finlândia
Retorna ao Mundial depois de 32 anos de ausência. A última participação foi na Argentina’1982, quando terminou na 17ª posição. A maioria dos jogadores atua fora do país, mas no chamado grupo 2 do vôlei mundial.

Cuba
Foi uma das melhores seleções do mundo, mas perdeu seus principais jogadores, como o ponteiro Leal, e o meio de rede Simón, que preferiram jogar no exterior e, por isso, foram excluídos da Seleção nacional. Vai com um time jovem, buscando recuperar os melhores tempos. Foi vice-campeã duas vezes.

Coreia do Sul
Tem na defesa sua principal arma. É um legítimo representante da escola asiática, em cujas equipes é difícil conseguir pontuar. Porém, sofre com o tamanho de seus jogadores, que não são muito altos.

Tunísia
O principal objetivo da seleção africana nesse mundial é aprender. Não tem qualquer pretensão de chegar ao título. Conseguir a classificação para a segunda fase já seria uma vitória.

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