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Na fronteira do ebola, ex-atleticano não teme doença e sonha em disputar a Copa do Mundo

Jonatas Obina atua pela Seleção de Guiné Equatorial; país africano está localizado próximo a outras nações responsáveis pelo maior número de casos da doença

postado em 22/10/2014 07:00 / atualizado em 22/10/2014 14:30

Thiago Madureira /Superesportes

Euler Junior/EM/D.A Press
O ex-atleticano Jonatas Obina, de 28 anos, passa os últimos dias de outubro em casa, em Araraquara, no interior paulista, enquanto espera o fim das negociações para anunciar seu novo clube. Ele, atualmente, está desempregado. O pensamento do atacante, contudo, está longe, além do Atlântico. Naturalizado guinéu-equatoriano, Obina fica em contato semanal com os companheiros de seleção e outros amigos em busca de informações sobre o surto de ebola na África.

A doença infecciosa tem assustado o mundo. Segundo a agência das Nações Unidas, em divulgação da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram confirmados 8.997 contaminações pelo vírus em sete países e 4.493 mortes. A Guiné Equatorial está localizada próxima aos países responsáveis pelo maior número dos casos (Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal). Espanha e Estados Unidos também tiveram notificações.

Embora reconheça a gravidade da situação na região, Obina se diz tranquilo. Foi em junho deste ano a última vez em que esteve na África. Na ocasião, defendeu a Seleção de Guiné Equatorial na partida contra a Mauritânia, pelas Eliminatórias da Copa Africana de Nações (CAN). Hoje, está ansioso para a próxima convocação.

“Se chegar a carta da convocação, vou com muita tranquilidade fazer o meu trabalho. Sei do perigo na região. O risco lá é maior que no Brasil, claro. Mas você pode pegar a doença em qualquer lugar se tiver contato com um infectado”, comentou o atacante, que viaja à África somente em dias de jogos da sua seleção. “Não há nenhum desespero. Temos que tomar todos os cuidados, mas não tem razão de qualquer tipo de apavoramento”, completou.

SORAIA PIVA / SUPERESPORTES
Obina não tem nenhuma ligação familiar com o país. Na verdade, nem conhecia. O convite surgiu de um empresário ligado a dirigentes da federação local. “Foi tudo muito rápido. O presidente da federação entrou em contato, e respondi que aceitava o convite”, disse. “Os jogadores da seleção, o treinador, os torcedores, todos me receberam muito bem. Estou feliz e contente pela escolha que fiz”, afirmou.

A Guiné Equatorial não tem tradição no futebol e sofria para formar equipes competitivas. A saída encontrada por cartolas foi convidar atletas de outras nacionalidades para defender o país. Nas últimas partidas, a seleção africana não possuía em campo nenhum jogador nascido em seu próprio território.

“Meu sonho é disputar uma Copa do Mundo. Sei que não chegaria à Seleção Brasileira. Então, fiz essa escolha. Espero um dia estar em campo na maior competição do mundo”, afirmou.

Malária

Se não foi registrado ebola, outras doenças assustam a Guiné Equatorial. O caso mais grave é a malária. Três brasileiros que atuaram com Obina contraíram a doença. Um morreu e os outros dois ficaram internados.

O zagueiro Claudiney Ramos teve a vida ceifada pela malária. Conhecido como Rincón, morreu, aos 33 anos, em julho do ano passado. Ele foi picado por um mosquito transmissor do protozoário causador da doença enquanto estava na África defendendo a Guiné Equatorial. Como a doença demora a se manifestar, Rincón voltou ao Brasil e até participou de uma partida -  ficou no banco no jogo entre Avenida-RS e Brasil de Pelotas. Cerca de dez dias depois, deu entrada em um hospital do interior de São Paulo, onde morreu dias depois.

Os outros dois episódios são do goleiro Danilo e do meia Dio. O primeiro ficou pouco mais de um mês internado. Passou dez dias em coma e teve várias complicações médicas. Sofreu com pneumonias e infecções, mas sobreviveu. O segundo ficou uma semana no hospital. Sentiu febre, arrepios e enjoos. Ambos continuam defendendo a Seleção de Guiné Equatorial. Segundo os médicos, eles desenvolveram anticorpos e não correm riscos de sofrer de malária.

Ebola

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas iniciais do ebola incluem febre, fraqueza extrema, dores musculares e dor de garganta. Com a evolução, o paciente pode sofrer de vômitos, diarréias e até hemorragia interna e externa. A doença é causada por um vírus e mata entre 50% e 90% dos infectados.

O ebola pode ser contraído por meio do contato com animais, como chimpanzés, morcegos e antílopes. Em relação com infectados, o vírus se espalha em contato com sangue contaminado, fluidos corporais ou órgãos do doente.

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