Futebol Nacional

CASO PORTUGUESA

Responsável por caso Héverton, promotor Roberto Senise Lisboa garante: "Lusa foi vítima"

Autoridade fez questão de afirmar que Portuguesa não "vendeu" vaga

postado em 12/11/2014 19:10

Agência Estado

Divulgação
Cinco pessoas podem estar envolvidas no erro que levou a Portuguesa a escalar o meia Héverton na partida contra o Grêmio, na última rodada da Série A de 2013. Pelo menos, é o que explica o promotor Roberto Senise Lisboa, que comanda o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público de São Paulo, responsável pela investigação do “caso Héverton”. Em entrevista concedida nesta quarta-feira, o promotor fez questão de assegurar que o ex-presidente da Lusa, Manuel da Lupa, não é o único nome em pauta na apuração, e confirmou o clube do Canindé como possível vítima da ação premeditada dos cartolas.

“É bom ficar claro que não é apenas o Manuel da Lupa, pelo quadro, há outros nomes que podem estar implicados. O doutor Manuel da Lupa, presidente do clube. O doutor Valdir (Rocha), à época diretor do departamento jurídico do clube. O senhor Roberto dos Santos, à época vice-presidente de futebol do clube, responsável pelo departamento de futebol. E dois outros funcionários do clube. Por enquanto, a investigação gira em torno desses nomes”, revelou Senise, em entrevista à TV Globo.

Senise fez questão de ressaltar que, ao contrário do que foi veiculado, a Portuguesa não “vendeu” a vaga na Série A, mas sim que o clube deve ser tratado como vítima nesse caso, possivelmente orquestrado pelos cartolas.

“A Portuguesa não vendeu a vaga. Ela foi vítima de uma possível venda de vaga, mas não há informação categórica nesse sentido. Não há como afirmar que houve recebimento de dinheiro. Se houve a venda, ela teria ocorrido por conta dos dirigentes, que à época executavam os atos da Portuguesa. Há uma possibilidade, indícios, de que um ou mais dirigentes tenham facilitado a venda da vaga. Estou aguardando informações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) justamente para identificar se conseguimos buscar eventuais contas beneficiadas nesse processo todo”, explicou o promotor.

Segundo Senise, o clube tinha conhecimento da condição irregular do atleta na partida contra o Grêmio, já que Héverton estava suspenso e não podia atuar. No entanto, o jogador foi relacionado e entrou no segundo tempo da partida, válida pela última rodada. Como punição, o STJD retirou quatro pontos da Lusa, culminando no rebaixamento para a Série B em 2014. Nesse ano, o clube não conseguiu se reestruturar após a polêmica e voltou a cair, dessa vez para a Série C.

“Ao que tudo indica, a omissão teria sido premeditada. Causa estranheza em todos nós que tenha ocorrido uma omissão coletiva desse tamanho e proporção na época em que ocorreu, já que nunca havia ocorrido algo desse tipo na história do clube”, comentou.

O promotor explicou que a presidência recebia a programação do STJD, enviada pela CBF, com a pauta de todos os julgamentos de atletas e membros da comissão técnica. De acordo com a investigação, essa mensagem foi recebida na terça-feira, três dias antes do julgamento de Héverton pela suspensão, e remetida pela secretaria da presidência aos também investigados Valdir Rocha e para os responsáveis pelo departamento de futebol, como Roberto dos Santos. Na sequência, esses funcionários deveriam repassar a informação na pasta entregue à comissão técnica da Lusa, na época liderada pelo técnico Guto Ferreira. No entanto, às vésperas do jogo, não constava nenhuma observação do tipo no relatório, nem mesmo sobre o julgamento. Dessa forma, o treinador relacionou o jogador, que entrou no decorrer da partida.

“Há muitos boatos, até depoimentos que supõem valores, mas nada demonstrado. Os valores dos boatos variam de R$ 4 milhões a R$ 25 milhões. Não há prova alguma nesse sentido”, afirmou, em sintonia com a nota oficial divulgada pela própria Portuguesa nesta quarta-feira, que pedia cuidado com os “boatos” e as “notícias sensacionalistas”.