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MASCOTES

Galo, Raposa e Coelho: 70 anos da criação das mascotes dos tradicionais clubes mineiros

Artista Fernando Pierucetti, conhecido como Mangabeira, criou representantes

postado em 02/06/2015 08:00 / atualizado em 02/06/2015 08:19

Arquivo/EM/D.A Press

Ouvir gritos de Galo, conhecer a Toca da Raposa e torcer pelo Coelho. Essas frases não seriam ditas se não houvesse a criatividade de Fernando Pierucetti, o Mangabeira. O artista criou as mascotes dos principais clubes mineiros em 1945 e os 'bichos' que representam Atlético, Cruzeiro e América completam 70 anos em 2015. O Superesportes resgatou detalhes da personificação de cada um dos três.

Arquivo EM
Professor, jornalista, desenhista e pintor. Pierucetti foi um homem de várias faces. Ele fez seus primeiros trabalhos ainda criança, em reproduções de figuras de caubóis e heróis do cinema. A experiência no jornalismo veio na década de 30 e, anos mais tarde, a inspiração para realizar a criação dos símbolos dos times com animais, em 1945, num projeto do Jornal Folha de Minas. A intenção foi mostrar que a cordialidade deveria permanecer entre as torcidas.

Em 2010 foi comemorado o centenário do nascimento de Mangabeira. O cartunista faleceu em 2004 e, em uma de suas entrevistas ao Jornal Estado de Minas, ele evidenciou a importância das mascotes em sua trajetória. “Toda vez que soltam foguete depois de um jogo de futebol de um clube mineiro, um desenho meu está sendo comemorado”, disse.

Atlético

A mascote Galo se misturou ao nome Atlético e, por muitas vezes, substitui o substantivo. A ideia veio das cores preto e branco em comum e das famosas rinhas com o animal na capital mineira. A referência veio de um galo carijó que era imbatível nas lutas. Por isso, vem o complemento forte e vingador.

Torcedor do América, Mangabeira se identificou com o desenho do Atlético a ponto de chorar ao ouvir o grito de Galo, segundo afirmações de pessoas próximas ao cartunista. O filho Edmundo confessou que a mascote alvinegro causou grande impacto na vida de seu pai.

“Esse personagem se destacou, representa bem o time valente e vingador. Também acho apropriada a Raposa para o Cruzeiro. É time que tem direção, administração, é astuto até hoje”, revelou, em entrevista concedida em 2010.

O curioso é que outros símbolos foram cogitados para representar o clube: Índio Carijó, Polvo e Super-Homem. Mas o próprio Mangabeira chegou a admitir que o Galo foi a sua criação que mais empolgou os torcedores.

O grito ganhou força na década de 1950, quando o ex-jogador e ídolo da história do Atlético, Zé do Monte, entrava em campo com um galo nas mãos. A torcida adotou o canto a partir de 1960.

Cruzeiro

A mascote celeste é bem representado nos dois centros de treinamento do Cruzeiro: Toca da Raposa I e II. A astúcia do animal que representa o clube azul é o grande mérito da criação de Mangabeira. O ex-presidente Mário Grosso era conhecido pela agilidade na hora de fechar as negociações.

“Apareceu um jogador notável do interior. Enquanto o Atlético ficava no contrata, não contrata, ele saiu na frente e contratou o jogador”, justificou Mangabeira uma vez.

A inteligência e esperteza de Grosso para não ser passado para trás foram destacadas por Mangabeira para justificar a escolha da Raposa. O time do Cruzeiro de 1945, tricampeão estadual, possuía jogadores com experiência e conhecedores das artimanhas do futebol, outro ponto decisivo na escolha do símbolo.

A mascote foi bem aceito pelos cruzeirenses, que chegaram a pagar bons valores pelo animal no Mercado Municipal na década de 1940. O jornalista Ataliba Siqueira entrou na onda do desenho de Mangabeira e chegou a desfilar na Avenida Afonso Pena vestido de Raposa, fato que ganhou holofotes na época.

O DNA de ser rápido e esperto em negociações seguiu por outras gerações de presidentes do Cruzeiro. Nelinho, Fábio Júnior, Fred, Evanilson, Ramires e dezenas de outros jogadores servem de exemplo de pechinchas que renderam bons frutos.

Nos jogos do Mineirão, os torcedores não gritam Raposa com a frequência que a torcida do grande rival e sua respectiva mascote, mas o “Raposão” é uma das peças da estratégia de marketing.

América


O destino havia reservado um outro animal como mascote do América. A inspiração era no personagem do Pato Donald, que se envolvia em polêmicas por questionar tudo. A fama do desenho da Walt Disney foi transferida ao Alviverde por causa da apelação aos tribunais no Campeonato Mineiro de 1929, quando pediu a anulação de um jogo contra o Cruzeiro e ficou conhecido como “time encrenqueiro”.

Como vários diretores da década de 1940 tinham Coelho no sobrenome e o América também se destacava pela esperteza nos negócios, Mangabeira decidiu desenhar o animal para representar o clube.

“O coelho é um bicho que dorme de olho aberto, assim como o time do América dentro de campo e alguns dirigentes que o clube tinha e que mudaram a história da equipe”, disse à época.

Um fato que evidencia a esperteza do América foi a aquisição do Independência, depois de de acordo com o Sete de Setembro, primeiro dono do estádio.

Outros clubes mineiros e até o Canarinho para a Seleção Brasileira nasceram da mente de Mangabeira. Pelas mãos do artista, o Villa Nova virou Leão, os extintos Sete de Setembro (Tigre), o Metalusina (Tucano) e o Siderúrgica (Tartaruga).

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