CLÁSSICO

A velha e boa solução caseira

Criados na base dos clubes rivais, Alisson e Carlos sonham repetir no clássico desempenho como o do penúltimo duelo de 2014, quando ambos brilharam

postado em 06/03/2015 09:00 / atualizado em 06/03/2015 09:25

Rodrigo Clemente - Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Com investimento pesado em contratações nos últimos anos, Cruzeiro e Atlético chegam para mais um clássico com pratas da casa sonhando em brilhar. Dois deles lutam para ganhar oportunidade depois de sentirem o doce gosto do protagonismo no maior duelo de Minas Gerais: o cruzeirense Alisson, de 21 anos, e o atleticano Carlos, de 19. Ambos iniciaram a temporada em baixa – um por problemas musculares, outro, disciplinares – e agora lutam para recuperar prestígio.

Quando estreou no duelo, Alisson se saiu bem. Em 13 de fevereiro de 2013, na partida de reinauguração do Mineirão, entrou no segundo tempo e deu assistência para Dagoberto marcar o gol da vitória da Raposa por 2 a 1, pela 1ª rodada do Campeonato Mineiro. Depois disso, enfrentou o grande rival mais três vezes. Na última, em 21 de setembro de 2014, tinha atuação destacada, tendo marcado o segundo gol quando a partida estava 2 a 1 para o adversário, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. Uma contusão na coxa esquerda, porém, o tirou de campo, obrigando-o a ver do banco de reservas do Gigante da Pampulha o camisa 13 adversário fazer o terceiro e decretar o triunfo atleticano.

Vontade de jogar não faltou. Além de ter tentado permanecer no gramado na ocasião, ele retornou ao time no fim do ano passado, mas se contundiu novamente, ficando fora da reta final do Nacional e também da decisão da Copa do Brasil, justamente contra o Galo. Em janeiro, voltou a reclamar dor na coxa esquerda e novamente ficou sob os cuidados do departamento médico.

Agora, houve todo o cuidado foi tomado para que ele não sofra mais lesões musculares no local. Tanto que o atleta estava apto a atuar contra o Tupi, sábado, em Juiz de Fora, mas só foi relacionado pelo técnico Marcelo Oliveira para o confronto com o Huracán-ARG, terça-feira, no Mineirão.

“Até brinquei com o pessoal da comissão técnica que, se tivesse saído logo que senti a contusão naquele clássico de 2014, poderia não ter passado por tantos problemas. Mas estava bem e tentei ficar para ajudar”, afirma Alisson, que vem se aplicando bastante tanto no trabalho com bola quanto no reforço muscular, justamente para ficar longe das lesões. “Tenho certeza de que este será um ano abençoado para minha carreira.”

Chateado por ter ficado fora das comemorações pela conquista do Brasileiro do ano passado e também por ter tido condições de ajudar os companheiros na final da Copa do Brasil, ele aguarda pela chance de ser titular outra vez. Porém, procura controlar a ansiedade. “Todo jogador quer disputar um clássico. Eu ainda mais, pois fui criado na base do Cruzeiro, tenho identificação com o time. Quero retomar meu futebol o mais rápido possível”, afirma.

Contra o Huracán, Alisson começou a reconquistar a posição. Além de duas boas finalizações, fez assistência perfeita, por elevação, para Judivan já no fim da partida. Porém, o também prata da casa, dentro da área, tocou rente à trave ao tentar tirar do goleiro, desperdiçando a chance de assegurar a primeira vitória celeste na Libertadores deste ano. Para Alisson, o importante é estar pronto para ajudar a equipe. “Venho trabalhando forte, mas cabe ao treinador decidir quem vai jogar.”

Pelo lado do Atlético, as armas ofensivas para o duelo do fim de semana serão duas joias das categorias de base: o armador Dodô e o atacante Carlos. Eles se conhecem há seis anos e tentam levar o entrosamento e o bom ambiente das concentrações para dentro das quatro linhas. Caberá ao primeiro fazer a função de centroavante em determinados momentos do jogo, enquanto o companheiro terá a incumbência de abrir a defesa adversária com suas investidas e ajudar no contra-ataque pela esquerda.

Para Carlos, há tempos o clássico é uma disputa especial. Na base, ele marcou oito gols em 19 partidas contra o maior rival. Nos profissionais, ele coroou sua melhor atuação pelo Galo com dois gols na vitória por 3 a 2, no returno do último Brasileiro. “As lembranças daquele jogo em que fiz dois gols são ótimas e ficarão guardadas. Agora é mais um clássico na minha carreira em que preciso decidir a favor do Atlético. Será diferente daquele do ano passado, já que os times mudaram e estamos em outra competição”, observa o atacante.

AFIRMAÇÃO Carlos passou por problemas de indisciplina e levou um “puxão de orelhas” do técnico Levir Culpi. Ele teria faltado a um tratamento durante o carnaval depois de ser visto na festa em Ouro Preto. De novo prestigiado com o treinador, ele garante ter aprendido a lição. “São problemas normais de qualquer jogador. Levir pediu para não entrar nos detalhes e nem ficar falando. São fatos passados”. Instável nesta temporada, Carlos só marcou uma vez: no amistoso contra o Shakhtar Donetsk, que terminou com vitória por 4 a 2, no Independência.

Dodô será titular pela segunda vez consecutiva em 2015, e Carlos jogará sua quinta partida desde o início. O desejo de ambos é começar a marcar história pelo Galo diante da Raposa. “Estou muito motivado e tranquilo. É sinal de que nosso trabalho vem sendo valorizado pela comissão técnica. Precisamos corresponder a essa confiança com gols e uma grande atuação”, diz Carlos.


DIRETO DO NINHO


ALISSON
(Armador, 21 anos)
Jogos: 41
Gols: 5
Características: Técnica apurada, disposição, facilidade no drible, mobilidade, visão de jogo

CARLOS
(Atacante, 19 anos)
Jogos: 43
Gols: 9
Características: agilidade, fecha os espaços no lado esquerdo, facilidade nas triangulações, variações no posicionamento, criatividade

Definido o árbitro
Sorteio na FMF definiu Emerson de Almeida Ferreira como o árbitro para a partida de domingo – Cleisson Veloso Pereira era a segunda opção. Guilherme Dias Camilo e Márcio Eustáquio Santiago serão os assistentes. É o segundo clássico sob o comando de Ferreira. Ele apitou, em 28 de julho de 2013, a vitória celeste por 4 a 1, no Mineirão.

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