SÉRIE A

Clubes mineiros pagam caro por acúmulo de desfalques por lesões, cartões e convocações

Com desfalques, América, Atlético e Cruzeiro cumprem péssimo início de Brasileiro

postado em 31/05/2016 16:58 / atualizado em 31/05/2016 17:20

Leandro Couri/EM/D.A Press
O grande número de desfalques contribuiu para o início irregular mostrado pelos times mineiros no Campeonato Brasileiro. Nas quatro primeiras rodadas, América, Atlético e Cruzeiro ficaram sem 33 jogadores por lesão, suspensão e convocações para seleções nacionais. Alguns desses atletas estiveram fora em algumas partidas, mas já voltaram aos times. Vale ressaltar que outras equipes da Série A também tiveram perdas no período.

A maioria das baixas dos mineiros se deve a contusões. No momento, os departamentos médicos dos três grandes de Belo Horizonte estão cheios. No Atlético, 11º colocado, com cinco pontos, o técnico Marcelo Oliveira não conta com oito jogadores (Leonardo Silva, Luan, Lucas Pratto, Dátolo, Carlos Eduardo, Mansur, Clayton e Edcarlos). No Cruzeiro, 19º com dois pontos, Paulo Bento ainda não viu em ação cinco atletas contundidos (Dedé, Manoel, Marcos Vinícius, Allano e Judivan) e dois em trabalho de recondicionamento físico (Alisson e Rafael Silva). Por sua vez, o americano Givanildo Oliveira está com cinco baixas no Coelho (Borges, Osman, Jonas, Pablo e Tony). O time é o 18º, com dois pontos.

As convocações para a Copa América e as suspensões também deixaram os mineiros mais fracos neste início de Série A. O Galo ficou sem o zagueiro Erazo e o meia Cazares, ambos chamados pela Seleção Equatoriana, e Douglas Santos, presente na lista da Seleção Brasileira. Já a Raposa perdeu o lateral-direito Lucas e o volante Lucas Romero, expulsos na partida contra o Coritiba, na estreia do Campeonato Brasileiro. O primeiro ficou fora de uma partida, enquanto o segundo já perdeu dois jogos (Santa Cruz e América) e ainda vai a novo julgamento no STJD.
Edesio Ferreira/EM/D.A Press


O torcedor mineiro está desconfiado, pois sabe que as campanhas ruins não se justificam apenas por essas ausências. No Cruzeiro, por exemplo, a torcida protestou na sede do clube na segunda-feira pedindo reforços e a saída de dirigentes, alegando que as contratações da temporada foram malfeitas. O presidente Gilvan de Pinho Tavares alega que o movimento também teve viés político.

O fato é que num mercado competitivo como o futebol e com profissionais tão bem remunerados nas áreas de gestão, análise de desempenho, médica e de reabilitação de atletas, impressionam o planejamento falho em reposições, os seguidos equívocos na captação de reforços, o excesso de lesões – inclusive recidivas - e o longo tempo de inatividade de alguns jogadores. Nos clubes, o elevado número de jogos é visto como vilão.

A SITUAÇÃO DOS LESIONADOS DE CADA TIME

América

Nove jogadores desfalcaram o América em algum momento neste início de Brasileiro. Quatro já estão à disposição do técnico Givanildo Oliveira. Fora do clássico contra o Cruzeiro, o zagueiro Alison teve uma lesão na coxa, mas já está pronto para pegar a Ponte Preta. Outro defensor que pode atuar no Horto contra a equipe campineira é Adalberto. Ele sofreu estiramento na coxa direita na semifinal do Campeonato Mineiro, mas já está liberado. Grande nome do time, Victor Rangel não pegou a Chapecoense por causa de dores no joelho. Já o meia Matheusinho, revelação da base, foi convocado para a Seleção Sub-20 e não foi opção nas três primeiras rodadas.

O técnico Givanildo teve que quebrar a cabeça para encontrar um substituto para o lateral Pablo no primeiro jogo do Brasileiro. O então recém-contratado Hélder estava no banco, mas não havia realizado nenhum treinamento. Por isso, o zagueiro Artur jogou na ala direita.

Cinco jogadores ainda estão fora de combate. Dois deles se machucaram na estreia do Brasileiro, na derrota para o Fluminense por 1 a 0: o atacante Borges e o meia Osman sofreram lesões na coxa esquerda. Outros três se contundiram durante o Estadual e ainda não entraram em campo no Brasileiro: Pablo, com lesão no músculo adutor da coxa direita, Tony, lesão muscular na coxa direita, e Jonas, com uma torção no joelho esquerdo.

Nesta terça-feira, Givanildo recebeu mais uma notícia ruim. O atacante Victor Rangel foi vetado devido a uma lesão muscular na coxa direita. Com isso, ele está vetado e não enfrentará a Ponte Preta na quinta-feira, às 19h30, no Independência.

O médico do América, Celso Azevedo, alega que o alto número de lesões nesta altura da temporada se deve ao excesso de jogos em série. ”A primeira coisa é a questão do calendário. Conversando com colegas de outros clubes, e vendo pela imprensa, a gente vê que vários clubes infelizmente estão com sequência grande de jogos e, por consequência, um número grande de atletas com lesão. Internamente, nosso centro de excelência tenta trabalhar na prevenção, na avaliação dos jogadores, para tentar antecipar o problema e adaptar as atividades (de cada jogador). Querendo ou não, no futebol hoje em dia, com tantas atividades em sequência, desde o Mineiro a gente está vindo de uma sequência de meio de semana e fim de semana direto, sugere sobrecarga no atleta”.



Atlético

O Galo é o mineiro mais prejudicado quantitativamente pelos desfalques. Ao todo, 14 atletas ficaram fora em algum momento neste início de Brasileiro. Dos jogadores considerados titulares, oito não têm condições de jogo: o zagueiro Leonardo Silva (estiramento na coxa direita), Luan (lesão no menisco e cartilagem), Lucas Pratto (estiramento na panturrilha direita), Dátolo (estiramento na parte posterior da coxa direita), Carlos Eduardo (edema na coxa esquerda), Mansur (estiramento na coxa), Clayton (estiramento no músculo posterior da coxa direita) e Edcarlos (dores na perna).

A situação de Luan é a mais complicada. Em meados de abril, o atacante passou por uma artroscopia no joelho direito por causa de uma grave contusão, com lesões no menisco e na cartilagem. Pratto e Leo Silva tiveram lesões constatadas antes do duelo contra o Atlético-PR, na segunda rodada, e não têm previsão de retorno. Edcarlos jogou as últimas partidas, mas saiu lesionado da partida contra o Vitória.

Nesse último duelo, no último fim de semana, no Barradão, o técnico Marcelo Oliveira não contou com 11 jogadores. Por isso, o Galo é um dos times que mais tem recorrido ao elenco. Contra o Leão da Barra, Marcelo promoveu a estreia do lateral-esquerdo João Figueiredo, jovem promessa da base, que entrou durante o confronto. A novidade para o treinador pode ser a volta do atacante Robinho ao time. Ele está recuperado de uma lesão na coxa esquerda e deve enfrentar o Fluminense, nesta quarta-feira, no Independência.

O coordenador técnico do Atlético, Carlinhos Neves, também atribui o excesso de lesões no clube ao calendário inchado. “Historicamente, o mês de maio é difícil. Questão toda é que desde as oitavas da Libertadores, que coincidiu com finais do Mineiro, passamos a ter jogos muito intensos. Foi o momento em que repetimos a equipe, o que não acontecia antes. A equipe sentiu nesse momento de jogos seguidos, porque tempo de recuperação é muito menor. Realmente, a gente assume que passou da média histórica. Nunca tivemos tantos jogadores lesionados ao mesmo tempo”.

Talvez os desfalques mais sentidos não estejam no DM. O Galo sofre com o calendário do futebol brasileiro. Isso porque o Campeonato Brasileiro não para durante a disputa da Copa América, e o Atlético teve três convocados: o zagueiro Erazo e o meia Cazares (Equador), e o lateral Douglas Santos (Brasil). Os equatorianos podem ficar fora por até sete rodadas. Já Douglas Santos pode perder até 17 jogos se for confirmado na lista dos Jogos Olímpicos e se a Seleção Brasileira chegar às decisões dos dois torneios.



Cruzeiro


O presidente Gilvan de Pinho Tavares reclamou, em entrevista à TV Alterosa, nessa segunda-feira, da falta de noticiário acerca dos jogadores contundidos do Cruzeiro. De fato, a Raposa tem jogadores de peso sem condições de entrar em campo, mas o número de desfalque é menor que o do arquirrival Atlético. Onze atletas ficaram ausentes em alguma das quatro rodadas da Série A.

Atualmente, cinco atletas estão no DM: Dedé (fratura linear na patela direita), Manoel (artroscopia no joelho esquerdo), Judivan (lesão no joelho), Marcos Vinícius (lesão muscular na coxa esquerda) e Allano (luxação no ombro esquerdo). Desses, apenas Allano já entrou em campo pelo Brasileiro. Em um time ideal, Dedé e Manoel estariam na zaga, enquanto Judivan e Marcos Vinícius seriam ótimas opções para o setor ofensivo.

O médico do Cruzeiro, Sérgio Freire Júnior, não foi encontrado nesta terça-feira para falar sobre a situação desses atletas. De qualquer forma, o departameto do clube tem como padrão não dar detalhes das contusões nem tampouco previsão de retorno.

O time celeste ainda não conta também com outros dois importantes jogadores: o lateral Mayke e o atacante Rafael Silva. Eles estão em trabalho de recondicionamento físico e logo devem ganhar condição de jogo.

Por outro lado, o português Paulo Bento ganhou importante reforço esta semana. O meia Alisson, que estava com edema na coxa direita, está recuperado e foi relacionado para a partida contra o Botafogo, no Mané Garrincha, nesta quarta-feira, às 21h45. O técnico teve dificuldade para montar a equipe até aqui. Contra Figueirense e América, ele improvisou o volante Gino na lateral direita. Com Mayke machucado e Lucas fora por suspensão e cansaço muscular, ele preferiu testar o uruguaio no setor a dar uma oportunidade ao jovem lateral Kevin, que é destaque na base.

Eleita a melhor contratação do Cruzeiro na temporada em enquete do Superesportes, o volante Lucas Romero ficou fora de dois jogos do Brasileiro por suspensão: derrota para o Santa Cruz (4 a 1) e empate com o América (1 a 1). Na primeira rodada da competição, contra o Coritiba, ele pisou de forma desleal no venezuelano César González. Pelo lance, acabou punido com quatro partidas de suspensão em julgamento da Terceira Comissão Disciplinar do STJD. No momento, o argentino está liberado para atuar devido a um efeito suspensivo. Mas Romero ainda vai a julgamento no Tribunal Pleno o STJD.

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