DA ARQUIBANCADA

Escolhemos perder

"Esse tipo de sofrimento é coisa da turma do 'eu acredito', não quero isso não"

postado em 28/09/2016 12:00 / atualizado em 28/09/2016 09:37

Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Uma das grandes dúvidas do futebol é o que fazer quando o grande rival depende de um resultado nosso. A máxima do esporte é que nunca devemos entrar em campo pensando em perder. Afinal de contas, torcemos para que o nosso time vença as partidas e os campeonatos.

Uma vitória contra o rubro-negro da Gávea daria uma boa chance para a turma do bairro de Lourdes, e perder apenas adiou a nossa fuga definitiva do crematório da Série B. Continuamos na mesma situação, dependendo dos gols do Ábila e tendo taquicardia com a subida dos nossos laterais. Não entendo para que tanta ansiedade. Será que não dá pra ficar um pouco na defesa? É um desespero a todo momento e um Deus nos acuda pra voltar e evitar os contra-ataques.

Perder para o vice-líder seria normal, mas, como tivemos a chance de ganhar, ficou um gosto muito amargo na boca. Este urubu ficou muito indigesto para um domingo.

Nem olhei para as estatísticas, mas nos jogos recentes do Cruzeiro o meu coração tem ficado acelerado a partir dos 30 minutos do segundo tempo. Os finais das partidas têm sido muito emocionantes, principalmente para o mal. Esse tipo de sofrimento é coisa da turma do “eu acredito”, não quero isso não.

Tenho uma notícia triste para os meus amigos de Vespasiano. Podem esquecer do Brasileirão, pois, para ser campeão, tendo times do Rio e de São Paulo na frente da tabela, precisariam de muitos pontos de frente, como fizemos em 2013 e 2014. Fatores extraterrestres começam a incidir sobre os ventos, braços aparecem e impedimentos imprecisos começam a determinar as partidas.

O nosso maestro Mago Menezes disse que não vamos cair e confio nele. O foco é diminuir a oscilação nos resultados. A cada dia, acredito mais que a goleada sobre o Botafogo na Copa do Brasil criou uma péssima ilusão pra nós. Acho que Deus está separando algo especial nesta reta final do campeonato. Talvez tenhamos que perder algo para ganharmos o reino da Série A. Se o preço for perder a Copa do Brasil, que seja. Não podemos é começar com a síndrome de perseguição ou achar que é má sorte. Xô pra lá, invejosos.

Uma pena o que aconteceu no aeroporto de Vitória com a delegação do Cruzeiro. Estes fatos só demonstram que o futebol não é um simples esporte para os brasileiros. Na minha opinião, é mais que uma religião. Deixar o Flamengo se aproximar do topo da tabela é quase como entregar a taça. O exército rubro-negro aparece do nada e começa a pressionar de todas as formas.

Contra o Corinthians, pela Copa do Brasil, temos um histórico de belas vitórias. Entrei no Youtube para rever alguns lances que pudessem me inspirar. Um dos jogos contra a turma do Parque São Jorge foi 4 a 0, com direito a gols do Palhinha e do incansável Nonato. Talvez, relembrar o passado possa inspirar o nosso futuro.

Tags: cruzeiroec Henrique Portugal