Hoje à noite acontecerá uma grande festa para celebrar os 50 anos do primeiro título nacional conquistado por um time mineiro. Me senti muito honrado por ter sido convidado para apresentar este evento tão importante para qualquer cruzeirense. No livro dedicado ao Brasileiro de 2013, escrevi uma página especial sobre a conquista de 66. O que estamos celebrando hoje não é somente um título brasileiro. Vencer a Taça Brasil foi o sinal de que algo havia mudado no nosso estado. Não éramos mais um time em ascenção. Nos tornamos, naquele momento, o time mais vitorioso do estado. Com a inauguração do Mineirão, em 1965, criou-se uma nova relação entre as pessoas e os jogos de futebol. Havia melhor infraestrutura, um número muito maior de lugares e, consequentemente, um maior apoio da torcida. A famosa goleada de 6 a 2 sobre o Santos, conduzida pelo mitológico árbitro Armando Marques, teve um público estimado de 90.000 pessoas. Isso fez toda a diferença.
O elenco que disputou a Taça Brasil veio, em boa parte, da nossa base. A conquista do Mineiro de 65 garantiu a vaga no torneio que agora estamos comemorando.
Meu pai, que é torcedor do América, sempre fala que este título mudou a relação de forças no estado. O América perdeu seu lugar para o Cruzeiro no grande clássico mineiro e o time do bairro de Lourdes começou o seu longo e interminável processo de autoflagelo, que só é interrompido a cada 40 anos. Esses detalhes que acabei de citar foram mudanças apenas regionais. O Santos, de Pelé, era uma máquina de títulos que acabou sucumbindo ao novo, um clube que estava recheado de novos craques. Para confirmar o que digo, basta pegar o nome dos jogadores que participaram desse torneio e verificar a quantidade de títulos que cada um ganhou em suas carreiras, até mesmo fora do Cruzeiro. A turma de Vespasiano tem que nos agradecer mais esta. A nossa vitória serviu de motivação para que eles ganhassem o único Brasileiro alguns anos depois.
Gostei muito da linha de camisas comemorativas que lembram as que foram utilizadas na época. O manto azul somente com as 5 estrelas é maravilhoso.
Além de todos os homenageados, não poderia deixar de falar do Zé Carlos, que esteve nesta conquista, ficou no Cruzeiro até 1977 e agora está passando por um momento difícil. Tenho muito carinho por ele pois, além de ter nos dado muitas alegrias, esteve presente no lançamento do meu livro em comemoração ao nosso tricampeonato de 2013. Quem puder ajudar será muito bem-vindo.
Falando em jogadores, não consigo imaginar quem atuará na partida contra o Corinthians no próximo domingo. Os paulistas ainda pensam numa pré-Libertadores. Do nosso lado, qual será a motivação por uma vitória? Este é o jogo ideal para levar as crianças, comprar todos os picolés que elas quiserem, fazer festa, cantar e se divertir porque o que acontecerá dentro de campo pouco importa para o nosso futuro.