Fred Melo Paiva

DA ARQUIBANCADA

Se o Galo ganhar, o 6 a 1 já era

Já passou o Natal, já veio o réveillon, já fomos pra Guarapari em janeiro, e nada desse 26 de novembro chegar

postado em 22/11/2014 12:00 / atualizado em 21/11/2014 21:40

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Hoje deveríamos tratar, sem delongas, da finalíssima da próxima quarta-feira - quando, segundo o perna de pau Egídio, enfrentaremos não apenas o campeão brasileiro como também o campeão antecipado da Copa do Brasil. Mas há uma outra quarta-feira, a passada, que merece menção honrosa. Se no Brasil tem espectador de futebol com calo no olho, esse último Atlético x Flamengo foi um verdadeiro dr. Scholl, capaz de curar até o mais proeminente joanete ocular.

O que foi aquilo, minha gente? O Galo parecia o Barcelona, a Seleção de 1970, o Atlético de Cuca e R49. De tão avassalador, cheguei a ter pena do Flamengo - e olha que isso pra mim é fenômeno difícil de ocorrer, visto que no fundo no fundo o mínimo que eu já desejei a esse pessoal é uma tragédia impublicável, esse tipo de coisa que pensam as mentes doentias.

Dessa vez não - quando estavam pra voltar do vestiário, durante o intervalo, imaginei aqueles pobres diabos só esperando a hora de subir na forca. Àquela altura tava 2 a 0, mas se tivesse 5 não seria anormal. Fiquei com pena (menos do Leo Moura, com aquele moicano de punk que gosta mesmo é de Só Pra Contrariar).

Quando o Galo fez 3 a 0, celebrei os 7 a 1 no agregado dos dois últimos jogos. Se o meu filho pequeno tivesse torcido pra selecinha na Copa, eu tinha diminuído o som da televisão e falado pra ele: “O Brasil está jogando de preto e branco por causa do feriado da Consciência Negra, e hoje é a revanche contra a Alemanha, com a sua camisa inspirada na do Flamengo”.

Mas aí vem o Dodô e avacalha tudo, fazendo 8 a 1 - isso é que dá colocar esse tanto de menino da base... O jeito então foi torcer pelo 9 a 2 eterno. Que infelizmente não aconteceu, já que a marca é exclusividade do Pirangi, com patente registrada na Biblioteca Nacional. Pra fazer 9 a 2 em alguém de novo, tem de pagar royalties pro time do Barro Preto.

Dito isso, tem essa quarta-feira 26 que não chega de jeito nenhum - já passou o Natal, já veio o réveillon, já fomos pra Guarapari em janeiro, e nada desse 26 de novembro chegar. E hoje ainda tem os Amigos do Dodô contra o Internacional no Beira-Rio lotado. É um aperitivo e tanto, mas dá logo aqui esse dia 26 e não enche mais o saco.

Nesta Copa do Brasil, o Atlético enterrou o cadáver de 1999 - aquela mão na área, faltando 5 minutos pra terminar o terceiro e último jogo da decisão com o Corinthians, e que o juizão escolheu não ver. Enterrou José de Assis Aragão, José Roberto Wright, o Renato Gaúcho de 1987 e o Luxemburgo de 2011. Daqui a 50 anos, ainda falaremos desses 4 a 1 eternos - foi nessa época, dirão os mais velhos, que o Atlético virou a Alemanha do Flamengo.

Se o Galo levantar a Copa do Brasil na quarta-feira, enterraremos pra sempre o 6 a 1 que o Roger Flores mostrou com as mãos - e eu, sem entender o motivo de aquela galhada estar sobre sua cabeça, achei que Débora Secco havia sido apanhada com a boca em alguma botija que não era a do Roger.

O Galo ganhou a mais épica de todas as Libertadores. Vai ganhar a mais merecida de todas as Copas do Brasil. Por enquanto tá 2 a 0. Tô apostando justamente em 6 a 1 no agregado, sem galhada na cabeça. É hora de fazer promessa, meu povo! Prometer e pagar! Porque Deus tá devolvendo com juros tudo que um dia tiraram da gente.

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