Fred Melo Paiva

DA ARQUIBANCADA

Entre a glória e a marica de durepóxi

Aproveitaria a conjuntura para propor o seguinte: 50% do Diamond vai para a construção do estádio. Os outros 50% eu dava na mão do Cuca e fechava um contrato vitalício. Ou faria o mesmo com o Levir

postado em 22/07/2017 12:00 / atualizado em 22/07/2017 10:06

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Que semana, meus amigos! Fazia tempo que o atleticano não podia exercer – com tamanha excelência e em toda a sua plenitude – a bipolaridade que nos acomete desde sempre. Na falta da carteirinha que você rasgava num dia e colava com durex no outro, há relatos de gente que arremessou no gramado do Horto seu cartão de sócio-torcedor. E já pediu segunda via, é lógico, afinal amor de Galo é a mesma coisa que amor de mãe, os únicos resistentes a qualquer intempérie.

A lamentar, mesmo, é que o arremesso de GNV não tenha constado de nenhuma súmula, o que nos fez perder a chance de perder algum mando de campo (a juizada sempre contra nós, que coisa). Se eu fosse o jurídico do Atlético, entraria com recurso no STJD: “Exigimos punição exemplar, com a perda de todos os mandos de campo até o final do campeonato. Ou da próxima vez vai chover canivete em vez de GNV”.

Particularmente, usei da minha bipolaridade igual caipirinha em roda de samba, ou seja, como se não houvesse amanhã. Enquanto o Atlético Goianiense vencia por 1 a 0, domingo passado, tive a certeza, líquida e certa, de que cairíamos como um Internacional. E a melhor coisa a fazer era aproveitar a desculpa do golpe e pedir asilo político a Pepe Mujica. Ainda mais que se iniciaria, no dia seguinte, a venda de maconha nas farmácias do Uruguai. Pensei comigo: antes de o Galo cair eu viro maconheiro e vou viver da venda de maricas de durepóxi em Montevidéu. Fazer igual o Belchior: suicidar sem ter de morrer, sumir do mapa, fugir pro Uruguai.

O auspicioso plano começou a dar errado quando o Atlético virou o jogo. No dia seguinte eu já tava certo que dava pra ser campeão, e que não era milagre, era Atlético Mineiro. Olhei a tabela e tinha Bahia e Vasco em casa, o Grêmio a gente ia pegar no embalo, o Corinthians em casa logo mais. O Galo ia ganhar o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores. No lugar de colocar coroa em cima do escudo, a gente ia colocar era o castelo inteiro, o rei, a rainha, o bobo da corte.

Aí veio o Bahia, e foi aquela lambada, aquela axé music tocando no próprio quintal, Dodô e Osmar, Ivete Sangalo, Claudia Leite, que desgraça. Caiu no Horto, tá morto – segue valendo o bordão, só que agora quem morre é a gente. E como desgraça pouca é bobagem, o juizão inventou um pênalti, mas o Fred disse que o pênalti inventado foi pênalti mesmo. Não é mole não, jogo do Galo até o Fred é ladrão, que coisa impressionante...

Depois de mais um revés em casa, foi como disse a Maysa: meu mundo caiu. Vou ali dar uma suicidada e já volto, teria falado o Humberto Werneck se não fosse cruzeirense (não praticante, como todos, mas cruzeirense). O Atlético é hoje um amontoado de jogadores cuja grande especialidade é consagrar o goleiro adversário. Jeferson, Vanderlei, Jean – se forem vendidos neste ano, o Galo tem de ir à Fifa exigir seus 10%.

Eu era contra demitir o Roger. Mas, como um Belchior que sofresse da nossa bipolaridade, desesperadamente eu grito em português: “Fora Roger! E leva o Temer junto!”. Da minha parte, aproveitaria a conjuntura para propor o seguinte: 50% do Diamond vai para a construção do estádio. Os outros 50% eu dava na mão do Cuca e fechava um contrato vitalício. Ou faria o mesmo com o Levir. Aliás, com essa bufunfa toda dava pra trazer os dois e mais o Carille. Uma junta para governar esse elenco desgovernado.

É uma pena que a minha proposta não tenha chegado a tempo, e Rogério Micale já tenha sido anunciado. Racionalmente, temo pelo nosso futuro. Mas como na bipolaridade não há qualquer razão, acho que vai dar é muito certo. E se não der, que não nos falte o durepóxi nem o Uruguai.

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