MMA

UFC FIGHT NIGHT 47

Ju 'Thai' Lima faz história e é a primeira mineira a lutar no Ultimate Fighting Championship

Lutadora encara polonesa Joanna Jedrzejczyk no evento em San Jose, na Califórnia

postado em 26/07/2014 08:19 / atualizado em 26/07/2014 17:09

Josh Hedges/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images

Túlio Kaizer, Tiago Mattar, José Cândido Junior e Vicente Ribeiro

É dia de estreia no Ultimate Fighting Championship. A mineira Juliana Lima, conhecida como Ju Thai, luta na noite deste sábado pela primeira vez no maior evento de MMA do mundo e será a primeira mulher do estado a competir na organização. A lutadora de 32 anos enfrenta a polonesa Joanna Jedrzejczyk na segunda luta do UFC Fight Night 47, na SAP Center, em San Jose, na Califórnia.

O duelo acontece pelo peso palha, a mais nova categoria de mulheres no UFC. E a lutadora mineira vai em busca do primeiro passo para disputar o cinturão, que ainda está sem dona.

Confiante na estreia, Ju Thai disse, em entrevista ao Superesportes, que está 100% focada na luta contra Jedrzejczyk. “Eu estou super feliz e muito preparada para a estreia. Estou doida para chegar logo a luta e levar essa vitória para Minas Gerais. Vou fazer barba, cabelo e bigode. Estou focada apenas na luta e na vitória”, disse a lutadora de Belo Horizonte.

A preparação de Ju Thai foi feita em duas partes: a primeira em Belo Horizonte e a segunda nos Estados Unidos, e contou com grandes nomes. “Sai de BH pronta para a luta. Tive um grande tempo para treinar em Nova York e fiquei na academia do Renzo Gracie, onde treinei com vários técnicos da academia e fiz atividades de cinco rounds com uma lutadora de lá. Depois, fui para Houston encontrar com o meu mestre, Draculino, que aperfeiçoou meu jogo. Cheguei em San Jose na segunda e treinei dois dias com Alexis Davis (última atleta que lutou pelo cinturão do peso galo, contra Ronda Rousey, onde acabou derrotada), que elogiou bastante as minhas técnicas. Com tudo isso, me sinto preparada para vencer”, completou.

Sem pressão por ser a primeira mineira a lutar pelo UFC, Ju Thai, que tem um contrato de quatro lutas com a organização, se inspira em Cris Cyborg para dar show e entrar na fila do cinturão. “Eu não posso sentir, senão vai me atrapalhar. Sei que sou a primeira mineira a entrar no UFC. Mas não quero pensar nisso agora. Quero sentir a responsabilidade depois da luta. Me inspiro no estilo da Cris Cyborg, que é uma guerreira. Espero dar um show para o UFC e para o fãs e espero que eles gostem. Quero entrar na fila pelo cinturão, comendo quieta, como uma mineirinha tradicional”, concluiu.

Leia a entrevista completa de Ju Thai ao Superesportes

Qual a expectativa para a aguardada estreia no UFC?

Eu estou super feliz e muito preparada, bem treinada e bem mentalmente. Minha cabeça está muito boa. Estou doida para chegar logo a luta e levar essa vitória para Minas Gerais.

O que você pode esperar do jogo de sua adversária Joanna Jedrzejczy no combate? Quais as principais características dela?
Se ela não tentar me surpreender e fizer o que faz normalmente em suas lutas, ela é muito boa em pé. Ela tem uma combinação muito boa, onde sempre termina chutando e tem um overhand de direita que é muito pesado, principalmente por causa de sua grande envergadura. Ela não chuta adversária que coloca a luta para baixo, que é o meu caso. Eu não acredito que ela vai chutar, porque eu sou muito boa para aplicar uma queda a partir de um chute. Tomara que ela chute (risos), porque vai ser ótimo. Ela tem grandes combinações e anda para cima, tomando conta do centro do octógono.

Pretende manter o estilo mais agressivo na luta, apostando na trocação?

Eu quero estar mais agressiva ainda, estou guardando a agressividade no meu corpo. Eu sempre fico nervosa para as lutas, mas desta vez é diferente. Não tem motivo para estar ansiosa. Vou deixar para ficar nervosa da luta. Os fãs podem esperar a Ju Thai na trocação. Nas lutas que vi dela, as adversárias ficavam com medo de trocar golpes com ela. Eu vou trocar golpes com ela, dominar o centro do octógono. Minha mão esquerda está afiada e colada, vai ser difícil ela conseguir me tocar. Não vai ter overhand e uppercut. Vou fazer barba, cabelo e bigode. Vou trocar com ela, depois vou colocar para baixo, ai vou com tudo no ground and pound e no jiu-jítsu. Se ela bobear, eu vou pegar o pescoço dela. Estou muito confiante.

Como foi o camp para luta? Você dividiu a preparação entre BH e Nova York?
Já sai de Belo Horizonte preparada. Sai de BH pronta para lutar. O UFC sempre dizia que eu iria lutar, mas nunca marcava a data. Imaginei que lutaria na final do TUF 19 (6 de julho) e como sou muito ansiosa, comprei a passagem para treinar em Nova York. Logo depois marcaram minha luta. Estou treinando forte desde o fim do ano passado. Passei três semanas treinando na academia do Renzo Gracie. Treinei com vários membros da família Gracie. Eles têm uma lutadora de MMA na academia, com as mesmas características da minha adversária, então fiz vários rounds de treinamento. Sai de Nova York melhor do que estava em BH. Depois fui para Houston para encontrar com o Mestre Draculino, que ficou orgulhoso. Vendo que eu estava bem, ele apenas me ajudou em detalhes para ajustar meu jogo. Aqui em San Jose, fiquei dois dias sem meu coach, que teve problemas particulares. Recebi uma ligação do Flavio, marido da Alexis Davis (última desafiante vencida por Ronda Rousey), me oferecendo ajuda para treinar durante esses dias. Fiz vários rounds com ela e fui muito elogiada. Isso me deixa muito confiante. Estou me sentindo bem com os elogios de pessoas mais experientes. A Alexis é uma das feras do MMA feminino, apesar da derrota para Ronda. Ouvir dela que estou bem me deixou muito mais feliz e confiante.

Na sua primeira luta internacional, pelo Invicta, você foi derrotada e disse que sentiu um pouco a pressão. Como conter a pressão e a ansiedade na estreia no UFC, maior evento do mundo?
Eu aprendi a lição. Errar uma vez é humano, duas é burrice. No Invicta, eu fui mole para luta. Posso dizer que foi a pior fase da minha carreira. Eu tinha acabado de viajar para o Líbano, mas a adversária passou seis quilos do peso da categoria e a luta foi cancelada. No Invicta, superei a tristeza. Na vida de todo atleta, pode acontecer a vitória ou a derrota. Mas o jeito que perdi, não desmerecendo a Katja Kankaanpaa, não dei 100% de mim. Sai mal do octógono. Nos dois primeiros rounds, não lutei. Ela não me deu um soco, um chute. Ela me levava para a grade e amarrava o combate, aplicando uma ou outra queda. No terceiro round eu acordei, lutei e ganhei o round, mas perdi a luta. Sai do octógono muito mal e fiquei remoendo muito tempo a derrota, pelo fato como ela aconteceu. Se tivesse dado o meu máximo, ficaria feliz. Aprendi a lição. Fiquei muito deslumbrada, estava em um ambiente diferente, em uma luta internacional. Estou mais focada. Vou deixar para deslumbrar após a luta. Agora eu só penso em luta e vitória.

Entre os homens, o UFC já conta com os mineiros Glover, Sapo, Bomba, Warlley, Lucas Mineiro... E você é a primeira mulher representante de Minas. Qual é a sensação de representar o estado?

Eu não posso sentir, senão vai me atrapalhar. Sei que sou a primeira mineira a entrar no UFC. Mas não quero pensar nisso agora. Quero sentir a responsabilidade depois da luta. Depois vou pensar que fui a primeira a lutar e ganhar no UFC representando o estado. Sei que está todo mundo na torcida. Mas agora tenho que focar na luta.

Acredita que Minas Gerais pode revelar mais talentos do MMA? Como vê a cena de BH e do estado no esporte?

Está crescendo muito. Há três anos atrás, não tinha evento de MMA em Belo Horizonte. O Brasil Fight foi o primeiro evento grande em BH. As academias passaram a encher mais e todos passaram a pensar no esporte como profissão. Após minha luta no Brasil Fight, as meninas começaram a treinar mais e a acompanhar os eventos. Minas Gerais hoje é um dos pólos do MMA no Brasil. Temos vários lutadores e agora grandes academias, o que faz o esporte crescer no estado.

Qual foi o motivo de ter ficado fora do TUF 20 nos Estados Unidos, apesar de ter sido anunciada a sua participação anteriormente? A língua inglesa foi uma barreira?

Eu não tenho o inglês perfeito, mas sou formada em turismo e me viro no inglês. Esse foi um dos motivos que eles colocaram para eu não estar no TUF. Para mim foi até bom, porque não preciso passar pelo estresse que é a casa. O único motivo ruim de eu não estar lá, é não disputar o título do peso palha. Mas é melhor, porque não tive que passar pelo estresse da convivência e de manter o peso por 20, 30 dias. Estou feliz, consegui um contrato de quatro lutas, estreando em um evento oficial e para mim está maravilhoso.

Você acha que boa vitória pode te deixar próxima da disputa de cinturão da recém-criada categoria peso palha? Ou espera mais desafios na categoria até disputar o título?
Eu estou na fila pelo cinturão. Espero dar um show e espero que eles gostem. Estou na fila, comendo quieta, como uma mineirinha tradicional.

Ronda Rousey é a principal lutadora da atualidade no MMA. Ele é uma inspiração para você?
Ronda é a melhor lutadora na atualidade. Ela provou isso. Gosto muito dela, do estilo, da agressividade. Mas me inspiro na Cris Cyborg. Me inspiro no estilo dela. Acho que é porque a Ronda apareceu há pouco tempo no MMA e acompanho a Cyborg a mais de sete anos. Sei a guerreira que ela é, os desafios que ela já passou.

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UFC Fight Night 47
SAP Center, em San Jose, Califórnia

Card principal

Robbie Lawler x Matt Brown
Rogério Minotouro x Anthony Johnson
Clay Guida x Dennis Bermudez
Bobby Green x Josh Thomson

Card preliminar
Jorge Masvidal x Daron Cruickshank
Kyle Kingsbury x Patrick Cummins
Hernani Perpetuo x Tim Means
Brian Ortega x Mike De La Torre
Gilbert Durinho x Andreas Stahl
Juliana Lima x Joanna Jedrzejczyk
Noah Lahat x Steven Siler

Tags: UFC Fight Night 47 San Jose Ju Thai estreia ufc califórnia mineira