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UFC FIGHT NIGHT 56

Cláudio Mineiro, o 'Hannibal', supera preconceito em Londres e realiza sonho de lutar em casa

Atleta nascido em Uberlândia estará em ação na estreia do octógono no Sabiazinho

postado em 11/10/2014 08:12 / atualizado em 04/11/2014 17:17

Vicente Ribeiro e Túlio Kaizer

Um lutador nascido em Uberlândia será atração do primeiro evento do Ultimate Fighting Championship na cidade, o UFC Fight Night 56, em 8 de novembro, no Sabiazinho. Claudio Henrique Silva, também chamado de Claudio Mineiro, ficou conhecido como ‘Hannibal’ quando morava em Londres e retornará à terra natal para enfrentar o britânico Leon Edwards, pela divisão dos meio-médios.

Claudio Mineiro, de 32 anos, deixou o Triângulo Mineiro para tentar a sorte na Inglaterra, em Londres, mas sofreu com as diferenças culturais entre os países. Ele ainda relatou problemas com o que chamou de preconceito dos ingleses, que preferem abertamente os atletas da trocação, os chamados strikers (golpeadores) aos adeptos da luta agarrada, como o jiu-jitsu.

O Hannibal, apelido que ganhou por entrar com a máscara do personagem Hannibal Lecter, imortalizado nos cinemas por Anthony Hopkins, estreou no UFC justamente em Londres, no Fight Night 38, em 8 de março deste ano, na O2 Arena. O brasileiro teve como adversário o inglês Brad Scott e venceu por decisão unânime – triplo 29 a 28 -, no card preliminar.

Claudio Mineiro retornou ao Brasil para treinar na equipe Nova União, no Rio de Janeiro, liderada pelo técnico André Pederneiras e que tem como integrantes José Aldo, Renan Barão, Junior Cigano e outros destaques. Foi o suficiente para o Hannibal recuperar a autoestima e se preparar bem visando ao duelo em Uberlândia. Em entrevista ao Superesportes, ele disse que o apoio da família foi outro fator que o levou a deixar a ‘frieza’ dos ingleses de lado e voltar ao país de origem.


Confira a entrevista exclusiva com Claudio Mineiro


Qual a expectativa para lutar em casa pelo UFC?

A expectativa é sempre a melhor. Pela torcida, é expectativa de vitória. É uma cidade que não tem tradição nenhuma no MMA, nós nunca tivemos um representante aqui. Eu fico muito honrado de lutar pela minha cidade, de lutar pelo bairro. É um bairro carente que se chama Bairro Tocantins, e fico feliz de estar na frente dos meus amigos, da minha família e todos meus conterrâneos. Essa será minha segunda luta no UFC e minha primeira no Brasil. Nunca lutei no Brasil, então estou muito motivado. Estou na Nova União, os treinos estão de vento em poupa, estou aprendendo muito todos os dias. Estou feliz em ser o garoto propaganda da minha cidade de Uberlândia.

Você estreou com uma boa vitória no UFC. Acredita que vai conseguir desenvolver melhor seu jogo depois de superar o nervosismo da primeira luta?


Eu lutei na casa do adversário, foi muita pressão e tive um grande oponente. Era minha primeira luta no UFC, estava sem a família, só treinando, isso conta muito. Quando você está com a família, em seu país, tudo muda. Agora, será muito melhor e estarei preparado em todas as áreas. Mas é preciso sentir o friozinho na barriga, senão há alguma coisa errada. O importante é que a estreia já passou, estou pronto para a próxima.

O que sabe sobre seu adversário?

É um cara duro, mas não vejo nada de diferente. Lutei contra adversários melhores e fiz um camp com atletas que têm mais qualidades que o meu adversário. Vou lutar para vencer.

Como está sendo sua preparação? Tem treinado muito? Onde vem treinando?

Venho treinando firme na Nova União, com o Dedé Pederneiras, além de uma preparação física boa. Estarei muito bem preparado para lutar em casa. Nunca tive a torcida a favor e quero colocar minha cidade no calendário anual do UFC.

Você chegou a treinar com o Cigano. Ele está participando de seu camp?

É um sonho treinar com esses caras. Tive o Cigano, o José Aldo como ídolos, os demais integrantes também apoiam. Sempre treinei no exterior, mas queria voltar a morar no meu país. Para mim, todo dia de treino é um aprendizado. Em dez meses, evoluí 10 anos. Aprendo muito todos os dias e meus amigos têm me ajudado muito. Estou vivendo um grande sonho, voltar ao meu país para treinar, morar e ainda vou lutar na minha cidade.

Vai tentar levar o duelo para o chão ou vai buscar a luta em pé?


Minha principal estratégia é a mesma, usar o carro-forte, é uma luta de MMA e estou pronto para nocautear ou finalizar. Vou mostrar isso no dia.

Em quanto tempo você acha que poderá figurar entre os melhores da divisão?

Isso é com o tempo, minha preocupação é apenas treinar e evoluir, melhorar luta a luta, subir degrau por degrau. Não tenho essa preocupação agora, e sim com o trabalho sem queimar etapas. Acho que daqui a três lutas já poderei enfrentar grandes nomes.

Explica um pouco a situação do evento em Londres que você lutava e finalizava todos os adversários

Na Inglaterra os caras queriam atletas locais, os brasileiros sofrem preconceito, principalmente por causa do jiu-jítsu. Falaram que eu não era da trocação, um striker, não atrairia público. Já fui boicotado em Londres, até mesmo pela mídia, não dava muita entrevista e nem tinha patrocínio. Mas agora é uma nova fase na minha vida, sentir esse calor humano dos brasileiros, lá não temos isso, ninguém se ajuda, fala bom dia, por isso voltei. Lá eu morava sozinho.

 

 

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