TIRO LIVRE

A nota 6 de Levir

Tudo bem que as lesões têm atrapalhado o trabalho ao longo do ano, mas ele teve tempo e jogos suficientes para fazer o time mostrar um pouco mais - coletivamente, pelo menos, já que individualmente a fase não é das melhores

postado em 22/08/2014 14:00 / atualizado em 22/08/2014 15:19

Kelen Cristina /Superesportes

Rodrigo Clemente / EM DA PRESS
Uma das sessões que mais causam discussão em noticiário esportivo de qualquer jornal impresso é a de avaliação dos jogadores por meio de notas. Todo mundo vê a mesma partida, mas a análise é a mais diversa possível. Uns são mais condescendes, outros, mais rigorosos. Critérios técnicos se perdem em meio à passionalidade, sem contar a influência da preferência (e, da mesma forma, da rejeição) por um ou outro atleta. Ao comentar a derrota de virada do Atlético para o Flamengo por 2 a 1, na noite de quarta-feira, no Rio, o técnico atleticano Levir Culpi se inseriu nesse polêmico contexto, dando nota 6 para a atuação do Galo. Não seria 6 uma nota alta demais?

Talvez pela instabilidade ao longo do jogo no Maracanã, o máximo que o time alvinegro mereceria seria 5. Jogadores que outrora fizeram jus a elogios, desta vez nem na média ficariam – como o atacante Diego Tardelli. Nota 3 para a apresentação dele pós-convocação para a Seleção Brasileira. O centroavante Jô é outro que, ultimamente, não tem mostrado futebol para receber mais do que 4. O goleiro Victor, como todos dizem, tem crédito de sobra. Mas na frieza dos números, está no patamar do 5 desde que retornou do Mundial.

Isso sem contar os laterais, os zagueiros, os volantes… Fato é que o comandante foi bonzinho além da conta com seus comandados. Pode ter sido estratégia, uma tática psicológica, com Levir Culpi enviando a mensagem para que os jogadores acreditem que foram nota 6 e joguem como uma equipe no mínimo nota 6. Assim, quem sabe, eles melhoram a atuação daqui por diante.

Em sua terceira passagem no clube, o próprio treinador ainda está na nota 5. Há quatro meses no Atlético, ele não conseguiu dar um padrão de jogo ao time. Tudo bem que as lesões têm atrapalhado o trabalho ao longo do ano, mas ele teve tempo e jogos suficientes para fazer o time mostrar um pouco mais – coletivamente, pelo menos, já que individualmente a fase não é das melhores.

A falta de opção nas saídas para o ataque (uma das piores heranças de Paulo Autuori) continua sendo um dos grandes entraves. Se a bola não chega com qualidade à frente, e os atacantes não estão inspirados, como esperar que o time engrene? O mesmo vale para a defesa, que tem deixado grandes espaços e facilitado a aproximação dos adversários. Como imaginar, então, que o time brigará por títulos, como apregoou ontem o presidente Alexandre Kalil?

A distância do Atlético atual para a possibilidade de conquistas aumenta a cada dia. É claro que a situação não é dramática, e a colocação do alvinegro no Campeonato Brasileiro até condiz bem com o potencial da equipe. A questão é tratar toda essa situação com realismo. O caminho do Galo na Copa do Brasil não é dos mais fáceis, e para obter êxito será necessário ter atuações muito acima da nota 6 citada por Levir.

Sei bem o quanto nota é avaliação subjetiva, muito pessoal. Ao longo da minha carreira, já tive uma série de embates por causa delas – até mesmo com jogadores, que acreditavam merecer maior complacência da minha parte. Já recebi muito olhar enviesado por causa dessas avaliações, uma vez que sou da turma que pende para a exigência. Para mim, o 6 está mais para feio arrumadinho do que para bonitinho. É um mais ou menos que deu certo. A nota 7 já seria um avanço. Contudo, para falar que o time está ajeitado, tem de ter média acima de 8. E para o Atlético de Levir chegar à nota 8 falta um longo caminho.

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