América

A derrocada de Gunga

postado em 04/10/2012 09:15 / atualizado em 04/10/2012 09:16

Arquivo EM-13/1/60
O atacante Gunga foi um dos ídolos do América nos anos 1950. Mas, como grande parte dos jogadores daquela época, não soube aproveitar a fase áurea para fazer seu pé de meia e, em 1984, reportagem do Estado de Minas mostrava que o ex-jogador vivia em dificuldades, recebendo apenas uma pequena aposentadoria conseguida pela Associação de Garantia aos Atletas Profissionais (Agap). “Da glória à miséria. Eis Gunga” era o título da reportagem na edição de 7 de outubro.

Gunga chegou ao América em 1955 para substituir outro ídolo da torcida, Jaburu, vendido ao Porto. E foi justamente Jaburu que o indicou, por conhecê-lo de Valença (RJ). Logo Gunga fez a torcida se esquecer do ídolo anterior. Destaque na excursão do Coelho à Europa em 1956, acabou se transferindo para o Barcelona. Também atuou pelo Botafogo, em 1957, e pelo Sport, em 1958.

Voltou ao América e foi o artilheiro do Estadual de 1959, com 17 gols. Balançar as redes era sua especialidade: em 153 jogos pelo Coelho, até 1961, marcou 109 vezes e ainda é o segundo maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Satyro Taboada. Depois, Gunga jogou e foi técnico na Venezuela, nos clubes Deportivo Itália e Galícia, no qual encerrou a carreira de jogador já aos 43 anos.

Gaúcho de Uruguaiana, ele se chamava Jorge Alberto Ferreira. Ganhou o apelido por volta de 1945, quando jogava futebol de areia em Copacabana e estava em exibição nos cinemas o filme de aventura norte-americano Gunga Din. Ele não escondia a tristeza por não ter jogado no Internacional, seu clube de coração.

LAMENTO Sobre as dificuldades financeiras, Gunga lamentava que tivesse jogado em uma época em que o futebol não era tão valorizado: “A gente não tinha ambição. Era mais amor e raça do que tudo. Jogava pela camisa e a gente não tinha procurador, advogado, para orientar”.

Gunga se dizia grato ao técnico uruguaio Ricardo Diéz. “Foi o maior treinador que conheci, sabia tudo de futebol. O Ricardo me ensinou muito, principalmente a fazer gols. A área é do atacante, ali ele é o deus. O adversário é quem tem que se virar mesmo, porque, além da vantagem que o artilheiro tem, existe o que é importante para ele: a trave, com mais de sete metros, e a área do pênalti”. Gunga morreu em 30 de junho de 1991, pouco antes de completar 60 anos.