ENTREVISTA
Após deixar o América, Alessandro revela decepção com diretoria e comissão técnica
Jogador diz que não foi tratado como merecia durante a temporada de 2013. Diretoria do Coelho não entra em polêmica e agradece ao ex-camisa 9 pelos serviços prestados
postado em 16/12/2013 20:35 / atualizado em 17/12/2013 00:22
Sentimentos de frustração e decepção. Foi desta forma que o atacante Alessandro deixou o América há uma semana, após o vencimento de seu contrato. Pouco depois de passar férias com a família no litoral da Bahia, o jogador retornou a Belo Horizonte para decidir detalhes sobre o seu futuro no futebol. Em entrevista ao Superesportes, ele revelou desapontamento com diretoria do clube e comissão técnica nos seus últimos dias no CT Lanna Drumond.
“Primeiramente eu vou deixar bem claro que eu não quis renovar. Achei que a diretoria faltou com respeito em relação a alguns jogadores que têm história no clube. Não só comigo, mas também com o Fábio Júnior e o Leandro Ferreira. Pensei que haveria mudanças na diretoria e superintendência para o ano que vem. Mas elas não aconteceram. Logo, eu mesmo optei por não ficar”, declarou o jogador, que marcou 56 gols em 169 jogos pelo Coelho e conquistou o Campeonato Mineiro de 2001.
Após se recuperar de grave lesão no joelho esquerdo, Alessandro disputou 16 jogos (sete como titular) na Série B de 2013, competição na qual o América terminou em nono lugar, com 57 pontos. Foram apenas três gols, números que comprovaram o baixo rendimento da linha de frente alviverde na temporada. Ainda assim, o atacante de 32 anos terminou como artilheiro do clube na posição. Contando toda a temporada, o experiente Fábio Júnior ficou à frente com nove tentos (38 jogos).
Dupla Alessandro e Fábio Júnior 'vetada' na Série B
Em 2012, Alessandro e Fábio Júnior formaram a dupla de ataque do América. Juntos, os dois marcaram 37 gols, contando Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Série B do Brasileiro. Neste ano, em decorrência de lesões e queda de rendimento, os atletas praticamente não atuaram juntos.
“Sei que poderíamos formar uma boa dupla de ataque novamente. Mas não tivemos chances. Às vezes éramos preteridos por outro que nem treinava direito e não dava retorno. Contra o América de Natal, por exemplo, o Fábio Júnior treinou a semana inteira no time titular. No jogo, ele ficou no banco. Então eram coisas que não davam para entender”, completou.
Alessandro não escondeu sua insatisfação com os técnicos Paulo Comelli e Silas, que comandaram o Coelho durante a Série B do Brasileiro. “Quando eles assumiram os cargos (Comelli e Silas), não tiveram autonomia para retirar os jogadores que não tinham condições de permanecer no América. Com o Silas eu joguei quatro ou cinco partidas seguidas e fiz dois gols. Estava crescendo bem e, de repente, voltei para o banco”, pontuou.
Nikão e Marcão foram os que mais ganharam oportunidades na equipe titular. Enquanto o primeiro sofreu por conta do preparo físico inadequado, o segundo ficou devendo bastante em relação à parte técnica e foi devolvido ao Atlético-PR sem deixar saudades.
Clube fez dívida de R$ 150 mil com o jogador
Hoje dono dos próprios direitos econômicos, Alessandro contou ter emprestado 150 mil reais para que o América o adquirisse junto ao Ipatinga, clube pelo qual foi artilheiro da Série B em duas oportunidades: 2007, com 25 gols; e 2010, com 21 gols.
“Quando eu vim do Ipatinga para o América, em 2011, emprestei 150 mil reais referentes à compra dos meus direitos econômicos. O clube me propôs quitar a dívida em três vezes. Só que isso não aconteceu naquela época. Cobrei algumas vezes e eles não cumpriram o acordo”, frisou.
“Não me falaram nada. Era pra ser pago em maio, junho e julho (2011). Ficou faltando uma parcela (dos R$ 150 mil), dois salários atrasados (outubro e novembro) e o décimo terceiro do ano passado. Eles queriam dividir em cinco vezes e não queriam me dar garantia. Agora estou no aguardo e à disposição para conversar com eles”, completou o atacante.
Decepção em 2013, agradecimento à torcida e futuro no futebol
O América não conseguiu empolgar seu torcedor nesta temporada. Longe disso. Fez uma campanha ruim no Estadual (oitavo lugar, com 12 pontos), saiu na terceira fase da Copa do Brasil e finalizou a Segunda Divisão Nacional na parte intermediária da tabela. Para Alessandro, o grande erro foi ter liberado o armador Rodriguinho no decorrer do Brasileiro.
“O Rodriguinho saiu na véspera do jogo e permaneceu por seis jogos sem participar. Isso nos prejudicou. Ele era um grande jogador, fundamental para nossa equipe. A diretoria errou nesse ponto. Outras coisas que nos prejudicou também foram algumas questões táticas, nas quais alguns atletas eram escalados fora de suas posições”, observou.
Por fim, Alessandro exaltou o carinho pelos torcedores do América e disse que aguarda alguns detalhes para confirmar acerto com um clube da Série A do Brasileiro. “Agradeço à torcida. Sei que ela tem um grande carinho por mim, porque reconhecem o quanto eu me esforcei e dediquei durante as minhas passagens pelo clube. Sempre procurei honrar a camisa do América e é um clube que terá o meu respeito eterno”, agradeceu.
“Proposta concreta eu ainda não tenho, mas há sondagens de um clube da Série A. No máximo em 10 dias obterei uma resposta. É que o clube está para trocar de treinador, então temos de aguardar um pouco”, revelou, sem confirmar o destino. Recentemente, o Goiás perdeu o técnico Enderson Moreira, que seguiu para o Grêmio. Em seu lugar assumiu Claudinei Oliveira, ex-comandante do Santos.
Clube agradece a Alessandro e promete honrar compromisso
Em contato com a reportagem, o América confirmou que ainda deve a última parcela dos R$ 150 mil emprestados por Alessandro, além dos salários referentes a outubro e novembro. O clube espera acertar todas as pendências financeiras nos próximos dias, já que aguarda a terceira parcela do dinheiro referente à venda de Rodriguinho para o Corinthians, em outubro, por R$ 4 milhões. A cúpula ainda agradeceu a Alessandro pelos serviços prestados, o colocando como um dos maiores jogadores da história alviverde. A saída do ex-camisa 9 foi justificada como “opção da comissão técnica”.
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