Goleiro comenta 'fase de artilheiro' e revela ter pago multa para acertar com o América

O gol é uma consagração para um jogador de futebol. É o momento de alegria, êxtase e celebração máxima. Mesmo se perder várias oportunidades durante a partida, um atacante vira "ídolo" ao marcar nos minutos finais. Vai do céu ao inferno. Por outro lado, a missão de quem tem a responsabilidade de defender se torna ingrata. Por mais que o goleiro feche a meta durante 89 minutos, prevalecerá a possível falha em questão de segundos. Mas e quando o encarregado de evitar o êxito adversário inverte os papéis e balança as redes? Fernando Leal, recém-contratado pelo América, dá a resposta.

"Foi um lance de sorte. Espero que não se repita aqui no América, pois isto acontece quando o time está perdendo. Mas depois do gol, fiquei marcado. Todo lugar em que jogava, o pessoal começava a gritar para ir à área. Sei que não cabe a mim ir para a área fazer gols, mas pelo momento foi preciso. Se um dia precisar novamente, eu vou. Mas o gol é difícil de fazer", conta, em entrevista à Rádio Itatiaia, o candidato a preencher a vaga deixada por Matheus.

Para que nenhum leitor fique perdido, o lance ao qual se refere Fernando Leal aconteceu na primeira rodada da Série B do ano passado. Ele defendia o Oeste, que recebia o Avaí na cidade de Itápolis, interior de São Paulo. Os catarinenses venciam por 1 a 0 até os acréscimos do segundo tempo, quando Fernando se aventurou no ataque. Não tinha mais nada a perder. O escanteio cobrado na pequena área terminou com finalização certeira do goleiro. Goleiro artilheiro.

"A sensação de fazer um gol é a mesma de quando um goleiro consegue defender um pênalti", resumiu o então camisa 1 do Oeste na ocasião.

Agora, Fernando Leal é do América. E não pense que foi fácil conseguir assinar o contrato até dezembro. Há pouco tempo, o mineiro de Uberaba tinha celebrado acordo com o Fortaleza para a disputa da Série C. E acredite: ele teve que arcar com os valores de uma multa no objetivo de conseguir a liberação da equipe cearense.

"Não pensei duas vezes (em aceitar a oferta do América). Tive dificuldades de pegar a rescisão, pois havia acabado de chegar. Foi uma briga muito grande para ir ao Fortaleza. Eles queriam me contratar há quase quatro anos. Quando recebi a oferta do América, não pensei duas vezes. Conversei com a diretoria (do Fortaleza) por quase seis dias. Me desgastei muito e paguei uma multa do meu próprio bolso. Fiquei muito feliz de retornar a Belo Horizonte", comemorou o arqueiro, que estreou pelo Coelho nesse domingo, em Nova Lima, na vitória por 2 a 1 sobre o Villa Nova.

Substituto de Matheus?

Fernando Leal é experiente. Aos 32 anos, rodou por vários clubes brasileiros, entre os quais estão Ipatinga, Criciúma, Bahia, Vitória e Grêmio Barueri. Experiente, ele encara a missão de substituir uma jovem promessa negociada com o futebol português. "Foi uma satisfação receber o convite do América. Espero, agora, repetir o bom trabalho que vinha fazendo o Matheus e colocá-lo em prática na Série B do Brasileiro", ressalta Leal.

Principal concorrente no elenco, João Ricardo sofreu lesão no tornozelo durante um treino e segue fora de combate por algum tempo. Igor Rayan participou do amistoso contra o Villa Nova, mas é considerado muito novo pela comissão técnico para assumir a titularidade. Logo, o desafio de vestir a número 1 do Coelho está lançado a Fernando Leal.

"A responsabilidade de vestir a camisa do América é muito grande. Sou de Minas, acompanho o clube há muito tempo. Já morei aqui (Belo Horizonte). Sei da exigência da torcida e da pressão por resultados. Espero coroar com o acesso à Primeira Divisão", concluiu o jogador.