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Depois de Taça BH, Milagres mira mais títulos no Coelho e vê grande futuro para time sub-20

Técnico diz que elenco atual é superior à equipe campeã brasileira em 2011

postado em 03/09/2014 09:37 / atualizado em 03/09/2014 16:02

Rafael Arruda /Superesportes

Divulgação / América

No início do ano, o América foi eliminado pelo Paraná Clube nas oitavas de final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Desse fracasso partiu a caminhada em direção ao sucesso numa competição um pouco menos visada, mas ainda de extrema importância. O técnico do Coelhinho, Marco Antônio Milagres, estabeleceu a meta de conquistar os três troféus restantes. O primeiro já faz parte da galeria do clube, na sede administrativa do Boulevard Shopping. A Taça BH de Futebol Júnior, vencida no sábado passado sobre o rival Atlético, no Estádio Independência, dá confiança maior ao grupo, que terá pela frente o hexagonal final do Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil Sub-20. Se depender de Milagres, a história vitoriosa da temporada terá desfecho acima das expectativas. Para ele, há o restante do percurso a ser concluído.

“Depois da Copa São Paulo, coloquei para eles em reuniões feitas no mês de março que teríamos de conquistar títulos. É claro que o time de base tem como objetivo principal revelar jogadores, mas os títulos marcam muito, não tenha dúvidas. Principalmente em relação aos garotos nascidos em 1994. Disse que não poderiam sair de mãos vazias. Fomos coroados com a conquista da Taça BH e ganhamos confiança para o Mineiro e a Copa do Brasil”, comenta o ex-goleiro, em entrevista ao Superesportes.

Depois de uma passagem irregular no comando da equipe profissional do América, há quase dois anos, Marco Antônio Gonçalves Milagres retornou ao time sub-20, pelo qual sempre desenvolveu bons trabalhos. Em 2011, sob seu comando, a equipe alviverde sagrou-se campeã brasileira da categoria ao derrotar o Fluminense, por 2 a 1. Daquele grupo surgiu o goleiro Matheus, que proporcionou a negociação mais cara da história do Coelho – o Sporting Braga, de Portugal, pagou R$ 7,2 milhões por cerca de 90% dos direitos econômicos do atleta. Outros jovens promissores que não vingaram tanto são o zagueiro Lula (Boa Esporte), o lateral-direito Patrick (ABC), o lateral-esquerdo Bryan (Ponte Preta), o volante China (sem clube), o armador Kaio (Madureira-RJ) e o atacante Núbio Flávio (Icasa).

Há riscos de o time campeão da Taça BH em 2014 tomar o mesmo caminho da equipe campeã brasileira de 2011? Milagres prefere não opinar sobre “assuntos da diretoria”, mas garante que o atual grupo é mais qualificado. “No individual, esse time de 2014 tem um percentual maior. O de 2011 era muito homogêneo coletivamente. Mas o atual, em questões individuais, é superior”, observa.

Goleiro do Coelho durante uma década e recordista no número de partidas – foram 369 presenças e os títulos de campeão mineiro (1993), Série B (1997) e Copa Sul-Minas (2000) –, Milagres sabe bem os caminhos que cada jogador tem de trilhar para alcançar o sucesso. E ele crê em um rápido aproveitamento dos atletas na equipe principal, justamente por conta da conquista da Taça BH. “Vejo coisas boas pela frente. Ainda mais para a rapaziada nascida em 1994, que está no último ano de júnior. Ainda há duas competições a serem disputadas. Logo, se conseguirmos ir bem, o trabalho fica ainda mais evidente. É o que eu falo com cada um deles. A oportunidade é agora”, destaca.

Vídeo motivacional apresentado aos atletas do América



Leia a entrevista completa com Marco Antônio Milagres

O roteiro que conduziu o América ao título da Taça BH foi recheado de drama e muita luta. Quase eliminação na primeira fase, virada sobre o Vitória nas quartas, pênaltis contra o Goiás e nova virada sobre o Atlético. Já esperava que fosse dessa forma?



São raríssimas as conquistas sem dificuldades. E aí você conta com a naturalidade do oponente, um adversário complicado. No início contra o Vasco criamos muito e não conseguimos transformar em gols. Da mesma forma ocorreu contra o Sport. Percebíamos que nosso domínio não estava sendo concretizado em gols. Conversamos, passamos confiança e ajustamos tudo para a partida contra o Palmeirense. Vencemos por 6 a 1 e nos classificamos. No mata-mata, por exemplo, saímos perdendo para o Vitória e tivemos um pênalti contra que eles acabaram perdendo. Demos sorte e ganhamos confiança para virar a partida. Agora, há coisas a mais que eu não gosto de falar, mas não posso deixar de falar. É a questão da arbitragem. Na dúvida, sempre era contra nós. Diante do Goiás, ele (árbitro) deixou de marcar pênaltis no Rubens e no Danylo. No segundo tempo, o árbitro inverteu todas as faltas. No lance do segundo gol goiano não achei falta e ele deu. No jogo da decisão, a bola entrou no último lance do primeiro tempo... então todas as dificuldades foram superadas.

Houve alguma pressão quando o grupo americano chegou ao Independência e viu a maior parte das cadeiras tomada pelos atleticanos?

Antes da Taça BH, fizemos um trabalho psicológico por conta dessa parte de pressão. Sabemos que nossa torcida não é de massa, não é gigantesca. Fatalmente, se enfrentássemos um adversário na decisão como Atlético e Cruzeiro, seria a grande maioria contra. Então o trabalho foi direcionado a isso. A parte psicológica deu tão certo que nós começamos perdendo, tivemos um gol muito claro não validado e conseguimos virar no segundo tempo de forma muito equilibrada.

Qual peso essa conquista terá em um possível aproveitamento dos garotos no profissional?

Vai pesar muito. Pode acreditar. O objetivo principal da base não é conquistar, mas sim revelar e lapidar o atleta para vestir a camisa de uma equipe centenária como é o América. Mas a conquista te credencia e te dá um algo a mais. Além de você fazer um trabalho bem feito, você conquistou. E uma conquista é para poucos. Chegarão respaldados sim. Na preleção eu coloquei para eles: ‘essa será a primeira decisão das três que nos propusemos a disputar’. Então o objetivo continua de entrar no hexagonal final do Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil com muito afinco. São duas oportunidades que teremos para estarmos reproduzindo nosso trabalho, tanto individualmente quanto coletivamente.

Alguns desses jogadores passaram pelo profissional, casos de Marcelinho, Rubens, Messias e Bruno Sávio. Eles já estão preparados para atuar na equipe de cima?


Estão prontos para a fase de transição. O Marcelo já teve esse sabor de atuar no profissional. Enfrentou Cruzeiro e Atlético. O Messias a cada jogo que passa vem confirmando a consistência como zagueiro, o Rubens já faz parte do elenco, o Patrick cresceu muito na reta final do campeonato, o Xavier é o capitão da equipe e vem se destacando há quase dois anos... são atletas que têm essa condição de fazer uma transição mais rápida.

Quais cuidados devem ser tomados para não queimar etapas?

O América já tem essa preocupação. O Cláudio Prates, auxiliar do clube, já está observando. Trocamos a ideia de fazer coletivos entre profissionais e juniores. Às vezes até parte da gente de pedir ao Claudinho para conversar com o Moacir Júnior e organizar um coletivo entre júnior e profissional. Queremos um time mais forte e encorpado no decorrer das competições. Naturalmente, treinando contra a equipe de cima, ele (Moacir Júnior) estará observando mais de perto o rendimento dos atletas. Então essa preocupação a diretoria já tem. Agora há a questão da oportunidade. Ela tem de surgir naturalmente. E quando aparecer, que os atletas agarrem e encontrem a felicidade.

Os coletivos entre profissionais e juniores devem ser mais frequentes que jogos-treino diante de equipes desconhecidas?

É um caminho positivo, mas que ao mesmo tempo requer um pouco de diversidade de adversário. Neste ano, por exemplo, fizemos coletivos contra a equipe B do profissional. Mas às vezes o comandante do time principal precisa de uma diversidade de estilo para colocar algo novo em prática. Se houvesse apenas jogos entre profissionais e juniores, uma equipe acabaria conhecendo muito bem a outra e não haveria mais surpresas. Claro que, para nós, seria o ideal. Teríamos mais ganhos que eles. Mas, como ressaltei, a equipe profissional necessita de vários desafios. Logo, marcar jogos-treino contra equipes de fora também têm sua importância.

Divulgação / América

Em relação à parte de retorno, o América não tirou um proveito tão grande da equipe campeã sub-20, em 2011. Vendeu apenas Matheus, por preço recorde (R$ 7,2 milhões), e Bryan. Neste ano a história tende a ser diferente?

Futebol é momento. Hoje a realidade do América é diferente. Há empresário parceiro que oferece atletas ao clube. Logo, a situação de decisão sempre está nas mãos da diretoria. Claro que a gente vê com carinho o trabalho da base e tudo, mas na hora em que a conta bate na porta, é o Salum (presidente), a diretoria e o conselho gestor que saberão para onde correr. Mas é bem verdade também que o nosso trabalho segue bem feito e dá um leque a mais de opções ao América. Os jogadores têm mercado e no futuro podem até ser negociados, suprindo uma necessidade do clube. Sendo assim, surge a possibilidade de vender atletas, manter as finanças, etc. É uma coisa mais complexa que não quero entrar tanto no mérito, pois não convivo na parte administrativa do América. Meu trabalho é ajudar a formar os meninos para o profissional do América Futebol Clube. Mas o mercado é constante. Se no momento eles não forem aproveitados, podem ser felizes em outro lugar e se tornarem realidade dentro do futebol.

Fazendo uma comparação, a equipe campeã da Taça BH de 2014 é superior ao grupo campeão brasileiro de 2011?

A qualidade individual deste time de 2014 tem um percentual. O time de 2011 era homogêneo coletivamente e tinha um diferencial muito grande, que é o goleiro Matheus. Tínhamos o Lula, zagueiro que está no Boa Esporte e teve poucas oportunidades no profissional, o Anderson, da equipe B do Internacional, o Bryan está na Ponte Preta... há meninos que já saíram. O próprio Kaio (Madureira-RJ) e o Junior Lemos, este continuando na equipe. Neste anos temos novas esperanças que já citamos: Marcelinho, Messias, Rubens, Sávio, Patrick... são meninos que nos dá muita esperança.

Patrick, Bruno Sávio, Rubens, Renato Silva, Cristian, Xavier, Renato Bruno... tanta gente boa do meio para a frente e poucas vagas na equipe. Foi difícil fazer escolhas durante a Taça BH?

Aí que é o bom. Quando há um leque de opções, vem a dor de cabeça “saudável” que o treinador tem. Ruim é quando você olha para o banco e começa a rezar, pois não tem opção. Mas há uma questão até pontual sobre o Renato Silva. Por ele ser um atleta mais franzino, ele sente muito. O clube precisa ter atenção maior na questão de suplementação e aumento de massa magra para que ele possa suportar mais competições. O Renatinho acabou não tendo tanta produtividade porque logo após o jogo contra o Londrina, em Manhuaçu, o atleta não conseguiu recuperar a tempo de enfrentar o Vitória.

Você tocou na necessidade de aumento da massa muscular do Renato Silva. Esse trabalho parte da base ou é exclusivamente sob responsabilidade do profissional?

É feito na base. Começa no sub-17 e passa pelo sub-20. Mas no caso do Renato e do Danylo, que é o reserva do Marcelo, há a necessidade de uma atenção especial do clube e acompanhamento de nutricionista e fisiologia. Eles precisam ganhar massa em curto prazo para se tornarem mais competitivos e produzir todo o potencial que têm.

Um jogador nessas condições sente muito quando lançado ao profissional sem os devidos cuidados?

Sente sim. Faz total diferença. Hoje o espaço é muito curto e os contatos constantes. Então se o atleta não tem uma base física muito boa, ele tende a sentir o impacto. No caso do Renato, especificamente, já teve um ganho no trabalho, mas precisa de um aumento. Só assim para poder jogar tudo que sabe pelo clube.

Sobre a sequência da equipe no ano, ainda há Campeonato Mineiro (hexagonal final) e Copa do Brasil Sub-20. Objetivo de título em ambas as competições?

Sim, há o objetivo de chegar à frente nas duas competições. Lógico que o Mineiro, por ser um hexagonal, será decidido em pontos corridos. Então o jogo de sábado, contra o Araxá, já é uma final. Nesta partida, nós devemos colocar uma equipe mista, pois queremos testar alguns atletas e poupar outros. Caso do Renato Bruno, que terminou a Taça BH com uma fadiga na coxa esquerda; o próprio Patrick, com dores nos adutores; e o Rubens, que deve voltar ao profissional. Há outros atletas com problemas de desgaste. Levando em consideração a distância e o desgaste da viagem, vamos conversar com o preparador físico e o departamento médico para saber quem devemos poupar visando ao compromisso da outra semana.

Para o ano que vem, a base nascida em 1995 é suficientemente qualificada na missão de repetir bons resultados em favor do América?

No sub-20, nós sempre trabalhamos com três gerações. Em 2014 priorizamos os atletas nascidos em 1994, mas já pensando em montar uma equipe ’95/96’ para a Copa São Paulo. Já temos que ter o grupo pronto. Em conjunto com a comissão técnica, avaliamos alguns atletas nascidos em 1996 que não tiveram evolução necessária, já dispensamos e abrimos espaço para captação e chegada de novos atletas que mantenham o nível técnico equilibrado como está sendo neste ano. Além disso, lançaremos atletas de 1997 no ano que vem.

Confira a galeria da final da Taça BH entre América e Atlético:
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