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Bate-papo com Toscano: destaque do Coelho fala de sonho do acesso, artilharia e assédio de clubes

Em conversa com a reportagem do Superesportes, goleador do América na Série B do Campeonato Brasileiro comenta objetivos pelo clube e para a sequência da carreira

postado em 03/10/2015 12:00 / atualizado em 03/10/2015 20:14

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Contratado há cinco meses e meio pelo América depois de se destacar no Mirassol (SP), Marcelo Toscano precisou superar a desconfiança de parte da torcida até se tornar o principal jogador da equipe em 2015. Para isso, ele contou com apoio incondicional da esposa Sheila e dos filhos Heyser, 5, e Carolayne, 2, que lhe deram a força necessária no caminho até a briga pela artilharia da Série B – em 26 jogos soma 11 gols, um a menos que Zé Carlos, atacante do CRB. Principal trunfo do Coelho na partida contra o Mogi Mirim, hoje à noite, às 21h, no Romildo Ferreira, Toscano quer muito mais nesta temporada. Em entrevista exclusiva ao Superesportes, o atleta comenta sondagens de outros clubes, ressalta o desejo de terminar o ano com no mínimo 30 gols e estabelece a grande meta de ajudar o time alviverde a garantir o tão sonhado acesso à Primeira Divisão de 2016.

Por você ter sido artilheiro da Série A2 do Paulista pelo Mirassol, marcando 13 gols em 18 jogos, houve contatos de outros clubes além do América? Por que a escolha pelo Coelho?

É verdade. Apareceram outras situações, mas nenhuma concreta. Nenhuma teve aquela certeza para que minha família e eu ficássemos confiantes. Quando o América me procurou, através do diretor de futebol Osvaldo Torres, passou-me uma confiança muito grande. Ele falou sobre o pré-contrato também. Naquela altura, precisava de uma tranquilidade para trabalhar no segundo semestre. Fiquei muito feliz com a estrutura do América, até procurei informações com alguns colegas que jogaram por aqui. Fui muito feliz nessa ida para o América.

Você é mineiro (nasceu em Areado, a 380 quilômetros de BH) e precisou rodar por vários clubes antes de chegar a um de seu estado...

Realmente. Minha família ficou muito feliz. Eles podem me acompanhar mais, pois estão próximos. E eu estou gostando. Vivo uma fase muito boa aqui.

Ao deixar o Mirassol e acertar com o América, você sentiu um pouco de desconfiança por parte dos torcedores, até mesmo em função da eliminação na Copa do Brasil e o mau início na Série B?

Depois que saí de Vila Nova-GO e Cuiabá, fui para o Mirassol-SP. Com todo o respeito que o clube merece, tive que dar um passo atrás na minha carreira para depois dar dois à frente. Fui feliz no início do ano no Campeonato Paulista e ressaltei na primeira entrevista que “muitos que não me conheciam, ao longo do campeonato me conheceriam, que eu daria o meu máximo. Começamos o campeonato não muito bem, mas a nossa equipe foi pegando confiança com as chegadas de novos jogadores. Até com relação à minha posição dentro de campo, cheguei ao Givanildo e ao Claudinho para falar qual função eu rendo melhor. Adaptei-me bem e conseguimos uma sequência de vitórias. Hoje graças a Deus sou reconhecido pela torcida. Fico feliz por isso.

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Você citou essa questão de posição. Em qual função se sente mais à vontade?

É vindo de trás mesmo com a bola, como se fosse um segundo atacante. Tenho essa qualidade de achar meu companheiro, dar uma bola mais redonda, além da finalização de fora da área. Desde que comecei a jogar futebol, venho aprimorando essa minha característica. Graças a Deus vem dando certo. Aqui no América deu certo. Sinto-me bem assim. Quero continuar vindo de trás para poder ajudar o meio-campo e chegar à frente.

São 11 gols e sete assistências em 26 jogos na Série B. Como é ser artilheiro e garçom ao mesmo tempo?

Eu me cobro muito, sobretudo nos treinamentos. Pode ser coletivo ou rachão, quero estar acertando passes e finalizações. Sei que na hora do jogo vai acontecer. Aprendi isso ao longo da minha carreira. Essas oportunidades dentro de campo são raras, então sempre tento aproveitá-las da melhor maneira possível. Numa chance, você pode decidir um jogo. Acho que isso é fruto do trabalho e de minha cobrança própria para acertar e ajudar meus companheiros.

Graças à sua boa fase, o América briga para subir. Levando em consideração que o time terá confrontos contra equipes da parte de baixo nas próximas cinco rodadas, o que vocês esperam desta reta final de Série B?

Nossa equipe é forte e que busca esse G-4 há tempo. Estivemos no G-4 por muito tempo, mas deixamos escapar. Vivemos um momento difícil no campeonato, mas conseguimos recuperar. Então, esses cinco jogos (Mogi Mirim, Macaé, ABC, Oeste e Boa) serão fundamentais para tentarmos retornar ao G-4 e depois fazermos os confrontos diretos em casa (Paysandu e Vitória). Temos certeza de que quando nós retornarmos ao G-4 não sairemos mais. Faltam 10 jogos, e esses 10 jogos são 10 finais para a gente. No ano passado não subiu por causa de um ponto (América terminou em quinto, com 61, a um do quarto Avaí). Este ano colocamos na cabeça que nada nos impedirá. A sequência é complicada, mas a equipe está focada, está bem concentrada naquilo que quer dentro de campo.

O América dá visibilidade aos seus atletas. Exemplos não faltam: Andrei Girotto (volante), Vitor Hugo (zagueiro) e Thiago Santos (volante), todos eles no grupo do Palmeiras. Há ainda outros atletas que passaram pelo Coelho e foram para a Série A. No seu caso, já houve sondagens de clubes da elite do futebol brasileiro e do exterior?

Chegou sim uma proposta para o América. Para fora do Brasil (um clube da Arábia Saudita). Mas sentamos minha esposa e eu. Conversamos muito a respeito. Não era uma situação boa para a gente. Colocaria minha família numa situação complicada, em que ficaria por dois anos e minha esposa teria que vestir toda de preto e ficar só com os olhos de fora. Não poderia sair sozinha de casa. Então dois anos seria muito complicado conviver. Achamos melhor segurar um pouco mais. Ficamos felizes, claro. Era um valor muito bom para a gente, mas o lado da família pesou. Sou um cara muito família. Com relação a outras situações, ocorreram apenas comentários, e não propostas oficiais. Fico feliz por isso, porque é fruto do que venho fazendo dentro de campo. Mas meu foco é no América. Quero conseguir o nosso objetivo de subir e a minha meta de ser artilheiro da Série B. Estou focado aqui até o fim do ano.

Não é mistério para ninguém que a diretoria do América deseja a sua permanência em 2016. E você, gostaria de continuar no clube?

A gente está conversando. Meu empresário já teve duas reuniões com o pessoal do América, mas ainda não chegou num acordo. Estamos estudando a proposta que eles fizeram, porém ainda não chegou naquilo que a gente quer. Enquanto isso, estou tranquilo. Não adianta pensar lá na frente sem fazer o meu trabalho aqui. Quero continuar fazendo meu trabalho como estou fazendo. Restam 10 jogos. Quando acabar o campeonato, vamos sentar e conversar. Se for da vontade de Deus, vamos ficar. Se não for, vou sentar com meu empresário, conversar e decidir qual será o futuro.

Ramon Lisboa/EM/D.A Press
No projeto do acesso à Série A, ninguém melhor que o técnico Givanildo Oliveira, que conseguiu seis promoções ao longo da carreira, sendo duas com o América (títulos da Série B, em 1997, e da Série C, em 2009). Qual a relação do grupo com ele?

É a primeira vez que estou trabalhando com ele. É um excelente profissional, um excelente treinador, uma excelente pessoa. Convivemos com ele no dia a dia. É um treinador mais quieto no canto dele, mas quando ele fala, é na hora certa. Então eu tenho certeza que se o América subir para a Série A e mantê-lo, tende a ganhar muito. Vai montar um grande elenco para a disputa do campeonato.

Em suas passagens pelo exterior, sendo a do Vitória de Guimarães (POR) a de mais destaque, qual foi o aprendizado?

Foi bom. Passei por Israel e pela Suíça também. Cada país tem uma cultura diferente. Mas amadureci muito. Minha esposa me acompanhou também, pois ir sozinho é complicado. Para mim foi uma experiência bem positiva. Aprendi bastante em termos de marcação, pois lá eles exigem muito isso. Se tiver outra oportunidade para voltar, estou preparado para atuar novamente por lá.

Aos 30 anos, já fez sua independência financeira ou ainda está na luta para conseguir o “pé de meia”?

Ainda estou na luta. Não fiz esse pé de meia. Minha vida profissional foi um pouco complicada por causa de alguns empresários. Mas isso aí já deixa para outro lado. Então estou buscando ainda esse pé de meia. Estou com 30 anos e no futebol o tempo é curto. Pretendo, ao máximo possível, dar um tiro certo nessa próxima situação. Quero, junto da minha família, fazer esse pé de meia. Será importante para o futuro dos meus filhos. Tudo será na hora de Deus, que vem me abençoando muito.

Você sempre cita a família nas respostas. O que ela representa?

Família para mim é tudo. Sem eles, eu não conseguiria nada. Não conseguiria estar aqui fazendo o que eu faço, fazendo o que eu gosto. Estou aqui é por eles. Sou um cara muito família. Estando bem com eles, com certeza estarei bem no meu trabalho. E isso vem acontecendo sempre. Minha esposa Sheilla, uma pessoa maravilhosa, está sempre ao meu lado. Tudo que preciso, ela me ajuda, me aconselha. Família para mim é tudo. Amo demais eles. Agradeço a Deus por ter colocado todos eles na minha vida.

E o grupo do América? É uma espécie de segunda família?

Realmente é uma família. Passamos a maior parte do tempo concentrado com eles. Tornamos-nos irmãos e ficamos sabendo praticamente tudo da vida do outro. Por estar sempre um perto do outro, sempre há ajuda quando alguém precisa. Isso é bom. Facilita muito dentro de campo. Tentamos nos aproximar mais para ficarmos unidos em campos também.

Há alguém que convive mais contigo nas concentrações?

Sempre concentro com o Cristiano, uma pessoa de Deus, um cara sensacional. É um grande profissional.

Contando o período no Mirassol, você tem 24 gols em 2015. Restam 10 jogos na Série B. A meta é passar dos 30 gols?

Isso aí vai sair naturalmente. Claro que tenho uma meta de ser o artilheiro do campeonato, pois será bom para minha vida profissional. Se eu alcançar essa meta de 30 gols, ficarei muito feliz. Restam 10 partidas e pretendo levar o América à Série A. Os gols serão conseqüências.

QUEM É ELE?

Nome: Marcelo Aparecido Toscano
Naturalidade: Areado (MG)
Data de nascimento: 12/05/1985 (30 anos)
Altura: 1,84m
Clubes: São Vicente-SP (2005), Ahi Nazareth-ISR (2006), Paulista (2006 a 2007), Lausanne-SUI (2007), União São João (2008), Paraná (2009 a 2010), Vitória de Guimarães-POR (2010 a 2012), Figueirense (2013), Comercial-SP (2014), Vila Nova-GO (2014), Cuiabá-MT (2014), Mirassol-SP (2015) e América (2015)
Artilharias: Segunda Divisão Paulista de 2005 (17 gols) e Série A2 Paulista de 2015 (13 gols)

Gols na carreira:

São Vicente (SP) – 17
Paulista – 4
União São João – 8
Paraná – 26
Vitória de Guimarães (POR) – 18
Figueirense – 8
Comercial (SP) – 3
Cuiabá (MT) – 3
Mirassol (SP) – 13
América – 11


Total: 111 gols

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