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Sacrifício por uma paixão

Torcedores enfrentaram retenções no trânsito, cobranças abusivas em estacionamentos e achaque de flanelinhas, sem tanta reclamação, pelo privilégio de ver a inédita decisão

postado em 27/11/2014 10:00 / atualizado em 27/11/2014 09:04

Cristina Horta;EM;D.A Press


Carlos Herculano Lopes, Bruno Freitas e Alessandra Mello
Estado de Minas


Para os torcedores que optaram por dirigir, ignorando o apelo da BHTrans para usar o transporte público, duas realidades. Para quem escolheu a Avenida Carlos Luz para chegar ao Mineirão, o trânsito começou a ficar lento já no início da noite, a partir da Praça Raul Sares. Piorou no Elevado Helena Greco e mais ainda na Avenida Pedro II e nas proximidade do estádio. Os que decidiram usar a Avenida Antônio Carlos não enfrentaram retenções tão desesperadoras. E os poucos atleticanos que resolver ir de ônibus, reclamam da demora dos coletivos para chegar ao ponto de embarque na Rua Aaarão Reis, no Centro. De qualquer forma, ver o segundo jogo da primeira decisão de um título nacional entre Atlético e Cruzeiro exigiu paciência.

“Fazer o quê? O sacrifício compensa e não vamos perder o jogo de jeito nenhum”, falou o estudante Aloisio, que estava num carro com placa de Ouro Preto, acompanhado da namorada, Thalita, no emaranhado de carros da Carlos Luz. “Saí bem cedo de casa, justamente por causa disso, pois sabia que o trânsito ia ficar difícil nesta avenida e queria chegar ao campo na boa, sem ficar estressado, e também por causa do estacionamento no Mineirão”, disse o comerciante José Antônio Braga numa parada de sinal, entre buzinaço e agitação de bandeiras. Do início da Carlos Luz ao estádio o torcedor gastou em média 55 minutos.

A Avenida Antônio Carlos mostrou-se uma alternativa tranquila – houve retenções pontuais no trecho até o Viaduto São Francisco e na chegada ao estádio. A maioria dos estacionamentos no caminho do Mineirão cobrava média de R$ 30. Valor que chegava à R$ 50 nas vagas destinadas aos atleticanos no Mineirinho. Com a média elevada de preços de ingressos, além do gasto em comida e bebidas antes da partida, muitos cruzeirenses e atleticanos não abriram mão de deixar o carro na rua. As linhas do BRT/Move que atendem ao Mineirão andaram carregadas nas horas que antecederam o inédito duelo.

“O único problema é que tive foi pagar R$ 20 adiantados a um flanelinha”, reclamou o estudante Alessandro Ribeiro, de 28. Acompanhado dos amigos Flávio e Roberto, o cruzeirense parou a um quarteirão da Alameda das Palmeiras. Com medo de ter o seu carro avariado, preferiu pagar, mesmo não tendo a certeza de que o suposto serviço de segurança oferecido pelo guardador seria respeitado.

A alameda, tradicional ponto de encontro de atleticanos, ficou tomada – ao menos ontem –, pela torcida adversária. Desde a tarde, cruzeirenses esperaram o jogo fazendo churrasco regado a cerveja. Mesmo com a forte presença de soldados da PM em praticamente todos os quarteirões da região, na Pampulha, os tomadores de conta e ambulantes fizeram a festa. A maioria sequer se intimidava em abordar os motoristas no meio da rua.

Já on esquema armado para levar a torcida do Galo de ônibus ao Mineirão causou apreensão. Quem chegou antes do horário marcado para a saída dos ônibus, na Rua Aarão Reis, ficou sem informação e sem segurança. A PM custou a chegar ao local e muitos torcedores arrumaram outra condução para ir ao estádio, com medo de ficar no local sem proteção policial. Também não havia nenhum agente da BHTrans para orientar sobre o ponto exato e o horário de saída dos ônibus. Por volta das 19h, para alívio dos atleticanos que já tinham dado vários telefonemas para a BHTRans e para a PM, três ônibus estacionaram, mas somente dois partiram lotados.

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