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Pronto para outras colheitas

Depois de passar a infância trabalhando com os pais na roça, Jemerson vê sua vida mudar com o sucesso nos gramados e é um dos trunfos do Galo para pegar o Cruzeiro

postado em 04/03/2015 08:00 / atualizado em 04/03/2015 16:14

Leandro Couri/EM/D.A Press

O futebol por vezes premia aqueles que se sacrificam no trabalho e mostram persistência para superar os desafios. Em vez de obstáculo, as dificuldades se transformam em motivação. Com o zagueiro Jemerson, de 22 anos, o êxito veio depois de uma infância ajudando os pais a colher feijão e debulhar milho na roça. Pouco a pouco, o prata da casa foi superando os problemas e ganhando seu espaço nos campos de futebol. Hoje, ele não só é titular do Atlético como aparece como uma das armas do time de Levir Culpi no jogo aéreo, e pode ser um importante trunfo para o primeiro clássico de 2015 diante do Cruzeiro, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro – no ano passado, o defensor enfrentou o arquirrival três vezes, terminando a temporada com 100% de aproveitamento.

A história de Jemerson reflete bem o sonho de milhões de garotos que vivem pelo interior do Brasil. O começo foi no campo de terra, junto dos amigos, em sua cidade natal Jeremoabo, no nordeste da Bahia, onde morava com os pais. “Fiquei amarrado um bom tempo na enxada. Ajudava meus pais na roça e jogava na várzea até os 16 anos, tanto como zagueiro, quanto como atacante e até de goleiro. Um treinador gostou de mim e me levou para o Confiança, de Sergipe, onde fiquei um ano e disputamos a Copa São Paulo. Somente depois cheguei à base do Atlético. Realizei um sonho”, afirma o zagueiro, até agora o único titular da zaga que não se machucou nesta temporada: o lateral Marcos Rocha e o zagueiro Leonardo Silva estão em tratamento e Douglas Santos somente agora voltou a treinar.

Leandro Couri/EM/D.A Press
Antes de vir para o Galo, Jemerson foi reprovado em testes no Santos, Palmeiras e Vasco. Nos juniores do alvinegro, ganhou chance com o técnico Rogério Micale e despontou na Taça BH de 2011. Dois anos depois, foi promovido aos profissionais por Cuca e, na temporada passada, ganhou a primeira oportunidade de começar jogando com Levir Culpi. Em sua primeira partida importante, logo encontrou uma pedreira: substituir o lesionado Réver em Buenos Aires, na decisão da Recopa Sul-Americana contra o Lanús. O Atlético venceu por 1 a 0. “O Levir é um paizão, uma pessoa exemplar, que escuto muito. Tento seguir ao máximo que ele tenta passar. Em resenhas, ele é engraçado. Quando fala sério, inventa piadas no meio. É muito bom”, brinca o defensor, que teve o reconhecimento do clube em fevereiro, com a renovação de contrato até dezembro de 2019.


As boas atuações mudaram sua rotina. Este ano, já são dois gols em sete jogos, sendo o último na vitória sobre o Guarani por 2 a 0, domingo, no Independência. Em todo lugar que vai, já é reconhecido pelos torcedores: “As pessoas param na rua para falar, tirar foto. Acostumei um pouco, mas não totalmente. Antigamente, ninguém me reconhecia quando ia a restaurantes. Hoje, me tratam melhor, brincam. É muito bom conviver com isso Não pensava em ser tão famoso assim, nunca passou pela minha cabeça. Mas ainda planejo coisas melhores na minha vida como profissional”.


Com o dinheiro que já ganhou, Jemerson comprou uma casa nova para os pais em Jeremoabo. A mãe, Maria Rita, frequentemente o visita no apartamento alugado em que mora em Belo Horizonte. O pai, Manoel, no entanto, rejeita a cidade grande e hesita em assistir a um jogo do filho do Independência. Devido aos compromissos com o clube, o zagueiro só visita a terra natal nas férias, em dezembro – gosta de provar da comida e do doce de leite da mãe. Sem namorada, ele mora sozinho e passa o dia com os amigos, ouvindo música (funk e pagode, principalmente). Nas horas vagas, passeia em shoppings e restaurantes. Como não tem habilidade na cozinha, almoça fora diariamente. Seus ídolos no futebol são Thiago Silva, David Luiz, Réver e Leonardo Silva. O atual capitão, inclusive, é o que mais lhe orienta na Cidade do Galo.

Clássico

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Jemerson acredita que, se o Galo vencer o Cruzeiro, o clima de pressão vai diminuir. As três derrotas consecutivas – duas pela Copa Libertadores – criaram um ambiente de desconfiança, aspecto que, segundo o jogador, será superado: “Clássico tem clima diferente, dá um ânimo a mais para o restante do campeonato. Todos os jogadores se preparam mais e ninguém gosta de perder. Existe uma tensão a mais, mas estaremos preparados”.


O jogador aposta na simbiose entre torcida e equipe para ajudar o Atlético a avançar às oitavas de final da Libertadores. Com as derrotas para Colo Colo, fora de casa, e Atlas, no Horto, o time alvinegro será obrigado a buscar pontos como visitante: “Não há nada perdido. Temos que fazer como na Copa do Brasil do ano passado. Foram jogos inacreditáveis, mas conseguimos inverter a vantagem dos adversários com muita luta”.

Veja trechos da entrevista com Jemerson


Tags: atlético zagueiro jemerson galo