Marcelo de Lima Henrique, fuzileiro naval, árbitro da Fifa desde 2008. Pois ontem, esse carioca de 44 anos, filiado à Federação Pernambucana de Futebol, se tornou o inimigo número 1 do Atlético. Numa noite de arbitragem muito controversa, o Galo foi derrotado pelo Atlético-PR por 1 a 0, no Independência, e complicou sua luta pelo título brasileiro – o líder, Corinthians, abriu sete pontos de vantagem ao derrotar o Fluminense por 2 a 0, no Itaquerão, gol de Marciel e Ralf.
A atuação do trio de arbitragem revoltou torcedores, dirigentes e jogadores alvinegros. Marcelo de Lima Henrique cometeu erros na marcação de impedimentos e demonstrou insegurança na aplicação dos cartões amarelos. A tensão aumentou a partir da expulsão de Marcos Rocha no fim do primeiro tempo, depois de receber o segundo amarelo. O lateral-direito foi o terceiro jogador atleticano expulso nos últimos cinco jogos.
Como na derrota para a Chapecoense, em Chapecó (quando o Galo foi prejudicado com uma expulsão equivocada de Leonardo Silva), o técnico Levir Culpi não concedeu entrevista. Quem falou foi o presidente Daniel Nepomuceno, bastante irritado: “A mordaça do futebol já está vista. Já temos três jogadores indiciados, porque são erros atrás de erros e ninguém pode falar nada, o treinador não pode falar nada. Então, se tiver que suspender alguém, vão suspender o presidente. O senhor Sérgio (Côrrea, presidente da comissão de arbitragem) não tem condições de pisar amanhã na CBF. Ele tem que ser afastado agora”.
Até o ex-presidente Alexandre Kalil expôs sua indignação pelas redes sociais. “Sergio Corrêa, infelizmente, você tem camisa. Marcelo de Lima Henrique, você é um vagabundo e ladrão. Fomos campeões da Libertadores porque tiramos esses ratos das nossas vidas”, postou, no Twitter.
O prejuízo foi além da derrota. O Galo perdeu três jogadores para encarar o Vasco, sábado, no Rio. Além de Marcos Rocha, desfalcarão o time o zagueiro Jemerson e o atacante Luan, pelo terceiro amarelo. O clube ainda será julgado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva por mau comportamento dos torcedores: foram atirados dois copos de água e um tênis no gramado. Os autores foram identificados. O árbitro citou esses fatos na súmula. Uma parte da proteção de vidro das cadeiras onde ficam os associados Galo na Veia foi danificada, depois de briga na torcida.
O armador Giovanni Augusto lamentou que a situação alvinegra no Brasileiro tenha ficado mais difícil por causa da arbitragem: “Mais uma vez, aconteceu um jogo nosso com polêmica. Se reclamarmos, somos punidos. Eles vão errando e isso chateia todo mundo. Alguns não têm controle e perdem a cabeça”.
ERROS Mas o Atlético esteve muito longe demostrar bom futebol e vencer. O argentino Lucas Pratto perdeu pelo menos quatro boas chances para marcar. No primeiro tempo, Thiago Ribeiro mandou uma bola na trave. Faltou critério à arbitragem e capricho aos jogadores alvinegros. O torcedor perdeu a paciência de vez com o pênalti marcado em Ewandro, depois de choque com o goleiro Victor na área. Walter bateu bem e fez 1 a 0. Na arquibancada, se intensificaram os gritos de “Corinthians campeão”, “vergonha” e “entrega a taça”. Tudo deu errado no Independência. Os atleticanos deixaram o Horto com gosto amargo.
Atlético 0 x 1 Atlético-PR
Atlético
Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Patric; Leandro Donizete, Dátolo e Giovanni Augusto (Cárdenas 37 do 2º); Luan, Lucas Pratto e Thiago Ribeiro (Mansur, intervalo; depois Carlos César 37 do 2º). Técnico: Levir Culpi
Atlético-PR
Weverton; Matheus Ribeiro, Kadu (Gustavo 18 do 1º), Wellington e Sidcley; Deivid, Hernani, Daniel Hernández e Marcos Guilherme; Ewandro (Nikão 20 do 2º) e Dellatorre (Walter, intervalo). Técnico: Milton Mendes
Estádio: Independência
Gol: Walter 12 do 2º
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (PE)
Assistentes: Elan Vieira de Souza e Marlon Rafael Gomes (PE)
Cartão amarelo: Luan, Weverton, Sidcley, Patric, Daniel Hernández, Jemerson e Cárdenas
Cartão vermelho: Marcos Rocha
Pagantes:12.064
Renda: R$428.355