Atlético

ATLÉTICO

A encruzilhada de R10

Sem conseguir entrar em forma, jogador desiste do Fluminense e cogita encerrar a carreira, mas é pressionado pelo próprio irmão antes de uma decisão definitiva

postado em 30/09/2015 11:00

UANDERSON FERNANDES/AGENCIA O DIA/AGENCIA O DIA/ESTADAO CONTEUDO
O fim do breve período de Ronaldinho Gaúcho no Fluminense suscita dúvidas quanto ao futuro nos gramados daquele que foi eleito duas vezes melhor do mundo. Longe de ser brilhante, R10, aos 35 anos, encerrou na noite de segunda-feira uma de suas piores passagens por um clube na vitoriosa carreira, rescindindo depois de pouco mais de dois meses um contrato de um ano e meio. Com a camisa tricolor, foram nove partidas, sem gols nem assistências.

O dia seguinte ao anúncio, que repercutiu no mundo inteiro, foi marcado por especulações. Pessoas ligadas a Ronaldinho evitam cogitar publicamente o fim da carreira, por causa dos diversos contratos publicitários do jogador ainda em vigor, e analisam o melhor a ser feito. Uma das hipóteses é esperar o “furacão” de nova rescisão passar e buscar um contrato em mercados de menor pressão, como Estados Unidos, Oriente Médio ou China.

Em conversa com amigos e familiares antes de se desligar do Flu, Ronaldinho havia falado que não sentia mais vontade de jogar. Surpreso, o estafe do Gaúcho pediu tranquilidade ao armador antes de uma decisão definitiva. Incomodado por não conseguir render o esperado e pressionado pela torcida, o camisa 10 cogitou abandonar o clube das Laranjeiras há alguns dias, mas teve a ideia demovida por Assis, o irmão e empresário.

“Não deu liga. O Ronaldo não estava feliz lá”, afirmou Assis, pelo telefone, ao Estado de Minas. “Mas ele não parou, ainda vai jogar em alto nível”, declarou. Sobre o Galo, comentou que recebeu muitos telefonemas de atleticanos com elogios ao ídolo, “mas não houve nenhum contato oficial do clube”.

Após uma semana inteira de treinos e desempenho ruim nos 45 minutos em campo na vitória sobre o Goiás por 2 a 0, sábado, no Maracanã, R10 desistiu de vez. Segunda-feira, comunicou aos integrantes do departamento de futebol que não iria treinar por “problemas particulares” e na sequência solicitou reunião com o vice do setor, Mário Bittencourt, e com o diretor-executivo Fernando Simone. Era o fim da breve passagem de nove jogos pelas Laranjeiras.

“Muito me orgulhou vestir esta camisa, muito mesmo. Estamos hoje (ontem) anunciando o fim do vínculo empregatício, mas não o fim de uma relação importante, que foi construída com verdade, com respeito e honestidade”, escreveu Ronaldinho nas redes sociais.

FRUSTRAÇÃO Poucas horas depois de anunciar a saída de Gaúcho, a diretoria do tricolor explicou a rescisão. “O Fluminense não errou. O Fluminense aproveitou uma oportunidade. Ontem (segunda-feira), de maneira grandiosa, ele foi muito claro ao dizer que não estava dando ao clube a reciprocidade que este merecia. Fizemos tudo para que ele pudesse melhorar o futebol dele, manter a forma”, lamentou Mário Bittencourt.

“A palavra é frustração. Quando ele chegou, esperávamos que fizesse aqui o que fez em outros lugares. Quando você contrata um atleta, pensa que ele pode dar o melhor. Quantas vezes vimos jogadores considerados com a carreira em declínio fazerem grandes atuações? O próprio Ronaldo no Atlético foi um exemplo. Não fez boa temporada no México, mas apostamos que voltando ao Rio poderia render”, afirmou o dirigente.

Nas redes sociais, torcedores do Atlético se dividem: uns sonham com o retorno do ídolo, outros acham que seu tempo já passou. (com Jaeci Carvalho)

SAÍDAS CONTURBADAS

Grêmio
Sem aval do clube, Ronaldinho assinou pré-contrato com o PSG em fevereiro de 2001, desagradando a dirigentes e torcedores gremistas. Uma briga na Justiça se arrastou até agosto, quando o jogador vestiu a camisa do clube francês

Barcelona
Depois de viver o auge em 2005 e 2006, o craque caiu de produção nos anos seguintes, já ofuscado por Messi. Chegou a ir para a reserva antes da saída para o Milan, em julho de 2008

Milan
Fora da Copa'2010, passou a faltar a treinos e, segundo dirigentes da época, a não se concentrar com a equipe, o que acelerou sua saída do clube, em janeiro de 2011.

Flamengo
Recebido com festa, teve saída traumática: rescindiu contrato em junho de 2012 e cobrou mais de R$ 40 milhões entre salários e direitos atrasados.

Querétaro
Depois de nove meses, 32 partidas e oito gols, anunciou que estava deixando o clube mexicano para descansar e fazer novos planos. Apesar da saída precoce, o acordo foi amigável.

Fluminense
Um mês depois, em 11 de julho, fechou com o Fluminense, mas o desempenho irritou os torcedores. Segunda-feira, anunciou a rescisão do contrato depois de apenas nove jogos, sem gols nem assistências.