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Time, adversários e mercado na mira: conheça o trabalho do olheiro digital do Atlético

Lucas Gonçalves é o novo analista de desempenho do clube alvinegro

postado em 30/08/2016 08:00 / atualizado em 30/08/2016 09:03

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A preparação de uma equipe ou de uma estratégia de jogo, atualmente, vai além do campo de treinamento. Ela pode passar por softwares, relatórios, vídeos, estatísticas. O “olheiro digital” está escalado. No Atlético, essa atividade, desde a semana passada, está sob o comando do gaúcho Lucas Gonçalves, de 34 anos, filho do ex-treinador de futebol Otacílio Gonçalves, que passou inclusive pelo Galo em 1994. Ele vai ocupar a lacuna deixada por Alexandre Ceolin, ex-auxiliar de tecnologia esportiva do clube.

Um dos responsáveis pela chegada de Lucas Gonçalves ao Atlético é o coordenador técnico alvinegro, Carlinhos Neves. “Conheço o Carlinhos e o Tico, auxiliar do Marcelo Oliveira. Eles acompanham e acreditam no meu trabalho. O Carlinhos me fez o convite. Ele trabalhou com meu pai. Além da amizade, criou-se um vínculo profissional, falamos muito de futebol”, diz o analista, em entrevista ao Superesportes.

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Formado em Educação Física na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) em 2004, Lucas especializou-se em Técnico Desportivo em Futebol e Fustal na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 2006. Com grande experiência em categorias de base – foram quase 10 anos de Grêmio –, passou ainda por clubes como Cabofriense e Tombense. Nessa caminhada, descobriu a análise de desempenho e apostou tudo nela.

A ordem é estudar, destrinchar jogadores e times. O trabalho, apenas no começo no Atlético, terá três pilares.

“O setor de análise de desempenho do Atlético vive um processo de desenvolvimento. Não é um setor já completo. Fui convidado para implementar isso. Estou aqui há uma semana. Primeiro, vou fazer um diagnóstico para depois fazermos uma proposta. A ideia é trabalhar em três pilares: a análise da própria equipe, a análise do adversário e a captação de jogadores. São eles que vão sustentar o setor de análise de desempenho”, diz.

Apoio para estratégia de jogo

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Com vídeos de jogos e de treinamentos, o analista tem o auxílio de softwares para preparar relatórios. Tudo é encaminhado ao treinador. Cabe ao comandante explorar, ou não, toda essa informação, que vai muito além dos números.

“É um setor novo no futebol brasileiro. Por ser uma função nova, talvez, as pessoas não conheçam. É muito mais do que números. Os números são indicativos que a gente usa para fundamentar algum tipo de comportamento da equipe ou do adversário. Além deles, a gente analisa muito as imagens. Com a tecnologia que temos, podemos observar o jogo por meio de vídeos editados, destacando jogadores, para facilitar o entendimento do atleta e da comissão técnica. São duas maneiras de observar, a qualitativa e a quantitativa.”

Lucas cita exemplos de como o trabalho pode ser explorado. Uma postura tática pode ser baseada também em estudos. “Uma estratégica para um jogo específico, a bola parada, por exemplo. Para um jogador ou um time que tem aproveitamento muito grande em bola parada, certamente vai existir uma estratégica para tentar anular esse ponto. O trabalho vai além disso, como o comportamento de uma equipe que joga com uma linha mais alta de marcação, a gente sabe que vai achar espaços. Mostramos para o treinador. A decisão, claro, é dele. Se entender que pode jogar com bolas mais longas, vai criar um plano para isso.”

Abastecimento até durante os jogos


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No Galo, Lucas terá a companhia do observador técnico Bernardo Motta, no clube há alguns anos. “Ele observa o adversário, faz o relatório e traz para mim. Analisamos também vídeos, entendemos as características de comportamento tático do adversário. Eu faço a edição de vídeo e passo para o Marcelo e seus auxiliares. Dentro disso, eles desenvolvem o trabalho da semana. Nosso principal cliente é o treinador”, ressalta.

O trabalho pode avançar nos dias dos jogos, inclusive durante as partidas. O abastecimento de dados no intervalo faz parte do projeto. “Hoje a gente atende o Marcelo com itens que ele gosta de controlar durante o jogo.Fornecemos esse material no intervalo. Isso depende do gosto do treinador, podemos avançar. Estrutura para isso teremos, com filmagens e fotos. Vai depender do treinador trabalhar assim ou não. O Marcelo controla alguns itens pelos números.”

Marcelo Oliveira é o principal consumidor dos relatórios, mas os jogadores também podem usufruir das informações. Lucas cita que trabalhos voltados a determinados atletas também podem ser desenvolvidos. “Os goleiros gostam de receber, antes dos jogos, compactos de bolas paradas, de cobranças de pênaltis dos adversários e chutes de fora da área. Isso pode ser feito também para jogadores de linha”, explica.

De olho no mercado

Nos últimos anos, o Atlético não tem medido esforços para fazer grandes investimentos no time. Seja para trazer jogadores consagrados, como Ronaldinho Gaúcho e Robinho, ou promissores como Douglas Santos e Cazares, o Galo terá um banco de dados completo para avaliação de atletas. O intuito é encontrar peças que se encaixem no perfil desejado pelo clube. A análise de mercado entra em ação.

“É uma das propostas que temos para o setor. Criar um banco de dados de jogadores, principalmente um monitoramento de jogadores. Às vezes, não é darmos sugestões de contratações, mas, pelo contrário, se o clube busca um jogador, a gente tem todo o material à disposição para avaliarem esse atleta: quantos jogos fez, de que maneira joga, qual a característica. Tudo isso para fundamentar uma contratação”, destaca Lucas.