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Exclusivo: Superesportes entrevista Raulzinho, o melhor jogador brasileiro da NBA

Titular inesperado, Raulzinho será o único brasileiro participando do jogo das estrelas que começa nesta sexta-feira - de hoje para amanhã, às 0h (de Brasília)

postado em 12/02/2016 11:02 / atualizado em 12/02/2016 12:04

Rafael Brasileiro /Diario de Pernambuco

AFP
Quando a temporada da NBA começou, Raul Togni Neto, ou simplesmente Raulzinho, era o brasileiro menos badalado da liga. A chegada de Marcelinho Huertas ao Los Angeles Lakers e o título conquistado recentemente por Leandrinho com os Warriors atraíram mais holofotes. Talvez por isso, a evolução do armador foi mais tranquila do que o esperado. No dia 28 de outubro, dia de abertura da temporada, o armador começou a partida contra o Detroit Pistons como titular. Algo surpreendente.

Após 50 jogos como titular, Raulzinho não é mais uma surpresa na NBA. Mesmo sem números fora de série, ele tem sido um dos armadores jovens mais elétricos da liga. Mesmo assim, ele sabe que precisa continuar evoluindo, mas seu maior elogio será nesta sexta-feira. O camisa 25 de bastante convocado para o Rising Stars Game, ou simplesmente jogo dos novatos. Em entrevista exclusiva à reportagem do Superesportes, Raulzinho contou o que espera da partida, o falou sobre os aprendizados na temporada e sobre a vida em Utah.

Antes da temporada começar se falava muito em Marcelinho Huertas e nos brasileiros do Raptors, mas assim que a temporada começou você tornou-se o brasileiro com mais destaque na NBA. Como foi essa mudança?
Tenho me empenhado ao máximo para devolver a confiança que estou recebendo de todos, comissão técnica, jogadores, equipe e fãs. Estou trabalhando duro para aproveitar da melhor maneira o meu tempo de quadra, buscando ajudar a equipe, fazer o time jogar e evoluir, dia a dia, cada vez mais, para me tornar um jogador mais completo. Torço para que os outros brasileiros tenham mais minutos de quadra, isso é importante para eles, para os times e para o nosso basquete também.

Quais são as grandes diferenças do basquete europeu para o norte-americano?
Aqui que o jogo é bem mais físico. O basquete europeu é muito técnico, aqui na NBA também, há muitos jogadores de qualidade, mas a intensidade aqui é um maior, a velocidade do jogo também é maior. Estou me adaptando ainda, mas me sentindo bem confortável, entendendo melhor o jogo e
acompanhando esse ritmo.

Algum dos brasileiros que já estavam na liga te deu algum conselho especial?
Tenho encontrado com todos os brasileiros, mas é sempre algo muito rápido, muitas vezes na hora do jogo. São raras as oportunidades que temos de conversar por algum tempo, saímos para jantar na véspera ou depois da partida quando temos tempo, mas é sempre tudo muito corrido.

Como é a relação com o técnico Quin Snyder?
Muito boa. Desde que eu cheguei, ele sempre me passou muita confiança. Conversamos muito, ele está sempre muito preocupado com tudo o que acontece comigo, em estar por perto, e isso vem me ajudando bastante. Sou novato, cheguei aqui há poucos meses, mas minha adaptação foi ótima e está sendo ótima também por causa disso.

Todo o elenco é novo para você, mas já existem alguns jogadores que são
mais próximos?
A base da equipe é bem jovem e isso ajuda por um certo lado, já que pensamos parecido em muitas coisas e temos os mesmos gostos para outras. Sou muito amigo do Rudy Gobert, pivô francês do meu time, estamos sempre juntos, nos damos muito bem.

E na rua, o assédio é bem diferente do Brasil?
É diferente. Aqui a equipe é abraçada pelos fãs, pela cidade, é algo bem diferente e especial. O Brasil é o país do futebol, o carinho é o mesmo e sinto isso quando estou com a Seleção Brasileira, mas a intensidade é um pouco diferente. Aqui o Utah Jazz é uma espécie de ‘seleção’ do estado, todos se sentem e são donos da equipe, isso é bacana, o comprometimento que o público tem com o time é algo muito legal.

Qual foi a partida mais especial até o momento?
Acho que algumas foram especiais, cada uma por um motivo. O primeiro jogo, a partida da primeira cesta, o jogo contra os Lakers, por causa do Kobe (Bryant), enfrentar os times de brasileiros, jogando contra Nenê, Anderson (Varejão), Tiago (Splitter), contra todos eles, até mesmo os jogos em que eu não fui tão bem ou não consegui ajudar tanto o time foram importantes porque faz parte do meu aprendizado aqui, do meu amadurecimento.

Se arrependeu de algo em algum jogo?
Não. Sempre que eu saio de quadra, saio com a certeza de que deixei o meu melhor, deixei tudo o que podia.

Esperava ser chamado para o jogo dos novatos? Como foi receber a notícia?
Muita gente me falava que eu ia ser chamado, que eu podia ser convidado, mas eu não queria acreditar muito, até para não criar expectativas. Quando recebi a notícia foi maravilhoso, foi uma conquista, algo que vai me marcar para sempre. Desde que cheguei à NBA, muitas coisas boas estão acontecendo comigo, em especial eu estar jogando, ter ganho minutos de quadra, estar conseguindo ajudar a equipe, sempre com a confiança de todos.

Está ansioso por algum evento específico do fim de semana do All Star Game?
Com o jogo dos novatos, claro. Mas é uma ansiedade boa e que só vou pensar nela depois do último jogo do Utah antes da parada para o All-Star.

O Jazz está na briga pelos playoffs. Quais são os adversários diretos na sua visão?
Todos e precisamos pensar assim. Não apenas aqueles que estão próximos da gente na tabela, mas todos são adversários, porque até mesmo um jogo contra uma equipe do Leste impacta na nossa posição e numa classificação ou não para os playoffs.

Time dos Estados Unidos
Jordan Clarkson (LA Lakers)
Rodney Hood (Utah Jazz)
Zach LaVine (Minnesota Timberwolves)
Nerlens Noel (Philadelphia 76ers)
Jahlil Okafor (Philadelphia 76ers)
Jabari Parker (Milwaukee Bucks)
Elfrid Payton (Orlando Magic)
D'Angelo Russell (LA Lakers)
Marcus Smart (Boston Celtics)
Karl-Anthony Towns (Minnesota Timberwolves)

Time Resto do Mundo

Emmanuel Mudiay (Denver Nuggets - Congo)
Raulzinho Neto (Utah Jazz - Brasil)
Kristaps Porzingis (NY Knicks - Letônia)
Dwight Powell (Dallas Mavericks - Canadá)
Andrew Wiggins (Minnesota Timberwolves - Canadá)
Bojan Bogdanovic (Brooklyn Nets - Croácia)
Clint Capela (Houston Rockets - Suíça)
Mario Hezonja (Orlando Magic - Croácia)
Nikola Jokic (Denver Nuggets - Sérvia)
Trey Lyles (Utah Jazz - Canadá)*

* substitui Nikola Mirotic (Chicago Bulls / Montenegro), machucado