Sem ajuda, atletas da marcha atlética treinam ao invés de disputar competição

Se um dia Lucas Gabriel ou Rayanne Oliveira chegarem a representar Pernambuco numa Olimpíada, não faltará quem queira aparecer ao lado deles tecendo loas, enaltecendo a política esportiva do estado. Se um dia isso acontecer, dificilmente essa pessoa vai se lembrar de hoje. O dia em que Lucas, 19 anos, e Rayanne, 18, deveriam estar competindo em Portugal, na seletiva para a Copa do Mundo de macha atlética. Não foram porque tiveram o pedido de passagens aéreas negado pelo Time PE, programa estadual de incentivo ao desporto de base e alto rendimento.

Os dois atletas tiveram o pedido de viagem indeferido pela secretaria-executiva de esportes. Teoricamente, o programa Time PE, criado por meio da Lei Estadual 14.696/2012 e lançado com pompa e circunstância, deveria garantir aos atletas a ajuda financeira para custear a infraestrutura de treinamento e a compra de passagens para a disputa de competições. Na prática, é um pouco diferente.

A ajuda financeira no valor de R$ 1 mil dificilmente é paga em dia. Hoje, inclusive, completa dois meses de atraso. E os 20 atletas que fazem parte do seleto Time PE ficam no prejuízo. Neste caso, o mais prejudicado foi Lucas Gabriel Ferreira da Silva, que está no primeiro ano da categoria sub-23 e tem até o próximo dia 20 para alcançar o índice para a Copa do Mundo, na China, principal disputa da temporada 2014. “A princípio, pensei em solicitar a passagem para a Suíça, onde teve a primeira seletiva para a Copa. Mas ponderei com meu treinador e a etapa de Portugal seria a mais indicada. Fico triste porque foquei meus treinamentos para estar nesta prova. Vou seguir perseguindo o meu sonho. Se o programa (Time PE) apostou em mim é porque tenho valor. Não vou desistir nunca”, desabafou o atleta.

Consolo
Com a impossibilidade de marchar entre os melhores do mundo hoje, Lucas ainda tem a chance de buscar a tão desejada marca. Nos próximos dias 13 e 19 deste mês ocorrem provas de marcha atlética - categoria adulta - em Santa Catarina e São Paulo, respectivamente. Resta saber se a secretaria-executiva de esportes irá deferir o novo pedido do atleta.

Primeira colocada no ranking juvenil, Rayanne lamentou, sobretudo, a não participação do companheiro de equipe. “O que acaba frustrando é que nessas seletivas estão os melhores do mundo. Em Portugal, por exemplo, o vice-campeão olímpico (Erick Barrondo, da Guatemala) vai estar lá. E a gente quer marchar junto desse pessoal. Mas vamos em frente. Só espero que meus colegas que são da categoria menor não fiquem desestimulados”, comentou Rayanne, que está no primeiro ano da categoria juvenil e iniciou na modalidade com 11 anos.