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O sonho e a saudade do pernambucano convocado para a seleção de remo

Erik Matheus sonha conquistar uma medalha no remo paralímpico para homenagear a sua mãe

postado em 20/04/2014 13:32 / atualizado em 20/04/2014 13:54

Maria Eugênia Nunes /Diario de Pernambuco

Roberto Ramos/DP/DA Press
“Assim que eu ganhar, vou dedicar a vitória à minha mãe. Vou enterrar a minha primeira medalha internacional em seu túmulo.” A declaração de Erik Matheus da Silva Lima é forte, impactante. Transborda a saudade de quem tem a mãe, Edjane Maria da Silva, como lembrança imediata após uma vitória, uma conquista. Assim foi com a convocação, no início deste mês, para a Seleção Brasileira paralímpica de Remo. O primeiro ato rumo ao sonho da medalha.

Uma saudade intensa desde novembro de 2014. Semanas antes dos testes para a Seleção na modalidade, Erik, 17 anos, recebeu a notícia do falecimento da sua mãe. A dor foi intensa. O esporte, o conforto. “Eu queria estar o tempo todo aqui (na garagem de remo). Sinto que meus companheiros fazem parte da minha família. Antes eu não tinha amigos. Hoje é diferente. Tenho tudo e quero ser um grande profissional no remo”, afirma.

Erik participou dos testes. No início do mês, recebeu a notícia da convocação, da aprovação. Apresenta-se à Seleção no próximo 26 de abril. Em Florianópolis, vai concentrar junto à comissão técnica e os outros quatro para-remadores que também foram convocados para a categoria LTA (legs, trunk and arms - pernas, tronco e braços). Em março, seguirá para o Rio, para o objetivo maior: a disputa da Regata Internacional de Gavirate, em maio, na Itália.

A participação nessa regata é uma espécie de pré-requisito para Erik defender a Seleção em competições internacionais. Nela, a sua primeira, Erik passará pela classificação funcional. Serão avaliados amplitude de movimento, força muscular e coordenação motora. Com a classificação, ele passa a fazer parte dos atletas brasileiros aptos a defender a Seleção. Partirá, então, para o seu maior desafio: conseguir um lugar no time que vai disputar a Paralimpíada Rio 2016. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 20 atletas já classificados.

Deficiência
A deficiência de Erik é imperceptível. Erik nasceu com um desvio no pé e precisou passar por uma intervenção cirúrgica. Fez um longo tratamento de fisioterapia durante a infância. As sequelas foram uma atrofia na panturrilha da perna esquerda. Bem-humorado e dono de um sorriso largo, o baixinho que é chamado de Jacaré se aproximou do remo a partir de um projeto do clube chamado Vem Navegar, em 2012. Desde então, não quis mais se distanciar das manhãs no Rio Capibaribe.

Nascido em uma família humilde, ele mora com o pai na comunidade de Tabaiares, de onde vem e vai todos os dias em sua bicicleta. Pontual nos quesitos disciplina, foco e versatilidade, o para-remador vem sendo bastante elogiado pelo técnico rubro-negro. “Ele é muito determinado, tem grandes chances de ficar na equipe da seleção para participar da segunda etapa da Copa do Mundo de Remo, que será na França, em junho. É o coringa da vez”, pontua Bruno França.

Equipe

Assim como o pernambucano Erik da Silva, do Sport, mais quatro atletas da categoria LTA seguirão rumo à Itália para confirmarem a classificação funcional.

São eles: Luciano Pires (Botafogo), Norma Moura (Aldo Luz), Ana Paula Souza (Aldo Luz) e Frederich Mallrich (Guanabara).