“Eu tinha que dizer que ia jogar futebol para poder conseguir ir treinar.” O “drible” de Erik Matheus da Silva Lima, 18 anos, era no próprio pai, avesso ao desejo do filho de praticar o remo. Esperava ver o filho ajudando no orçamento familiar em vez de apostar num esporte sem tanta perspectiva. A paixão de Erik, no entanto, foi maior. Contagiou os irmãos. Roberto Paulo Lima e Erivelton da Silva. Aos poucos, os três venceram a resistência do auxiliar de serviços gerais Roberto Paulo Pereira da Silva, 48 anos.
A “proibição” de Roberto Paulo, o pai, era baseada na dificuldade financeira da família. Separado há mais de dez anos de Edjane Maria da Silva, mãe dos três, ele ficou com a guarda dos filhos - a mãe faleceu no ano passado. Pescador, com uma renda baixa para sustentar a família, passou a fazer bicos até encontrar o trabalho em que está atualmente. Ganhava e ganha um salário mínimo. Esperava contar, futuramente, com a ajuda dos filhos no orçamento. Mais do que isso. Via, na dedicação deles ao remo, um esforço em vão. Como aconteceu com ele.
Náutico e Sport disputam a 5ª regata do Campeonato Pernambucano de Remo
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Convencido Nem o pai nem os filhos sabem o momento em que a resistência foi vencida. Simplesmente, um dia deixou de existir. Uma grande contribuição para que isso acontecesse foi a rápida evolução de Erik, que tem uma deficiência na perna. O atleta do Sport está perto de entrar para a seleção paralímpica. Algo que o pai não imaginava no início.
Vendo o caminho como inevitável, Paulo dirigiu à sua indignação ao remo, à falta de investimentos na modalidade, de valorização. Mesmo assim, resolveu acreditar. “Estamos esperando um retorno depois de todo esse esforço dele. Acho que está bem perto de acontecer. Fico feliz por isso. Por ele. Espero que ele jamais se arrependa da escolha que fez”, pontuou Roberto.