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MUNDIAL DE HANDEBOL

Mesmo com o Mundial de Handebol, adeptos do islamismo encontraram tempo para rezar

Complexo Esportivo de Duhail tinha locais para que religiosos ficassem em paz

postado em 31/01/2015 23:00 / atualizado em 31/01/2015 01:50

Ana Paula Santos /Diario de Pernambuco

Ana Paula Santos/DP/D.A Press
Ana Paula Santos

Enviada Especial

 

Doha - Já passava das 15h30, quando o funcionário da segurança Mustafe, de 27 anos, retornava ao seu posto, dentro do Complexo Esportivo de Duhail, um dos locais do 24º Campeonato Mundial de handebol masculino, que chega ao fim neste domingo. Vindo da Somália, o franzino homem havia saído minutos antes da guarita para cumprir um ritual que já dura dois anos (tempo em que chegou a Doha atrás de melhores condições de trabalho). Antes de entrar na mesquita, construída dentro de Duhail, Mustafe tira coturno, lava braços, mãos, pernas e pés. O rosto e cabelo também recebem rápida higienização. Para os praticantes do islamismo, a limpeza do corpo é imprescindível antes de rezar. Mas Mustafe não foi o único a separar um tempo para ajoelhar-se e dedicar alguns minutos ao profeta Maomé. Voluntários e torcedores também reservavam momentos para a oração.


E durante os 20 dias de competição não houve uma única intercorrência de cunho religioso. Por aqui, esporte e religião estiveram juntos e de forma respeitosa. Em muitas vezes, a reza se dava ali mesmo nas Arenas, durante os jogos. Até mesmo quando a seleção da casa estava disputando a vaga na semifinal do Mundial, contra a Alemanha - na noite da última quarta-feira -, muitos torcedores se encaminharam às salas de rezas, localizadas nas proximidades dos banheiros masculinos. E puderam fazer isso nas três Arenas, construídas especialmente para abrigar a competição de handebol.


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Para não interferir no trabalho de voluntária, a sudanesa Malaiz Elhadi Hassan Hamed, de apenas 19 anos, precisou alterar sua programação de visitas às salas de rezas na Arena de Lusail. “Não posso sair e deixar meu posto sozinho. Então, a gente se reveza. Tenho ido às salas umas três vezes, por dia. Passo uns dez minutos em oração”, conta, sorridente. O Superesportes tentou acompanhar Malaiz em uma dessas visitas ao espaço de reza, mas na ocasião da entrevista, ela estava nos dias do ciclo menstrual. E neste período, a mulher não pode rezar. “Tenho que estar limpa para encontrar Deus”, explica a voluntária, que confessou ser apaixonada pelo futebol do Brasil. “Neste campeonato, estou torcendo igual para todos. Estou gostando muito de trabalhar neste evento esportivo. Já havia sido voluntária em outros eventos, mas esportivo esse é o meu primeiro”, avisa Malaiz, que chegou ao Catar ainda pequena, acompanhando o pai, militar.

 

Chamados do alto das torres     
Se Mustafe e Malaiz sabem os horários destinados à reza, pelas ruas de Doha é possível ouvir o chamado que vem das inúmeras mesquitas espalhadas pela cidade. Alto-falantes colocados no alto da torre anunciam que é chegada a hora de parar o que se está fazendo e dobrar os joelhos.
Nos lugares públicos, como shoppings centers, é comum ver placas indicando salas destinadas à oração. É possível perceber torneiras instaladas - uma espécie de pequeno chafariz - antes da entrada na sala propriamente dita (homens e mulheres rezam separadamente, ajoelhados em um imenso tapete felpudo). Difícil precisar o número de mesquitas existentes em Doha, pois a todo momento novas são erguidas. Até mesmo em lugares pouco habitados há um templo para a prática do islamismo.

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A fé em Doha através dos números

 

5
vezes os mulçumanos param, ao dia, para rezar

3
novas Arenas foram construídas para abrigar o Campeonato Mundial de handebol masculino

4
salas de rezas estão espalhas nas Arenas de:

Duhail – tem capacidade para 5.500 mil pessoas
Lusail – comporta 15.300 mil espectadores
Al Sadd – 7.700 mil lugares


2
salas são os para homens

2

para as mulheres

Horários das rezas
5h; 12h; 15h30; 17h e 19h