Vôlei

Inclusão

O empenho de André Nascimento

Surdo, treinador voluntário tem dificuldades para desenvolver atletas

postado em 02/03/2012 08:40

André Antônio do Nascimento, 49 anos, é voluntário há pouco mais de 26 anos, na ASSPE (Associação dos Surdos de Pernambuco). André já passou por várias modalidades, assumindo o comando técnico de algumas equipes de atletas surdos, assim como ele. As duplas pernambucanas de vôlei de praia Carolina Longman/Elizabeth Rosa Borges e Eduarda Buás/Michelle Arraes são as primeiras a receberem os comandos de André e já mostraram os resultados do trabalho, assumindo a primeira e terceira posições na tabela dos circuitos promovidos pela CBDS (Confederação Brasileira de Desportos de Surdos).

Bastante realizado com o desenvolvimento das atletas, André tenta expressar o que sente em relação ao esporte e mostra a importância desta prática. “Além da tática, trabalhamos o lado social, tentamos retirar os jovens do isolamento e proporcionar integração e orgulho de falar nossa língua”. “Em nossos encontros, nos sentimos mais motivados a lutar pelos direitos iguais, promovendo cidadania sempre”, acrescenta.

As atletas sentem o quanto o comandante dá importância aos treinos e isso contribui para que elas sintam a mesma paixão. Eduarda, de 24 anos, esteve um tempo afastada dos esportes, mas voltou. “Tinha parado de jogar um pouco por causa da dificuldade de comunicação com os ouvintes, aqui tive a oportunidade de conhecer novas pessoas que falam minha língua e estou apaixonada pelo trabalho. Sempre pratiquei esportes, gosto muito de vôlei de praia, de ficar junto com a equipe e poder viajar para participar de campeonatos.”

O técnico encontra algumas dificuldades para manter a equipe e poder receber novos atletas, embora esteja de braços abertos para receber mais jogadoras da categoria. Segundo Carolina Longman, é preciso usar a criatividade para arrecadar fundos para as viagens e para pagar as incrições das competições. “Promovemos brincadeiras e jogos para conseguir a verba, sabemos que a Associação de Surdos de Pernambuco (ASSPE) não tem condições de ajudar muito. Por isso temos que criar outras alternativas”, disse Carolina.