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Mosaico vermelho em Pernambuco

Arena Pernambuco fecha o ano com média de 12,4 mil torcedores em jogos operados pelo consórcio

postado em 09/12/2013 09:38

Cassio Zirpoli /Diario de Pernambuco

A gestão público-privada da Arena Pernambuco terá três décadas de duração. Espera-se um faturamento na escala bilionária durante esse tempo todo. Entretanto, em seu ano de lançamento, o lado estatal do contrato deverá suprir nas contas a falta de público nas arquibancadas e camarotes e, consequentemente, arrecadação no estádio. Entre 22 de maio, com o amistoso festivo de inauguração entre alvirrubros e portugueses do Sporting, e 7 de dezembro, na despedida do Náutico na Série A, a arena recebeu 25 jogos de futebol, sendo 22 na operação regular do estádio, à parte do esquema da Fifa na Copa das Confederações, com custo, operação e lucro sob a chancela da própria entidade que comanda o futebol.

Portanto, levando em conta apenas a agenda sob a administração do consórcio, o estádio arrecadou R$ 7,4 milhões com a venda ingressos. Vendo assim até parece muito, mas o número foi baixíssimo. Com cerca de 12,5 mil pessoas por jogo, a frustrante taxa de ocupação sobre os 46.214 lugares não chegou sequer a 27%, num índice abaixo dos jogos nos Aflitos, Ilha do Retiro e Arruda. Preço alto? Distância? Acessibilidade? Os motivos certamente existem - com queixas recorrentes - e deverão ser estudados pelos gestores para a próxima temporada.

Diluindo o borderô de 2013, a renda média não passou de R$ 336 mil. E olhe que em 18 partidas o governo do estado disponibilizou os ingressos promocionais do Todos com a Nota com valores turbinados, sendo 15 mil entradas por R$ 25 – valor acima da quantia oferecida aos estádios na capital. Ou seja, esses jogos com a campanha poderiam ter, apenas com os bilhetes subsidiados, uma renda de R$ 375 mil. Não chegou nem a isso. Com a péssima campanha do Náutico no Brasileirão, os dados baixaram de vez.

Na parceria público-privada sobre o empreendimento em São Lourenço da Mata, vale lembrar, o governo do estado terá que contornar qualquer rombo no faturamento anual caso a receita de entre janeiro e dezembro seja abaixo de 50% da previsão inicial, de R$ 73,2 milhões, segundo aditivo assinado em 21 dezembro de 2010. A altíssima estimativa foi calculada considerando a presença de Santa Cruz e Sport, como o governo garantiu ao parceiro privado – mesmo sem firmar contratos com os clubes. Em 2013 o Tricolor não disputou uma partida sequer na arena, apesar da enorme pressão do poder público - que chegou a retirar os ingressos do TCN na final da Série C, baseado na regra que obriga o trio A atuar na arena. Já o Leão só jogou como mandante em duas oportunidades, justamente para não perder o apoio na carga promocional.

Obviamente, o período de atuação do consórcio neste ano foi curto. Contudo, supondo que a previsão nesta primeira temporada seja a metade, até mesmo porque o início da operação foi no fim de maio, o montante teria de ser R$ 36,6 milhões. Ainda assim, os dados vigentes passam longe. O consórcio também teve outras fontes de receita, como os R$ 10 milhões anuais do contrato de naming rights com a cervejaria Itaipava, o apurado nos bares e no enorme estacionamento, além do aluguel com o primeiro grande evento musical - o Maior Show do Mundo. No entanto, o carro-chefe era – e será nos próximos anos – a comercialização de bilhetes no futebol.